Jazz Out Festival em noite de estreia
Primeira edição do evento mostra que a cena carioca é jovem e plural
Publicado em 04/2018
É só ouvir os primeiros acordes de um saxofone suingado que a meia-luz, o piano bar, os copos de uísque e gente falando baixinho vêm à cabeça - tipo o personagem do Tony Ramos naquela novela do Manoel Carlos. Apesar de ter nascido na cultura popular de Nova Orleans, o jazz ganhou imaginário e atmosfera refinados, pomposos e, consequentemente, caros. Será mesmo?
Nesse fim de semana, o Jazz Out Festival dominou a Fundição Progresso para mostrar justamente o contrário: o jazz é jovem, acessível, popular e pode até chegar à pista de dança. Com entrada antecipada gratuita, a noite reuniu cantores, bandas e DJs de jazz, hip hop e soul para dar uma amostra da atual cena carioca.
“Nosso intuito sempre foi democratizar o acesso a este tipo de música. Desmistificar a ideia de que jazz é algo exclusivo e de difícil acesso. Um festival de jazz urbano, que por si só já é bem vanguardista, também tinha que ser acessível. Precisamos desobstruir essa parede invisível que faz com que as pessoas achem que o jazz inacessível”, comenta o pianista e produtor cultural Jonathan Ferr, que divide com Tânia Artur os papéis de idealizadores e curadores do projeto.
Antes de virar festival, o Jazz Out promoveu eventos charmosos no lobby bar do hotel Vila Galé, na Lapa. A cada semana, a dupla convidava ao palco jovens artistas que injetam frescor e borogodó ao estilo, mas sem aquela meia-luz e afetação do Tony Ramos.
A dupla ainda aproveitou a noite na Fundição para fazer a terceira edição Dilla Day, que também rola no Hotel e reúne músicos do eixo Rio-SP em um show em homenagem ao rapper, DJ e produtor musical James Dewitt Yancey - ou só J. DIlla.
Com o roteiro montado, foi fácil escolher os atores. “Nossa sacada foi chamar DJs que tivessem essa pegada mais conceitual e urbana e também uma banda que conversasse e dialogasse com esses elementos. Assim, chamamos para discotecar o produtor Lossio (da BRUK) e os DJs Julio Rodrigues, Tamy e Pedro Bonn, todos da AUR. Eu me apresentei com meu projeto tributo ao J. Dilla, e o Joel Ferreira com o show ‘Orbital’. Também tivemos participações de Donatinho, Carlos Malta, Malía, Fabriccio e Chico Tadeu. O mix foi incrível”, conta Ferr.
Além do que rolou no palco, um dos pontos altos da noite pro produtor rolou nos bastidores: o abraço entre ele e Tânia, ambos emocionados em ver o sonho que estava se realizando. “Queríamos engajar o público jovem no ambiente do jazz, para uma compreensão sensorial, mostrando que o jazz está ao alcance de todos. Sem dúvidas a missão foi cumprida, superou nossas expectativas”, comemora. Então tá combinado, a gente se vê na pista em 2019.