Céu chamando Terra
Céu e Hervé Salters apresentam Tropix no Circo Voador
Publicado em 12/2016
No primeiro sábado de dezembro, eu vi o Circo Voador flutuar com a união explosiva de Céu e Hervé Salters. Tropix, último álbum da cantora, foi produzido pelo francês e levou duas estatuetas na cerimônia do Grammy Latino, que rolou agora em novembro. O show de lançamento do disco já havia lotado o Circo na sua estreia, em maio deste ano.
Sophie Hunger abriu a noite com atitude e foi muito bem recebida pelo público. A cantora suíça de pop jazz demonstrou suas habilidades na guitarra, violão e piano. Nos vocais, canções em inglês e francês. Entre um português e outro, conseguia agradecer reciprocamente ao público eufórico daquela noite.
Em seguida, Hervé veio acompanhado da General Elektriks. A banda de funk eletrônico é maravilhosa, os músicos se alternam entre si e cada som é uma nova experiência multi-instrumental. Um dos pontos altos foi a batalha de solos entre o baterista e o beatmaker, que também assume a batera quando o primeiro baterista se debruça sobre um xilofone <3. Enquanto isso, Salters corre seus dedos pelo teclado tão rápido que nossos olhos mal podem acompanhar - o que não o impede de dançar break com os pés e ombros simultaneamente. Elétrico!
Fim do show. Eletriks saem. Roadies entram. Rodies saem. Teclados ficam.
Céu chamando Terra.
Cenário de foguete, sapatos de astronauta, uma Lua na orelha. Tudo prata. Estelar!
A cantora e compositora começa com Perfume do invisível e todos os corações do Circo cantam em coro. "Tudo o que se passa dentro da cabeça". A frequência aumenta e a lona dança quando Céu canta Contravento, do disco Caravana Sereia Bloom, de 2012. Voltando para 2016, em Amor pixelado, Céu parece contar as dores de um amor à distância e as luzes da casa deixam tudo mais dramático.
Tropix é um disco sintético e noturno. Futurista, cíclico, techno. "É um mergulho neste universo de texturas artificiais que atravessa diferentes experimentos sônicos da segunda metade do século passado, como trip hop e o disco. Nele, Céu despede-se por completo daquela estética que funcionou como porto seguro em seus primeiros passos como artista para caminhar pela noite néon, dos beats e timbres eletrônicos antigos, da pista de dança e do pulsar de ciclos repetitivos do harpeggiator." - peguei essa crítica com palavras bonitas do Alexandre Matias para explicar o que ouvimos, mas não sabemos expressar. E foi assim que ela cantou Cangote, na versão Tropix, cheia de vida e psicodelia.
Em Unidas das minhas bics, Céu descreve a sensação de compor uma canção, e nós remexemos ao som do xaxado eletrônico da sua banda. O disco foi todo gravado com uma banda reduzida, um trio formado por Pupillo – o maestro do ritmo da Nação Zumbi –, o seu fiel baixista Lucas Martins e, no lugar da guitarra, os teclados do francês Hervé Salters.
Por fim, voltamos a 2007 com Malemolência e Lenda. O show acaba e, mais uma vez, Céu se despede da Lapa como aquele furacão que passou destruindo corações. E eu continuo com a minha senha na fila para casar com ela.