#MariellePresente
O que vimos e gritamos nos atos no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba
Publicado em 03/2018
Um clima de gravidade e pesar lotou as ruas das capitais do Brasil no dia de ontem. O motivo estava estampado nas principais capas de jornais e portais de notícias do Brasil e do mundo: Marielle Franco, 38 anos, mulher negra, socióloga, LGBT, mãe, mestre, cria do Complexo da Maré e quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro foi assassinada friamente na noite de 14 de março, no bairro do Estácio, junto do motorista Anderson Pedro Gomes.
Marielle que fazia parte dos relatores da comissão de monitoramento sobre a intervenção federal no Rio de Janeiro. Marielle que repudiava veementemente tal intervenção. Marielle que denunciou o genocídio da população preta nas mãos da Polícia Militar. Marielle que presidia a Comissão de Defesa da Mulher na Câmara Municipal.
Com palavras de ordem, cartazes e seus corpos, cerca de 50 mil pessoas encheram as ruas do centro do Rio para exigir uma investigação rigorosa sobre este crime bárbaro. Quem matou Marielle e Anderson? Qual é a motivação dessa execução? Quantas mais vão precisar morrer para que esta guerra acabe?
Cinquenta mil vozes entoavam, ainda que com um imenso nó na garganta, e estampavam que luto é verbo e luta é substantivo feminino. Que não toleraremos nenhuma mulher a menos. Que vidas pretas importam e que queremos a juventude negra viva. Que foi e é golpe, e que ditadura nunca mais! Em defesa de uma democracia que dê direito a voz às periferias. Fomos às ruas para afirmar sua vida, porque Marielle não foi uma, é muitas.
Marielle Franco presente! Agora e sempre.
Além do Rio de Janeiro, atos e manifestações se espalharam e se concretizaram pelo Brasil e pelo mundo em menos de 24 horas depois da execução de Marielle. Seu nome e a nossa causa, estiveram nas ruas de Belo Horizonte, Belém, Brasília, Campinas, Curitiba, Campo Grande (MS), Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Jacareí, Juiz de Fora, Manaus, Nova Friburgo, Natal, Piracicaba, Porto Alegre, Petrópolis, Recife, Santos, São Paulo, São Luís, Três Rios (RJ) e Vitória. Nesta sexta-feira (16), Poços de Caldas, Volta Redonda e João Pessoa também serão palco de manifestações. E neste sábado (17), haverá ato em Marília (SP), na Avenida Sampaio Vidal, às 14h.
Para fora do território nacional, a luta, força e memória de Marielle chegaram e chegarão a Buenos Aires, Berlim, Paris, Montreal, Lisboa e Porto, em Portugal. Vale ressaltar que essas foram só as manifestações que chegaram ao nosso conhecimento, pelos seguidores das nossas redes sociais. Assim que soubermos de novos atos, divulgaremos nos stories do nosso Instagram.
Segundo o jornal O Globo, a "Inteligência vê indícios de reação à intervenção na morte de Marielle". Na quinta-feira (15), a procuradora-geral da República Raquel Dodge chegou no Rio para ouvir detalhes do caso. Até agora, descobriu-se que a munição encontrada na cena do crime fazia parte do lote UZZ-18, vendido para a Polícia Federal de Brasília pela empresa CBC em 2006. As balas que mataram Marielle e Anderson são do mesmo lote usado na maior chacina de São Paulo, em agosto de 2015, quando 23 pessoas foram mortas. As polícias Federal e Civil do Rio de Janeiro vão iniciar um trabalho em conjunto para tentar descobrir se a munição foi desviada.