#OCUPAMINC
Artistas se unem para protestar contra impeachment
Publicado em 05/2016
Diversos artistas se reuniram no pilotis do Edifício Gustavo Capanema, no Centro do Rio, na última sexta-feira (20), para protestar contra o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República e o fim do Ministério da Cultura (MinC), que, na semana anterior, havia perdido sua autonomia para ser integrado ao Ministério da Educação (MEC). O I Hate Flash acompanhou todo o rolê de pertinho.
Com o temor de que a extinção do ministério pudesse levar a uma perda de revelância da pasta ou à redução de recursos, o movimento Ocupa MinC se espalhou por 23 capitais, onde os ativistas tomaram suas sedes culturais. Um dos coletivos que encabeça o movimento, o Teatro pela Democracia, fez questão de ressaltar, na sexta-feira, que não se tratava de uma luta setorial, apenas da classe artística. “É uma luta democrática”, definiu um dos porta-vozes. Centenas de pessoas, principalmente jovens, se espremeram para ouvir os discursos e os shows que rolaram em apoio ao movimento, que diz não reconhecer o governo do presidente interino Michel Temer, que assumiu após o Senado aceitar o processo de impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff. Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Seu Jorge e Teresa Cristina foram apenas alguns dos ilustres convidados. O coletivo 50Cents, que todas as quinta-feiras promove uma roda de MC's no viaduto novo de Campo Grande e sobre o qual já falamos aqui no zine, também soltou uma rima por lá.
“A democracia custou muito caro para chegarmos a este ponto. O show de Caetano Veloso nesta data é muito importante para que a informação chegue aos diferentes e aos indiferentes”, afirmou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Todos cantaram “Alegria, alegria”, “Força estranha”, “Um índio”, “Tieta” e “Tropicália” a plenos pulmões, como se estivessem em 1968. Liderando o palco, Caetano ainda chamou Erasmo para cantar “Sou uma criança, não entendo nada”, que soou mais atual do que nunca; e Seu Jorge para interpretar “Preciso me encontrar”, de Cartola, e a sua “Zé do Caroço”.
O deputado federal Jean Wyllys ainda destacou que o ato não se restringia à defesa das políticas culturais, mas também ao respeito pela diversidade (seja de gênero, de etnia ou de identidade) que o setor representa. “Do nosso lado nós temos a diversidade cultural. A infinidade de identidades: gays, lésbicas, transexuais, negros, brancos, periferia, funk, hip hop. (...) Enquanto houver saliva, a cidade inteira está armada!”, garantiu Jean Wyllys.
E a pressão das ruas e dos artistas parece ter surtido algum efeito, já que, no dia seguinte, o ministro da Educação, Mendonça Filho, informou que o presidente em exercício Michel Temer decidiu recriar o MinC.