Humanos do Rock in Rio
Quem são as pessoas que trabalharam por detrás das grades e palcos do festival
Publicado em 09/2017
Foram sete dias de festival numa área de 300 mil m², 700 mil ingressos vendidos, cerca de 98 horas de música e mais de 500 atrações. O Rock in Rio é, de fato, um evento de superlativos. Mas pra tudo sair do jeito que tem que ser, havia mais de 20 mil pessoas trabalhando nos bastidores - só na nossa equipe, eram 45 profissionais.
Pra organizar o trânsito, cuidar da segurança, da limpeza, dos equipamentos e estrutura dos palcos e ainda alimentar uma multidão, tinha uma muita gente maneira na função por trás das grades da Cidade do Rock. E como a gente sabe que vocês adoram conhecer mais dos bastidores e porque os trabalhadores desse festival merecem todas as homenagens possíveis, fomos atrás de mais detalhes de alguns dos departamentos essenciais para o funcionamento do Rock in Rio - numa livre inspiração no incrível Humans of New York. Abram alas para essa galera top!
Limpeza
Neste Rock in Rio, o laranja foi a cor mais quente. A Comlurb coordenou toda a parte de limpeza pública da Cidade do Rock, inclusive com um staff especializado em coleta seletiva. A equipe de garis foi dividida em quatro turnos, cada um com 280 profissionais, fora o time de logística, coordenação e apoio. Eram, mais ou menos, 1200 pessoas por dia! Os garis que se dedicaram exclusivamente ao festival foram realocados temporariamente e nesta semana voltam aos seus postos de trabalho em hospitais e escolas municipais.
Quando perguntamos qual é a melhor parte de trabalhar no Rock in Rio, não teve pra show da Ivete ou do Aerosmith: “A melhor parte é ver a satisfação das pessoas, é ouvir o pessoal elogiando que o banheiro tá limpinho”, disseram as meninas, que só pararam de trabalhar pra passar um batonzinho antes da foto.
Mas o trabalho não acabou quando o Red Hot Chilli Peppers tocou o último acorde. A dona Joyce, essa fofa no canto direito, ainda vai “morar” na Cidade do Rock por um tempo. É porque nessa segunda-feira a Comlurb começou o trabalho de recolhimento dos materiais usados - pra você ter uma ideia, havia 2 mil latas de lixo por lá! Em seguida, começará a fase de desmontagem de toda a estrutura do Rock in Rio, que também será acompanhada pela Comlurb, com uma equipe de 20 pessoas. A previsão é que tudo acabe em 20 dias, mas talvez a maratona se estenda até 31 de outubro. Força, dona Joyce!
Segurança
A empresa espanhola Prosegur estava espalhada por todos os cantos da Cidade do Rock. Sem exagero, t-o-d-o-s o-s c-a-n-t-os. Ao todo, convocaram 1200 profissionais, 50% a mais do que na edição de 2015 do festival, e 25 cachorros das raças pastor alemão, rottweiler e pastor belga Malinois, além de dois drones, que ajudavam no monitoramento aéreo.
Por detrás do Palco Mundo, encontramos o Laerson Jorge Silva, um dos líderes da equipe de 120 (!!!!!!) seguranças do palco. E, olha, a galera trabalhou muito, viu? Trabalhou tanto que a gente nem conseguiu tirar uma foto deles, infelizmente. A maior incumbência dos seguranças do palco é ajudar no atendimento à galera que quer tanto ver o ídolo de perto que chega (muito) cedo, cola na grade, come pouco, abre mão de fazer xixi e aí acaba passando mal.
O Laerson veio de Belo Horizonte com mais 135 pessoas e queria mesmo era ver o show do cantor gospel Lázaro no Palco Mundo. Mas, já que ele não tava no line-up, ficou impressionado com a disposição e poder de levantar o público do Guns N’ Roses.
Atendimento médico
Havia cinco postos médicos espalhados pela Cidade do Rock. O mais movimentado deles ficava logo atrás do Palco Mundo, para onde vão as centenas de pessoas que passam mal por conta das horas a fio em pé, espremidas perto do palco – coisa de fã que faz de tudo pelo ídolo, até arriscar a própria saúde. A equipe médica é coordenada pela rede de hospitais paulista Sancta Maggiore, parceira do festival. Ao todo, são 16 enfermeiros, 20 médicos, 55 técnicos, 15 condutores de ambulância e algumas dezenas de maqueiros.
“Cada posto tem um médico para cada dois leitos. Neste posto, temos oito leitos e quatro médicos. A maior parte dos atendimentos é relacionada ao básico de todo show: pessoas que passal mal na multidão por conta do calor, desidratação e até de emoção por ver o ídolo de perto”, explicou o Dr. Pedro Batista.
Trânsito
Conseguir a proeza de interditar completamente algumas das principais avenidas da Barra da Tijuca por sete dias inteiros sem causar (muitos) transtornos, essa foi apenas uma parte das responsabilidades da Guarda Municipal no festival. Havia 280 guardas municipais no controle do trânsito no entorno do Parque Olímpico, sendo 20 motociclistas, distribuídos em 44 pontos de bloqueio definidos pela CET-Rio. Para auxiliar o trabalho, foram usados 80 rádios de comunicação, 15 reboques, 56 veículos, oito cães e mais de 100 câmeras de vigilância do Centro de Operações da Prefeitura.
Para o ordenamento urbano, foram recrutados 230 guardas municipais, distribuídos pelas ruas, estações de BRT e metrô. Esse grupo foi responsável pelo apoio à população, patrulhamento, fiscalização de vendedores ambulantes e produtos falsificados. Além disso, dezenas de guardas ficaram de plantão na Cidade do Rock para coordenar toda a operação. É gente pra caramba!
Roadies
Já falamos que enlouquecemos nos shows do Palco Sunset, né? Mas já parou pra pensar em quem colocou a guitarra do Alice Cooper lá em cima? Respondemos: é essa galera aí - Marquinhos São João, Marcelo Ricardo, Luciano Gutemberg, Jefferson Jeff, Lom Lapa, Gil Mota, Diego Silva, Edson Cuba, Diego Ventura e André Ventura. “O Sunset virou a nossa casa”, nos disseram os roadies, que cuidam do palco desde 2011.
A equipe de 10 pessoas veio de vários cantos do Rio e do mundo: Nilópolis, Nova Iguaçu, São João de Meriti e Complexo do Alemão, além de Diego e André, que são portugueses de Lisboa, e Edson, um peruano morador da Lapa.
De todo o line-up, os shows de Alice Cooper e Sepultura são preferência quase majoritária, mas há quem tenha gostado mais dos representantes da MPB e black music, como Elba Ramalho e Cee Lo Green.