Quer ser a nova DJ top do rolê? Essas minas ensinam como
Rainhas das pistas se unem para dar oficinas gratuitas e quebrar o Clube do Bolinha
Publicado em 08/2017
Vocês devem estar acostumados a ver os nomes das DJs Evehive (Evellyn Tavares), R3brkz (Rebeca Dues), Kennya Rosa, Bia Marques, Ingrid Nepomuceno, Glau Tavares e Lara Dantas nos line-ups das muitas festas da cidade. Mas em sala de aula é novidade! Junto do Instituto de Artes e Técnicas em Comunicação (IATEC) e do coletivo BRUK, essas DJs desenvolveram uma oficina voltada somente para mulheres que querem aprender e se profissionalizar nas pistas.
O Rio de Janeiro é conhecido pela amplitude e diversidade de sua cena noturna. Mais do que encontrar os amigos e curtir a festa, aqui o som da noite e quem vai tocá-lo faz a diferença. Não é qualquer um que consegue fazer parte e acompanhar a cena ativamente e o meio ainda é majoritariamente dominado por homens. Ainda.
Pra passar melhor essa visão, trocamos uma ideia com Evehive, uma das idealizadoras do projeto, que terá mais duas aulas até o fim de agosto, todas gratuitas, sempre no IATEC, no centro do Rio (neste link estão todas as informações pra participar).
Chega mais porque, sem dúvida, vai ter muito mais mulher na cena musical, sim!
Como surgiu essa iniciativa de desenvolver a oficina?
A iniciativa surgiu da parceria que a BRUK já tem com o IATEC e reúne DJs e produtores musicais para troca de conhecimento. Como o número de meninas que frequenta essas reuniões é baixo e no mercado também não temos DJs minas na mesma proporção que DJs homens, resolvemos criar um ambiente para ajudar as mulheres que têm interesse, mas não podem pagar e não sabem por onde começar. As idealizadoras somos eu e a Yvie Oliveira (IATEC). Ela projetou e formatou o curso, dispôs o espaço do instituto para que eu tivesse referências didáticas e, junto com as DJs convidadas, separasse os assuntos e práticas abordados. Resumidamente, toda parte de produção e execução foi devido a esse trabalho em dupla.
Como é o formato da oficina?
São três dias de oficina, sempre às quartas-feiras (16, 23 e 30 de agosto), no IATEC, que fica no Centro do Rio. O formato foi uma decisão mútua entre mim e as professoras-DJs convidadas (Bia Marques, Ingrid Nepomuceno, Rebeca Dues e Kennya Rosa) de dividir as oficinas por tipo de equipamento. Além das convidadas, também contamos com o auxílio das DJs Glaucia Tavares e Lara Dantas. Inicialmente, trocamos uma ideia com as meninas para ver o nível de conhecimento delas, partimos para a teoria e, em seguida, o mais importante, a prática. Decidimos explorar primeiramente a controladora, depois o CDJ e por último, o vinil. Pra essa ordem, consideramos o grau de dificuldade de aprendizagem, que vai do mais fácil para o mais difícil.
Como você se sente neste mercado?
Me sinto orgulhosa de não ter desistido, de ter reunido outras DJs minas que, graças à parceria e estrutura do IATEC, podem dividir conhecimento com outras mulheres que também precisam de oportunidade para aprender e motivação para resistir. Eu comecei em 2013, estudando em casa com ajuda de um amigo que já tocava. Ele me passou a teoria e a parte básica de mixagem. Ao decorrer dos meses, fui encontrando minha identidade musical e aperfeiçoando minha prática. Hoje, além do estudo pra aperfeiçoar a técnica no CDJ e vinil, também estudo produção musical e vou lançar minha primeira track solo no próximo EP da BRUK Broken Beats.
Porque oficinas como essa são necessárias?
Para a inclusão e reconhecimento de mulheres DJs na cena. Sabemos que lidar com o ambiente machista é complicado, dificulta o interesse das minas, faz com que elas não se sintam "feitas" para esse tipo de trabalho. Tanto na noite quanto nos cursos de discotecagem, lidamos com ambientes masculinos. Eu fui a única mulher na turma do curso de discotecagem que fiz em 2015 no IATEC, por exemplo, e é muito importante que essa oficina só com mulheres aconteça, para que elas tenham um ambiente menos hostil para aprender. No final de cada aula, também falamos sobre vivência, damos dicas e tiramos dúvidas sobre nosso cotidiano.
Quais as expectativas pra esse movimento?
Temos planos de fazer mais oficinas só com mulheres, explorando também outras profissões da cena, como Produção Musical e Cultural. Mas acho que nossa maior expectativa é que essas mulheres se sintam motivadas a seguir carreira, que tenham ciência de que com dedicação e empatia é possível melhorar a cena - e, consequentemente, o mundo - para todas nós.