Queremos Jungle

Texto por: Pedro Willmersdorf

Preciso confessar: durante o show do Jungle, na noite de quinta-feira (14/5), minha cabeça visitou bastante aquela apresentação desgracenta do Chet Faker, há dois meses, no mesmo espaço. E como fui injusto com o Sacadura 154... Não há nada de errado com a casa localizada na Gamboa. Muito pelo contrário: ao receber a turma moldada em suingue e falsetes do Jungle, se comportou como uma pista de dança pra lá de eficiente. E, em pouco mais de uma hora, os caras desfilaram as 12 pérolas que compõem seu disco de estreia, lançado em 2014.

De Bee Gees ao ABBA, são muitas as referências que valseiam nos nossos tímpanos enquanto o som da banda é executado, carregado, na real, de um soul funkeado com a cara londrina que o grupo tem. Pouco importa, de fato, qual berço você escolhe pra deitar a trajetória recém-nascida do Jungle. A unanimidade fica por conta do balanço que eles provocam, do início ao fim de sua performance. A competência, que vai dos vocais suaves ao instrumental encorpado, consegue uma proeza admirável: manter faixas explicitamente dançantes em peças de destaque em um show. Afinal de contas, quantas passagens de bandas gringas por aqui já nos decepcionaram dessa forma? Miami Horror não me deixa mentir. Particularmente, meu destaque pessoal vai para “Lemonade Lake”, pequena obra-prima modelada em delicadeza e executada com a mesma eloquência com que o álbum exibe. E, claro, fica aqui a menção honrosa ao final arrebatador com os hits “Busy Earnin’” e “Time”,(este, no bis). Um baile na selva pra não deixar dúvidas de que pode haver uma ponte entre a pista e o palco. Basta se pendurar no cipó do Jungle e se aventurar.