Queremos: Alabama Shakes

O tom da noite, extremamente intimista, foi dado logo nos primeiros acordes que ressoaram pela lona do Circo Voador na última terça-feira. Em sua segunda passagem pelo Rio, os americanos do Alabama Shakes entraram em ação logo com a sensual "Future people". A banda de blues rock formada por Brittany Howard, Heath Fogg, Zac Cockrell, Steve Johnson e, em turnê, Ben Tanner fez uma apresentação calorosa e com clima de sala de estar, atmosfera bem diferente da que havia permeado a apresentação do grupo no Lollapalooza Brasil, dois dias antes, em um dos maiores palcos do festival.

A segunda vez do conjunto no Rio (a primeira foi em 2013, na mesma casa de shows) teve um setlist orquestrado com maestria pela líder do grupo. "Dunes", retirada do último disco da banda, "Sound & Color" (2015), não deixou dúvidas sobre o motivo pelo qual a banda levou para casa quatro estatuetas no último Grammy, incluindo categorias como Melhor Performance de Rock e Melhor Álbum Alternativo. A voz potente de Brittany encantou até o mais frio dos espectadores. A entrega total em canções como "Hang loose", "Guess who" e "Miss you" fez, por vezes, a plateia se calar um pouco para apreciar sua desenvoltura e feeling hipnotizantes.

Lá pelo meio do show veio a hora do primeiro sucesso da banda ser executado ao vivo: "Hold on", carro-chefe do álbum de estreia, "Boys & Girls" (2012). O público, já totalmente de joelhos pelos americanos, acompanhou palavra por palavra da letra em coro, deixando a carismática vocalista bastante satisfeita. O ponto mais alto da performance, porém, veio minutos depois, com a trinca composta por "Be mine", com direito à Howard dançando e se remexendo freneticamente; "Don't wanna fight", hit absoluto e ápice do show; e a arrepiante "Gimme all your love", que fez Brittany mostrar todo seu talento como guitarrista. Finalmente, depois do êxtase, fomos agraciados com "Gemini", uma das faixas que mais revelam a sintonia do grupo, sem dúvidas um dos mais interessantes da nova safra do rock.

Como de praxe, o Alabama Shakes saiu do palco ao final das 17 canções e, ao som de muitas palmas e gritos, voltou para o bis. A dobradinha de "Sound & Colour" e "You ain't alone", mostrou que o show se aproximava de seu encerramento, mas que a noite já estava completa. A banda, que de tão confortável pareceu estar numa jam caseira em sua cidade natal, fechou o set com "Over my head", garantindo, assim, muitas outras noites com ingressos esgotados para o Brasil.