Mulheres que fotografam: Thásya Barbosa
A fotógrafa que desenha a força do corpo com cor e luz
Publicado em 08/2017
Entre desenhar com cores e desenhar com luz, Thásya Barbosa prefere ambas as possibilidades de expressão artística. Além da fotografia, a carioca trabalha com criação gráfica e é apaixonada por registrar o que a rua tem a falar.
Na cidade ou na floresta, em ensaios pessoais ou campanhas, a sensibilidade para captar a força do corpo humano, especialmente o feminino, é o denominador comum do trabalho de Thásya. E é a ele que dedicamos este terceiro Zine da série de fotógrafas que admiramos, que, nas últimas semanas, já mergulhou no talento das nossas minas e de Camila Cornelsen (clica aqui para ver as edições anteriores).
Com vocês, Thásya Barbosa.
Quando você começou a fotografar? O que despertou a vontade de trabalhar com fotografia? Meu primeiro trabalho foi como estagiária em um estúdio de fotografia, diagramava álbuns de casamentos durante a faculdade de Designer Gráfico. Conviver com outros fotógrafos me despertava muito interesse em aprender a fotografar, porém nunca conseguia ter grana para comprar os equipamentos. Até que um dia um fotógrafo me ofereceu em permuta um equipamento antigo e comecei a registrar meus sentimentos através das imagens que captava.
Chegou a trabalhar (ou ainda trabalha) com outra coisa além de fotografia? O quê? Sou diretora de arte, trabalho com criação gráfica, e, em paralelo a isso, faço editoriais como fotógrafa para algumas marcas que me encontraram através do portfólio que começou nas redes sociais.
Fez algum curso ou aprendeu a fotografar sozinha? Fiz um curso básico no Ateliê da Imagem, no Rio de Janeiro, mas, como sou muito curiosa, busquei referências e aprendi mesmo na prática, usando as amigas e família como cobaia.
Qual equipamento você usa? Não tenho muitos equipamentos, somos eu minha D90, uma lente 50mm e agora um tripé, pois estou me jogando no caminho dos vídeos.
O que você mais curte fotografar? Gosto de registrar pessoas, sentimentos, sonhos e a rua. A Rua fala. Gosto de sair com a câmera sem destino registrando tudo.
Tem algum projeto pessoal de fotografia? Qual? Eu encontrei na fotografia a sensibilidade estética que se faz para além de capturar imagens, permitindo contar histórias e prazeres no reconhecimento de si na imagem da outra. Criei o perfil @autorretratotb no Instagram visando retratar a importância do amar-se pelo que se é. Eu cresci gorda em uma sociedade em que ser magra é o padrão. Reencontro nas mulheres que fotografo a minha autoestima através das histórias que cada corpo carrega.
Diz aí quem são as mulheres que influenciam o seu trabalho. As mulheres sempre influenciaram para compor o meu olhar. Não só fotógrafas, mas mulheres de diversas áreas. Minha mãe foi uma das mulheres que me ajudou a dar continuidade ao meu sonho, sempre guerreira e com um coração gigante, não tinha medo de encarar o desafio de criar seus três filhos.
A filósofa e amiga Bia Salomão, que hoje faz a curadoria das minhas imagens, foi uma das primeiras mulheres que me mostrou que a arte pode, sim, educar e mudar as pessoas. A amiga e produtora Géssica Justino foi uma das mulheres que mais registrei e que tive o prazer de construirmos juntas um projeto lindo chamado "Barbeiragem".
A fotógrafa carioca Nana Moraes foi uma das mulheres que mais me inspiraram para compor o meu olhar carregando verdade. Ela fala através das Imagens. E é isso que eu busco em meus trabalhos autorais, gosto de carregar verdade e não só captar um registro.
A norte-americana Cindy Sherman, que ficou conhecida por produzir os seus autorretratos conceituais. Ela levantava diversas questões sobre o papel da mulher na sociedade, e através do trabalho dela me inspirei e comecei a registrar mulheres que me inspiravam no Autorretrato TB. A ideia do projeto seria terminar com uma imagem minha quando estivesse pronta e segura em relação à minha imagem.
Por que é importante termos mais mulheres trabalhando com fotografia no Brasil? Hoje temos o privilégio de ter mulheres ocupando cargos que até então eram inacessíveis. A fotografia começou com homens, mas quem vem ocupando boa parte dessa história hoje são as mulheres. Eu vejo que muitas delas me procuram por se sentirem mais à vontade pelo fato de ter uma mulher registrando. Acredito que temos mais sensibilidade no olhar.