La Paz comemora 4 anos fortalecendo o underground carioca
Irmã mais nova da Fosfobox tem personalidade própria e leva a rua para suas pistas
Publicado em 07/2017
Lembramos como se tivesse sido na semana passada: recebemos o convite para três dias de festa na Lapa, na nova casa que começava a movimentar uma rua tranquila da região com três andares dedicados à noite.
A La Paz começou como irmã mais nova do Fosfobox, mas, aos quatro anos, completados (e comemorados!) nesta semana, já sabe muito bem o que quer, tem amigos fiéis e alavancou a revitalização da rua do Rezende, reunindo uma boa patota de empreendimentos à sua volta, em um trecho do bairro boêmio que era “esquecido” pelo público. De 2013 até aqui, já foram mais de 600 noites, com um total de 3,5 mil horas de festas e mais de 125 mil pessoas circulando por lá.
“A La Paz já nasceu underground, mas, no início, a gente achava que estava criando uma casa com uma sonoridade mais voltada para o eletrônico. Eram desejos, mesmo. Mas o que aconteceu é que ela se construiu, criou persona própria, com a mistura de ritmos e diversidade humana que passaram por aqui nestes quatro anos”, nos contam Cabbet Araújo e Juliano Vianna, “pais” e sócios da boate, que teve seu caráter e personalidade moldados pela vizinhança.
“Estar na Lapa com uma casa underground trouxe o som da rua mesmo. O rap, o funk, o trap… Virou uma referência nesta cena da cultura carioca. As paredes são grafitadas por esta galera. É a casa deles, mesmo. Acho que a gente apostou em uma criação desse filho que desse autonomia pra ele… E muita liberdade”, explicam.
O público se sente tão livre por lá que faz arte, literalmente, nas paredes. Desde a inauguração, o La Paz é bem próximo da cena artística carioca e chegou a ter duas peças em cartaz, cujos cenários ficavam por lá durante as festas. Atualmente, estão nas paredes artes de Fernando De La Rocque, Bendita Gambiarra, Omar Salomão, Pedro Rocha, Elis Lazaroni, Eco, Adriano Melhem, Tantão Matos e vários outros.
“A gente sempre quis fazer da casa um lugar aberto para artistas e produtores. E juntar arte e noite traz sempre uma energia boa para tudo. Alguns artistas perceberam que o La Paz era realmente um lugar aberto para experimentar coisas novas. Não existe seleção. Os artistas são bem-vindos e, na verdade, é só chegar, conversar, apresentar a arte e pronto”, diz a dupla.
Segundo os sócios, por mais que Copacabana, casa do Fosfobox, e a Lapa não estejam tão distantes uma da outra, a localização do La Paz afeta diretamente o público que se joga na pista, que é diferente até em festas itinerantes, que acontecem em vários pontos da cidade.
“O La Paz é da geração Z. A Fosfo é da Y. São filhos de pais múltiplos. E sua posição no centro do Rio traz pra gente a possibilidade de dialogar com um público totalmente diferente do que frequenta o Fosfobox. As festas aqui têm uma pegada mais ligada a esta cena underground da cidade. E mesmo as festas que correm o Rio, quando acontecem no La Paz, trazem um público diferente”, afirmam.
A receita do bolo de aniversário do La Paz é “um underground com qualidade”, misturando “referências com novidades”. Serão três dias de festa, começando nesta sexta-feira (21), com o veterano Mauricio Lopes e live do Uncloak na Saravá. No sábado, a noite começa às 19h, comandada pela galera do Baile do Ademar, com Cachorro Magro e Shawlin e os DJs Dree, Tamy, M$E, Coyote e Jimmy Jay. E, no domingo, a maratona vai ser encerrada pela Black Santa.
Na segunda-feira, quando o último convidado for embora e não restar mais nem um brigadeiro, a missão para o próximo ano começa: “Resistir na cena underground. Atravessar a crise, reformar a casa, investir em melhorias, realizar mais festas, mais intervenções artísticas e abrir cada vez mais espaço para novos artistas e produtores”. Que assim seja.