Digitaldubs arma a festa de 40 anos da Greensleeves Records no Brasil
Baile reunirá comemoração e resistência cultural nesta sexta-feira, no Rio
Publicado em 08/2017
Numa boa festa de aniversário não pode faltar música, gente maneira empolgada e motivos para comemorar. E se a tal festa for a comemoração carioca dos 40 anos do lendário selo inglês Greensleeves Records, não pode faltar Digitaldubs.
A gravadora já fez uma série de eventos ao redor do mundo para comemorar seu aniversário, em cidades como Nova York, Paris e Londres, e, na hora trazer a festa para o Rio, elegeu o Digitaldubs como anfitrião do baile - que rola nesta sexta-feira (18), no Ruínas, na Praça Tiradentes.
“A Greensleeves é um selo icônico, eu tenho muitos vinis deles. Está no imaginário de todo colecionador de reggae. Já fui tocar muitas vezes no Reino Unido, e a cena reggae/dub é muito forte por lá, está entranhada na cultura e na música inglesas. Pra gente é uma honra estar celebrando a história desse selo no Brasil, apresentando pra uma galera que talvez não conhecia o nome, mas com certeza já ouviu as músicas”, conta Marcus Menezes, que é parte do time Digitaldubs.
Para ilustrar melhor o poder da gravadora, vamos apenas dizer que ela tem em seu catálogo nomes como Yellowman, Barrington Levy, Dennis Brown, Shabba Ranks, Sizzla, Vybz Kartel, Shaggy e Sean Paul. Tá bom para você?
Além da festa desta sexta-feira, desse encontro também nasceu a ideia de uma mixtape assinada pelo Digitaldubs, que, é claro, os gringos amaram. “Essa mixtape fluiu rápido. A gravadora lançou muitos clássicos e vários artistas com quem já tínhamos contato, como o Ranking Joe e o Tippa Irie, que gravaram vinhetas. Adicionamos alguns dubplates que já tínhamos no nosso case, e eles amaram. Então, é provável que rolem mais parcerias no futuro”, torce Marcus.
A equipe de soundsystem carioca está há mais de 15 anos celebrando e disseminando a cultura de dub, reggae e dancehall no Brasil e é referência internacional - e foi esse trabalho que fez a Greensleeves Records chegar até eles.
“São muitos desafios. Quando a gente começou, estávamos tipo abrindo caminhos na selva com um facão”, brinca. Se há alguns anos eles tinham que entregar flyers das festas explicando o que era dub e dancehall, hoje comemoram a existência de um público cativo, que fez os bailes crescerem e, consequentemente, os equipamentos também.
“Não é fácil achar lugares no Rio como o Ruínas, onde podemos montar nosso paredão de caixas, tocar num volume bom, com o grave do jeito que tem que ser. E não falando só de som, mas também fazer um evento em que consigamos ser fiéis à cultura e mensagem que queremos passar”, pontua.
E cultura é um meio de resistência, especialmente nestes dias esquisitos, com as, digamos, conturbadas administrações municipais, estaduais e federais que temos. E o Digitaldubs sabe muito bem da importância disso. “Cultura é fundamental pra formação da consciência de uma comunidade e do indivíduo. Nosso trabalho é baseado na mensagem, seja nas letras das músicas, seja no papo, na postura ou na vibração que o instrumental de uma faixa passa”, diz Marcos.
“Não me contento em entregar puro entretenimento. Queremos tocar e fazer uma música que mexa com o corpo, a mente e a alma das pessoas. Uma troca de verdade. Neste momento de caos político, esse trampo se faz ainda mais necessário. Não tocamos músicas que que promovam nenhum tipo de violência: machismo, homofobia, classismo... Pode parecer clichê, mas a missão é criar vibrações positivas. O povo vai pro baile e sai descarregado, sai inspirado, cheio de energia pras batalhas do dia-a-dia, criando novas ideias e estratégias”, completa.
Olha, se isso não for motivo mais do que suficiente pra você colar no baile desta sexta-feira, eu nem sei o que pode ser...