One Team Live
Festival da Budweiser transcende fronteiras do Rap em prol dos profissionais da saúde
Publicado em 04/2020
Fala galera, Chico aqui!
Fui escalado novamente para mergulhar em uma live muito especial que rolou no último domingo com a presença de artistas que me enchem de orgulho em cima dos palcos e na vida em geral. Escrevi o relato abaixo com ajuda da Jeanne. As imagens que ilustram esse zine são captações que fiz do meu celular, assim como os retratos dos artistas feitos e dirigidos pelo Fê , remotamente via FaceTime, cada um de sua casa e os vídeos de captura de tela feitos pela Clarissa, Anne e o Guima. Sem mais delongas vamos nessa.
Domingão!!! Sol no Rio de Janeiro!!! Gelei a cerva, acendi a churrasqueira e peguei uma extensão pra não ficar sem bateria. Foi assim que me preparei para a Bud One Team Live. Com um line-up de peso voltado pro Rap, contando com Drik Barbosa, Rashid, Marcelo D2, Rincon Sapiência, BK, Karol Conka, Emicida e com direito a um Veloz e Furioso internacional direto de Atlanta - Georgia, Ludacris. A live promovida pela Budweiser em prol do Médicos Sem Fronteiras foi um sucesso do início ao fim.
Com Magá Moura, Gustavo Treze, Nizz e Milian Dolla no comando da apresentação e levando um papo com os artistas nos intervalos dos shows. Cada um de suas casas, respeitando a quarentena e o isolamento social.
Quem abriu os trabalhos foi a talentosíssima Drik Barbosa. A rapper trouxe bastante energia e já mostrou que a tarde seria quente. Eu que o diga, sol na cara e barriga no churras. A cantora disse que tem ouvido muitas músicas de artistas próximos dela, como o Rael e o Emicida, além de muito funk, pagodão e rap. Como todos nós brasileiros e brasileiras, não é mesmo? Drik ressaltou que criação é fruto de saúde mental. Por isso não está preocupada ou na pressão de criar e produzir. Além de dançar bastante, tem assistido séries, ficado com sua família. Enfatizou a necessidade de refletirmos sobre a forma que temos vividos para não voltarmos a uma normalidade antiga e antiquada. Falou também sobre a valorização de todos os profissionais da saúde. Desde os auxiliares de serviços gerais e seguranças até as médicas e enfermeiros.
Após o bate-papo com a Drik, foi a vez de Rashid assumir o mic. Com sua companheira nas carrapetas soltando os beats, o rapper entrou feroz. Vestindo literalmente a camisa do seu time, com o nome de todos que trampam com ele, o cantor que é uma fábrica de hits e tem na lista de parcerias Duda Beat, Tássia Reis, Luccas Carlos, Ellen Oléria. No final de cada música, ele lançava som de aplausos. O rapper disse como isso é importante para trazer um calor ou uma tentativa de trazer esse calor que só o palco tem. Mostrou muito carinho e gratidão pelo seu público. E ressaltou a sensibilidade da Bud de ter esse olhar pro rap brasileiro.
No bate-papo com os apresentadores, eles conversaram sobre o cenário para artistas pós pandemia, sobre a possibilidade desse formato (shows em lives) perdurar um tempo. Rashid também falou da vontade de tomar café fora e fazer shows.
Nessa hora eu já tava altinho de felicidade e de cerveja, já que sempre bebo com moderação e me hidrato. <3
Quem assumiu o mic em seguida foi o cara cujo nome é sinônimo subversão de novo abalando geral. Marcelo D2 direto da sua cozinha, homenageando Grandmaster Flash no filme Wild Style, nesse dia foi seu próprio DJ e cantou seus clássicos. A mudança de perspectivas com auxílio das câmeras e dos cortes davam a impressão que D2 estava mais perto de nós. Além disso, conversou um pouco sobre o que acha da nova geração do rap: seu filho Sain, BK e a turma do Catete - que vive um bom momento com ótimas produções. O show do D2 me rendeu inclusive uma mensagem do Fê falando o quanto estava curtindo. Rolou um "C#%@lho que música é essa?". Um momento bem engraçado e que me deu uma sensação de estar ao lado dele no show. Inclusive saudades ir num show com vc, Fê.
Rincon Sapiência, Quando alguém fala que ele não é um MC acima da média, eu falo (Ahn? Ahn? Ahn? Ahn?) Eu não entendo nada, pai. Estiloso, metendo dança, disciplinado e trazendo as novas roupagens das suas músicas da sala de casa o rapper me fez suar. Com certeza as duas coisas mais fodas que ele falou e faço questão de botar no meu texto foram: sobre cuidarmos da nossa saúde no sentido mais amplo, observando do que nos alimentamos - em todos os sentidos, e sobre a relação entre funk e hiphop falando sobre como ambos tem a ver com um estilo de vida do faça você mesmo, com montar um sistema de som na rua, expressar o que você pensa. Falou ainda sobre como o funk influencia seu trabalho: por não ser preso aos padrões, por ter esse espírito, ser um ritmo afro - esses elementos culturais que o inspiram muito. Inclusive vai aqui uma playlist nossa que aborda esses intercambios.
Com a mensagem da Jeanne no zap dizendo: lá vem o BK destruir meu coração, eu soube que o rapper catetence já estava no seu show. Nosso amigo pessoal, Abebe Bikila, entoou seus maiores sucessos no melhor estilo um banquinho e um Djzão. Com canções dos seus álbuns, já clássicos - inclusive o BK foi o new classic do Fê no Lolla (sdds) 2019 - Castelos e Ruínas (2016) e Gigantes (2018), o cantor nos fez cantar junto com ele aos berros: Pretos fazendo dinheiro é tudo que eu vejo - um salve Thelminha Campeã!!! E também cantou o clássico KGL do grupo Nectar Gang e o sucesso do Akira Presidente, no qual faz participação $$$$$$, que fez Je levantar e gritar com um copo de água na mão, dando um susto na Bia que mora com ela.
Em seguida, Mamacita falou e a vagabundagem sentou pra ver seu show. Tombando geral direto do seu estúdio, acompanhada do DJ Hadji, Karol mostrou realmente que é o poder. Linda demais, num look combinado com seu DJ na paleta da anfitriã Bud, cantou seus maiores sucessos e levou os espectadores à loucura. Com muitos comentários por parte das fãs dizendo: Respeita as Mina, Karol reafirmou a importância do lugar da mulher no rap e a necessidade da valorização das mesmas. Sabendo o que quer e já metendo a pressão, a rapper levantou ainda mais a energia da noite. Mostrando que sabe o que faz e que não tem contradição.
De máscara e luvas Emicida e Dj Nyack iniciaram a performance passando álcool gel e nos preparando para o que viria a seguir. Segurando dois microfones e pra que as coisas não saiam do trilho o rapper começou cantando Bang. Emendando com outros clássicos como: Hoje cedo, Zica vai lá e Boa Esperança, além de canções de seu último álbum AmarElo com participações do Pastor Henrique Vieira, Pabllo Vittar e Majur entre outros e outras. O imperativo de dançar e se mexer foi maior do que eu. Quando dei por mim, estava em pé segurando meu celular e cantando. "Quem costuma vir de onde eu sou / Às vezes não tem motivos pra seguir / Então levanta e anda, vai, levanta e anda" e a gente de pé e andando. Trazendo sempre suas críticas cirúrgicas, Emicida falou sobre a importância das pessoas públicas se comportarem como tais e darem o exemplo. Algo que mais a frente no papo o rapper Ludacris endossou em sua conversa com os apresentadores brasileiros e o Emicida. Outra reflexão que trouxe foi a inexistência daquilo que chamamos de normalidade, citando Ailton Krenak, pois chamávamos coisas absurdas de normais.
Fechando a noite, o rapper e ator estadunidense Ludacris entrou junto com Emicida na entrevista com os apresentadores. Foi um momento muito bacana de se ver, pois o rapper brasileiro exaltou muito a importância de Luda pro hiphop mundial. De sua casa em Atlanta (Georgia - EUA), Luda nos apresentou sua família, reforçou a importância do distanciamento social e ressaltou os profissionais da saúde e a importância de seus trabalhos. Cantou seus maiores sucessos num palco montado em seu jardim. Em um determinado momento a festa lá ficou tão empolgada que as filhas do rapper resolveram participar também. De mãos dadas com sua filha, ele cantou, dançou e fechou com chave de ouro esse festival One Team Live. A presença de Ludacris nos lembra como a pauta da saúde é uma questão humana, portanto, internacional. Não devem haver fronteiras quando precisamos lidar com uma questão de saúde pública como a que estamos lidando. Foi muito gratificante ter a experiência de perceber como a música, que nunca gostou de se limitar em fronteiras, pode conectar tanta gente em torno de bem-estar (em casa), permitiu o debate sobre como estamos passando por isso e fomentou a valorização dos profissionais que estão na linha de frente.
Aguardamos por qual será o próximo rolê virtual que daremos por aqui.
Muito obrigado pra quem chegou até aqui. Fé e Paz!!!!