MANO BROWN, SEU LADO ROMÂNTICO E O MAGO DO FUNK
Boogie Naipe, banda de funk e soul de Mano Brown, leva Bootsy Collins ao Rock in Rio
Publicado em 09/2019
Assim que desceu do palco Sunset no Rock in Rio, Mano Brown nos recebeu no camarim para um bate-papo express sobre o momento que tinha acabado de viver. Com Boogie Naipe, sua banda de soul e funk paralela ao Racionais MC's, Brown estava feliz em resgatar suas referências musicais dividindo palco com amigos e lendas vivas como Carlos Dafé, Lino Krizz, Duani e Max de Castro.
Um convidado era especial ali: Bootsy Collins, músico norte-americano que já tocou com James Brown e com a Parliament-Funkadelic. Referência musical mundial e ídolo de Mano Brown. "Eu quis mostrar o que aprendi de melhor. Na hora acho que travei um pouco, tava nervoso", comentou Brown.
"Comecei a sonhar com música a partir do som desse cara. Bootsy Collins é uma lenda não só no aspecto musical, mas como raça, como orgulho e como força em busca do sonho", fala. Para Brown, resgatar o funk e o soul em um festival com público jovem, como o Rock in Rio, "é como um corpo único, em que todos os membros trabalham ao mesmo tempo em harmonia". Ou seja, para ele, não existe faixa de idade definida para se apreciar um bom som, "são pessoas convivendo juntas em um momento único".
Quando se apresenta com a Boogie Naipe, o lado sisudo do rapper sai de cena e dá espaço à sua versão romântica, que canta com leveza e alegria sobre amor. A galera que assistiu ao show acompanhava o sorriso de ponta a ponta no rosto de Mano Brown e são eles -e as fotos- que contam um pouco do como foi o momento.
Jeanne Yepez, produtora do I Hate Flash
"Há 30 anos, Mano Brown tem um trabalho muito consolidado com o Racionais MC's e, mesmo depois de tanto tempo, ele consegue se reinventar. Com o Boogie Naipe, ele faz o caminho de volta para a raíz da música. É muito legal o assistir trabalhando outras temáticas e outras pautas. Mostra que todo mundo tem o direito de falar de outras coisas, que ninguém precisa ser refém de uma narrativa única. Ele tem muitas camadas de profundidade".
Eduardo Brechó, músico da Aláfia
"É muito natural que o Mano Brown esteja nesse palco com o Bootsy Collins. O rapper sempre foi do funk e sempre trouxe muitas referências para nós. Com o Boogie Naipe, ele tenta resgatar essas influências que foram muito importantes pra ele. Hoje, fez questão de mostrar de onde veio a musicalidade do rap nacional. Já o Bootsy sempre foi muito aberto e atento a todas as expressões de música negra que se desenvolveram depois de já ser um artista consagrado. Ele sempre soube disso e quis estar junto".
Tamy Reis, DJ
"Achei incrível essa proposta do Mano Brown ao trazer convidados e resgatar um pouco da história do soul. A banda tava pedrada! E, ainda por cima, trouxe um nome tão importante da história do James Brown".
Coruja BC1, músico
"Pra mim foi muito especial porque venho de uma geração que consome black music, uma parada que vem dos extremos da periferia e é uma tradição de família, passada de geração pra geração. Eu tenho Mano Brown como maior referência de música e como um mentor. Estar nesse show de hoje foi como estar em uma colação de grau, com todos os meus professores reunidos em cima do palco".
Rafael Mike, músico do Dream Team do Passinho
"O Mano Brown que conhecemos é o cara do Racionais MC's, é o cara político, é o cara que enfiou o dedo na ferida por muitos anos e ele simplesmente se reinventou com um sorriso no rosto. Sorrir também é político pra caramba. É isso, ele tá leve e feliz".