O violão é o início, o fim e a renovação da música
Segundo fim de semana do festival Super Vioão Mashup reuniu as duplas Qinho + BadSista e Arthur Nogueira + Jonas Sá em uma ode ao instrumento
Publicado em 03/2017
Para abrir o segundo fim de semana do festival Super Violão Mashup, Qinho foi o encarregado de assumir violão e voz para ser produzido ao vivo pela paulistana BadSista. Horas antes do show, a dupla estava em estúdio, gravando o EP do projeto que será lançado em breve (falamos dele aqui, lembra?). Nesse intervalo entre o estúdio e o palco, encontramos a Qinho e BadSista no camarim do Oi Futuro Ipanema para bater aquele papo.
Assim como muitos músicos, o violão foi o primeiro instrumento de Qinho, que começou a tocar com treze anos. Curiosamente, seu tio tocava fagote e, segundo ele, foi contaminado por essa atmosfera musical, junto com seus primos.
Seu primeiro disco, o “Canduras” saiu em 2008 e o mais recente, “Ímpar”, em 2015. Para quem o acompanha, houve uma mudança radical de sonoridade e o Super Violão Mashup acaba sendo uma volta às origens: “O ‘Canduras’ é muito essa onda do violão, que sempre foi minha base para compor. Sempre parto de uma constituição musical do violão. Mas já faz tempo que eu não me apresento tocando assim, está sendo uma redescoberta para mim”.
Já a produtora BadSista, que chegou a esse nome artístico depois de uma briga com o irmão e fez grande sucesso com o single “Na Madruga”, também começou a estudar música com o mesmo instrumento, com apenas nove anos de idade. Segundo ela, foi na época do vestibular que decidiu estudar Produção de Música Eletrônica: "Estava meio perdida. Ia colocar Publicidade, que tem mais possibilidade de você conseguir algum job… Só que eu passei pra Produção e disse: ‘Mãe, eu preciso fazer essa faculdade agora!’ (risos)”.
Tendo grande afinidade com o violão, como produtora procura “destruir tudo e recriar uma nova coisa, tá ligado?”. E se ela tem medo de dar errado? “Ah, não, a gente passou o som e está tudo certo! (risos)”.
A dupla, que não se conhecia, reparou durante as preparações uma grande diferença de influências musicais, BadSista ri: “Cara, a gente é meio diferente, né?”. Mas Qinho fez questão de frisar que isso não é problema, é solução. “Apesar de a gente ter esse background muito diferente, tanto de sonoridade, quanto de vida, ao mesmo tempo, quando a gente se encontrou, foi se encaixando e começou a juntar as peças. É incrível, a música é uma linguagem que realmente está além, mesmo”, afirmou.
A noite de sábado (25) foi estrelada pelo paraense Arthur Nogueira e pelo produtor carioca Jonas Sá. Apesar de nunca terem trabalhado juntos, eles já se conheciam e têm composições suas gravadas por ninguém menos que Gal Costa, no último disco dela, “Estratosférica”.
Nascido em Belém, Arthur conta que, apesar de amar sua cidade e seu estado natal, não se encontrava na cena musical. Gravou seu primeiro disco em 2009, com produção de Felipe Cordeiro. Três anos mais tarde, saiu em busca de sua turma, que, confessa, encontrou, parte no Rio, parte em São Paulo, onde mora já há algum tempo.
Ele assume que não se considera um violonista, mas um cantor e compositor, e que a vontade nasceu por causa dos compositores que se acompanhavam. “O ‘voz e violão’ é uma coisa muito brasileira. Esse violão a serviço da canção foi o que me fez ter vontade de tocar. É um pouco o que eu faço. Eu falei com o Jonas isso, no projeto, o nosso show tem essa coisa mais forte da canção”, pontuou.
Ao seu lado, Jonas Sá foi outro artista que seguiu o rumo de cantar e compor, mas também é um elogiado produtor. Entre seus trabalhos, está a festejada estreia solo “Ava Patrya Yndia Yracema”, da cantora Ava Rocha, e o EP “Mitologia do Kaos”, de Jorge Mautner. Comenta que a música o “sequestrou”, mas que não abraça nenhuma forma de arte como a que vai encarar para o resto da vida. “Meu foco está muito mais em compor e cantar e falar das coisas que eu quero através da minha música, discos, desenvolver e explorar sonoridades, encontros, belezas e estranhezas, do que ser necessariamente um produtor e arranjador. Quando eu produzo o disco de uma outra pessoa, existe a possibilidade de encontrar um contraste poético com esse artista e desenvolver sem que eu seja o centro desse trabalho, embora a produção seja um papel um pouco central”, comentou.
Os dois artistas estão preparando novos discos e, com a participação no festival, Jonas comemora a possibilidade de “deturpação” do principal objeto do cancioneiro brasileiro, o violão.
O próximo fim de semana será o último de Super Violão Mashup, com encontros de Gui Amabis + Marcelo Cabral, na sexta, e Luisão Pereira + Livia Nery, no sábado. Os shows rolam sempre às 21h, no Oi Futuro de Ipanema. Não vai se atrasar, hein? É imperdível!