I Hate Flash x Instituto Ademafia
Uma Flashclass para chamar de nossa
Publicado em 02/2023
Por aqui a gente acredita demais na ideia de que conhecimento só vale se for compartilhado. Foi dessa vontade de compartilhar um pouco do que a gente já viveu por aí que nasceram nossas Flashclasses, pequenos cursos promovidos para trocar conhecimento sobre audiovisual, criatividade y otras cositas más.
Como já faz tempo que a gente cola com o Instituto Ademafia, era desejo antigo promover uma troca de ensino entre a gente de forma mais prática. O empurrãozinho para a criação do projeto surgiu a partir da participação do Luquinhas, um dos idealizadores do Ademafia, no programa Chá Comigo onde ele falou sobre um pouco sobre os projetos com jovens e crianças do Instituto. Foi aí que a gente resolveu criar uma Flashclass direcionada para o Instituto.
A ideia era realizar uma oficina de formação em fotografia e vídeo que pudesse ajudar a expandir os olhares das crianças e adolescentes para encarar a criação de mídia a partir de uma direção e olhar crítico através da orientação de profissionais da área.
Os facilitadores convidados para liderar essa empreitada foram os nossos Samuca, com foco especial em vídeo, e Bléia, a rainha da fotografia (e dos nossos corações). O skate serviu como referência imagética para as aulas por já ser um lugar de conhecimento e interesse das crianças, era um nicho conhecido delas. Além disso, o Instituto Ademafia é um projeto social que é atravessado pelo skate o tempo todo, com aulas e atividade diversas de cultura de skate. Mas a verdade é que lá nem todos estavam interessados no skate especificamente, alguns estavam ali como um caminho para poderem se ocupar, evitar ir para um caminho que não é legal. O Ademafia é um ponto de partida sociocultural e a produção de imagem na fotografia e no audiovisual foi o nosso ponto de partida para esse projeto conjunto.
Quinze jovens e crianças de 9 a 17 anos participaram dos encontros, e o tempo todo o nosso desejo foi trazer exemplos que tivessem conectados com formas criativas que eles conseguissem se identificar, assimilar e, a partir daí, expandir a visão sobre as possibilidades na criação audiovisual.
Todas as aulas foram pensadas para serem feitas com o auxílio de um celular, que hoje em dia é uma das ferramentas de construção audiovisual de mais fácil acesso e domínio. Foi aí que a A-lab, nossa parceria de outros festivais, entrou nessa com a gente, e disponibilizando os celulares e materiais para que os jovens pudessem participar das aulas de forma prática, e pudessem seguir praticando com os aparelhos que foram doados para eles.
Como rolaram as aulas
A oficina foi formatada em 4 encontros, que incluíam um pouco de teoria básica, noções de iluminação, além de uns papos sobre câmeras e ferramentas. Depois partimos para a prática, ali na quadra que eles andam de skate e jogam bola mesmo. No ambiente da quadra, com aulas de skate rolando, muitos deles estavam interessados no que estava ali no entorno. Exploraram muito o retrato de pessoas, o ambiente e manobras de skate também.
Com seus celulares/ferramentas na mão, eles puderam praticar e escolher seus próprios objetos de interesse. Conseguimos experimentar e dar liberdade para eles criarem. Cada um colocou seu próprio olhar em suas criações, sempre orientados pela nossa duplinha de Flash Haters. As fotos e takes que foram produzidos viraram um vídeo único, além de um bocado de lambe-lambes que foram impressos e colados ali nas paredes em frente ao Instinto.
Tudo isso tinha o objetivo de incentivá-los a abraçar a estética, independente da ferramenta. Expandir o olhar, e evitar a repetição de Instagram, Tiktoks & etc. Nosso desejo é que eles possam buscar seu próprio estilo usando a base teórica como auxílio. A partir do nosso olhar profissional presenciamos o despertar do olhar único de cada um, permitindo que eles pudessem ter mais ferramentas para contar suas próprias histórias. Alguns não tinham interesse específico no audiovisual, mas curtiram compartilhar suas visões. Outros já saíram aplicando o conhecimento em conteúdos para seus negócios ou despertaram o desejo de se profissionalizar no futuro. São jovens que são atravessados e engajados no audiovisual faz tempo, e foi muito especial poder estar ali ajudando a criar e descobrir coisas novas.
Como esse tipo de iniciativa pode ser útil, especialmente para jovens de periferia
Ter acesso a esse conhecimento e ferramentas é transformador. A partir do momento, o jovem consegue se conectar e se sentir parte. Muitos podem se interessar no futuro por trabalhar foto e vídeo, é uma oportunidade, mas o principal objetivo é expandir o olhar de cada um. Ajudar a contar suas próprias histórias, ser uma válvula de escape. Olhar para sua comunidade e ter o audiovisual como ferramenta de expansão.
É daí vem o nosso tesão de realizar esse tipo de projeto. Poder retornar para a sociedade junto a um Instituto Social que está ajudando diversos jovens periféricos a encontrarem seus lugares e seus olhares. A gente sabe que nosso mercado é sucateado e, se a gente não se ajuda, a classe como um todo não vai para a frente. Queremos ver esses jovens no mercado, trabalhando lado a lado com a gente daqui a um tempo. Ou pelo menos mostrando seu olhar único por aí, da forma que for.
O que fica dessa experiência
Poder dividir com eles o que a gente ama e vive no dia a dia foi especial demais. É incrível a abertura deles para se interessarem e interagirem. A recepção que tivemos foi como um abraço, carinhosa e acolhedora. Já nos esbarramos outras vezes. Nos encontramos nos rolês da XV e em eventos da comunidade. E queremos seguir de perto, acompanhando, vibrando e, claro, trampando juntos por aí.
Próximas Flash Classes
Atualmente entramos em contato com outras ONGs e institutos sociais para fazer mais aulas acontecerem! Nossa meta é expandir as Flash Classes para a região da Zona Oeste. Para isso estamos buscando parcerias com empresas interessadas em promover integração social, arte e cultura. Depois dessa experiência incrível com o Instituto Ademáfia, chegou a hora de multiplicar ainda mais os olhares e a potência dos jovens que vivem nas comunidades no nosso Rio de Janeiro.