Café Preto em Tokyo
Das pinturas e workshops até a festa, veja como foi o primeiro takeover do Café na Tokyo
Publicado em 09/2018
Mais do que um estúdio de tatuagem, o Café Preto é uma plataforma artística com objetivo de integrar artistas de diferentes nichos e fomentar a cena independente por onde passa, sempre buscando atingir mais pessoas e novos lugares, despertando e reafirmando que é possível - e necessário - viver de arte.
Como mais um capítulo dessa jornada, em parceria com a Absolut e a Sympla, a crew Café Preto uniu forças ao TOKYO, um prédio de 9 andares no centro de São Paulo que abriu as portas para que fosse feito um dia inteiro de trocas artísticas com público e convidados do Café.
Foram diversas atividades culturais e artísticas como pintura, workshops, cozinha, troca de ideias e a já clássica festa Café Pocket para fechar o dia confraternizando no melhor estilo Café Preto.
Batemos um papo com alguns artistas que participaram dessa programação para saber mais sobre a experiência, histórias de cada um e o que representa esse encontro!
Pintura nas Escadas
Logo quando surgiu a ideia de ocupar o Tokyo, também apareceu o convite para transformar os 9 lances de escada do prédio em uma galeria. Foram convidados 10 artistas que preencheram e deram vida às paredes, valorizando um espaço que deixou de ser apenas transitório entre um andar e outro e se tornou parte do rolê.
Pedro Gomes (PNG) - Rio de Janeiro
Meu primeiro contato com o graffiti foi há 5 anos atrás, no Rio de janeiro, em um evento onde eu chamei novos artistas do rio. Via a galera pintando e sempre tive essa curiosidade de como era pintar. Nesse dia eu peguei uma tela e pintei junto com eles. A galera curtiu meu trampo, falaram que eu tenho potencial e a partir disso comecei a ir pra rua treinar e ir mais a fundo nessa arte. Com o tempo fui aprofundando mais meu estilo, sempre gostei de desenhar mulheres por ser um traço delicado e forte ao mesmo tempo e passarem um olhar de confiança.
O legal é que quando eu entrei na tatuagem o graffiti me influenciou muito. O que eu fazia na tatuagem era o que eu fazia no graffiti e hoje em dia é o contrário. As pinturas que faço são no mesmo estilo das minhas tatuagens. É legal essa troca, conhecer novas técnicas, novos meios de pintar ou qualquer meio de arte que você vá buscando referências e criando seu estilo.
Tá sendo uma grande satisfação estar aqui pois é o primeiro evento desse tipo que estamos fazendo, estamos aprofundando mais em todos os pilares que a gente trabalha no café e uma delas é o graffiti, então é muito bom poder chamar artistas que são grande referência para mim, como o Feto e o Mudo, dois caras que me amarro muito. É ainda mais irado estar no Centro de São Paulo, num prédio tombado onde tem uma circulação grande de pessoas. Tá virando uma galeria na escada onde as pessoas podem subir os andares e conhecer um pouco mais de cada artista. Cada artista convidado tem um estilo diferente, é legal até ir subindo e tentando identificar cada um.
Acho que essa pintura deixa a pessoa mais à vontade no lugar, mais curiosa para subir, descer, dar uma olhada nas artes. É uma oportunidade legal pra gente que tá expondo nosso trabalho e também para quem vai colar e poder admirar nosso trampo.
Ricardo Kalache (Tião) - Rio de Janeiro
Comecei a pintar quando eu tinha em torno de 12 anos. Começou como uma brincadeira de moleque, de pintar na garagem do amigo, depois treinei em casa até fazer amizade com o Tom e o Ted, amigos que faço parte da crew, a SÓ NA CORRERIA (SNC), e foi mais ou menos aí que começamos a levar a sério, quando fui num festival de graffiti em Recife.
Tentei fazer na pintura da escada o que eu sempre faço, uma parada bem intuitiva, adaptando para o espaço.
Se for colocar em termo de exposição mesmo, a rua sempre foi o melhor lugar para colocar seu trabalho, mas como acho que esse prédio tem uma relação com a cena que está desenvolvendo aqui em São Paulo e é bem a nossa cara, tanto de público como de atividades, essa rotatividade de diferentes nichos de público e festas é do caralho, e pra nós grafiteiros é mais uma oportunidade de estar expondo a arte em um lugar com essa circulação. Acho legal trazer o trabalho da rua para espaços que condizem com o que você pensa.
Mudo - São Paulo
Tô fazendo graffiti desde 2009 mais ou menos. Quando comecei, peguei esse personagem do macaco e gosto de transformar ele em diversas piras e situações.
Comecei com os camaradas da escola, amigos que encontrava na rua, colando sticker, depois a fazer graffiti mesmo, comprar tinta e depois nunca mais sai. Fui me acostumando com os materiais, fui aprendendo, conhecendo mais gente, criando mais gosto e tentando achar um estilo próprio. Tem muita coisa que eu gostava antes e não gosto hoje e vice-versa. A gente vai constantemente mudando, né.
Comecei a fazer uns projetos e vi que tava rolando. Também sou formado em design gráfico, trabalho na área e em paralelo tô fazendo minhas pinturas. Não vivo somente do graffiti, mas é algo que me acompanha e eu gosto pra caramba, um dia espero só viver disso.
Hanna Lucatelli - São Paulo
Como eu pinto muitas mulheres, me perguntam o porquê. No passado eu não conseguia responder ainda, hoje eu já consigo. Eu entendi que é porque eu fui criada por mulheres muito fortes, muito bruxas, muito inteiras... mães, profissionais, místicas, curandeiras, em todos os sentidos. E quando eu via a mulher representada fora de casa não era dessa forma, eram sempre mulheres muito frágeis, muito sexualizadas, como uma ferramenta a serviço de um capitalismo, a serviço de um jogo que não era como eu me via ou gostaria de ser representada, era uma mulher claramente representada no desejo dos homens, não como as mulheres se viam ou queriam se ver. A partir daí eu comecei a pintar mulheres como Deusas, pois é como eu as vejo, acho que a mulher tem um poder de conexão com a natureza e com os astros de uma forma que o homem acaba não tendo, por isso que as mulheres eram tidas como bruxas e queimadas na fogueira. Eu pinto mulheres, não de uma forma sexualizada nem frágil porque não é assim que eu me vejo. Eu pinto mulheres fortes e doces ao mesmo tempo, poderosas, místicas, misteriosas, pois é assim que eu vejo as mulheres, com um grande potencial criativo e místico.
Acho interessante que essa pintura esteja dentro de uma balada, onde a maioria das pessoas estão com os sentidos alterados de alguma forma. Acho que a gente subestima o valor que essas substâncias de alteração de consciência tem na sociedade. Elas são parte da nossa sociedade, são muito interessantes para certos pontos e a arte junto com alguma substância que altere o sentido de alguma forma é muito poderosa, estimula muito. Você consegue ver e sentir coisas nesse caminho entre a obra e a pessoa que talvez sóbrio e passando ali você não sentiria, mas talvez com o estado de consciência um pouco alterado aquilo toque você de outra forma, você esteja mais aberto, mais sensível. E que bom que esse estímulo seja uma arte, uma pintura, isso vai ter uma troca muito poderosa com você!
Spyke - Florianópolis
Hoje em dia eu vivo da tatuagem, respiro essa cultura da tatuagem tradicional, mas antes eu sempre gostei de letras, sempre curti tipografia e minha base vem do graffiti. Eu faço desde os 13 anos e sempre respirei isso aí, arte de rua, tag, bomb, pixo. E eu gosto das coisas do modo tradicional. Graffiti eu gosto de fazer letra, na tattoo as paradas mais clássicas e é assim que eu sigo.
Tito Ferrara - São Paulo
Cara, eu sempre desenhei, nunca parei. Era o moleque que fazia o convite da feira de ciências desenhado e foi meio que uma coisa natural assim, nunca tive dúvidas do que eu queria. Me formei em design, que na verdade era o medo de virar mendigo. Era o curso que eu achava que poderia chegar mais próximo ao desenho ou relacionado a isso e no final das contas até que me ajudou bastante na questão de composição de elementos, tipografia, estudei bastante a própria história da arte. O lance de pintar na rua acho que também foi uma coisa natural, ficar o dia inteiro na rua com os moleques andando de skate... e o graffiti era sempre a arte mais próxima que a gente tinha. Então eu caminhar pra pintar na parede foi muito natural, nada planejado.
Hoje em dia o meu trabalho tá muito focado em retrato de pessoas, onde eu tento buscar a história da pessoa, não só da imagem. É uma troca muito grande que a gente tem na hora que eu to conversando com a pessoa, quando estou conhecendo ela, então eu sempre tento transmitir um pouco da história dela.
Buno Brasil (Tudix) - Florianópolis
Contato com a arte eu tive em casa, com meu pai. Depois uma época eu vi uma galera pintando camiseta a mão, ai fiquei doido. Depois disso eu conheci o graffiti, andava de skate com o pessoal, pintava na pista e tal. Vi umas latas acabei comprando, testando no quintal, comecei a pintar e desde então não parei. Depois conheci a galera da tattoo e hoje em dia a gente tá fazendo tudo um pouco junto, vários grupos que estão se unindo aos poucos nesse momento.
Esse evento é mais um projeto que a gente não sabia como ia ser ou como estruturar, mas faz tempo que a gente já queria fazer alguma coisa em São Paulo, um pouco maior que só uma festinha, então a gente queria tentar unir o lance de arte, de comunicação, de aprendizado, de vivência mesmo. E apesar de sermos um estúdio de tatuagem a gente não queria colocar tattoo nesse dia, não porque a gente não gosta, a gente ama tatuagem, mas para podermos proporcionar outras coisas além da tattoo, que a gente já faz todo dia.
Fábio Gomide (SKTLIXO) - São Paulo
Meu primeiro contato com graffiti na verdade foi com pixação, quando eu tinha tipo 14, 13 anos. Ai fiz uns pixo, rodei com a rota e parei um tempo. Comecei a pixar de novo em 2002, 2000... Pixava SKTLIXO nas pistas de skate, era mais o meu intuito e com isso já vi que gostava de desenhar pra caralho, nos cadernos, fazia muito desenho na escola, copiava desenho do meu irmão. Aí em 2007, 2008 eu comecei a pixar legal e a fazer graffiti também. Com isso fui ampliando minha mente, nas ideias e tal, e aí veio essa parte que eu tô agora, é graffiti, desenho, a porra toda. Eu faço uns trash de tattoo também. Meus desenhos são mais voltados nas ideias do que no desenho em si, quero mais conversar com a galera através dos meus desenhos, mas também tenho uma linha mais fina, mais trabalhada, que são os abstratos, agora tô fazendo abstrato com elementos no meio, também faço umas minas. Mas o desenho das minas não é muito meu, eu meio que copio da internet, porque nao sou bom de desenhar, não sei desenhar. Isso pra mim era uma frustração antigamente mas hoje em dia é o meu barato, não saber desenhar.
Brutais - São Paulo
O meu primeiro contato com graffiti, com arte de rua, acredito que tenha sido no colégio, quando eu tinha uns 11, 12 anos. O bairro onde eu morava tinha muito o lance da pixação, era uma coisa muito nova pra mim, eu tinha me mudado há pouco tempo, de São Bernardo pra Santo André, então quando rolou essa mudança tinha muito da pixação. Logo na sequência eu descobri que tinha diferença entre o graffiti. Aí fui conhecendo o graffiti também. Pra mim acho que tudo começou em um evento em 2011, com geral do cenário nacional e internacional. Aquilo ali me balançou e acho que a partir daquele momento eu me encontrei. Falei “não, é isso, é isso que vou seguir fazendo...”. E foi isso, ao longo do tempo também fui juntando um pouco do que eu conheço, da escrita de rua de São Paulo com graffiti, primeiramente o graf americano e depois eu conheci o da Europa. Basicamente fui misturando essa parada e isso aí se tornou a base do meu trabalho.
Eu acredito que esteja em um momento de estar enxergando as coisas com mais nitidez, saber que aquilo ali faz parte de um estilo, de um segmento. Eu acredito que eu vivo nesse momento e continuo a buscar da mesma maneira de sempre, só que antigamente era mais impulsivo, não pensava muito. Agora tenho mais consciência de onde que aquilo pode estar me levanto e tal...
Workshop de Técnicas de Spray com Tião, PNG e Tudix
Tudix: A troca foi muito boa porque tinha gente que já acompanhava nosso trabalho e tinha curiosidade sobre nossos processos de criação, de trabalho, de saber um pouco mais de como a gente vive, então acho super importante estar, além de treinando essa didática, de estar em contato com o pessoal. Ninguém parou ali de paraquedas, já era uma galera que nos conhecia, conhecia o trabalho, sabia das tatuagens, dos murais, do documentário Café Preto Pra Viagem... Passar pra frente esse tipo de conteúdo e aprendizado é enriquecedor. Além de fomentar nossa própria cliente estamos ajudando e colocando pra frente a cena de uma certa forma. Apesar do graffiti ser um pouco egoísta, essa é uma das maneiras legais de colocar alguma coisa pra frente ou ajudar a galera que tem vergonha de pintar, que sempre teve curiosidade mas nunca teve um acesso de uma pessoa que ela admira pra fazer aquilo, então acho que é nessa linha mais ou menos.
Workshop do Papel pra Parede com Hanna Lucatelli
Foi muito bom estar naquela experiência toda, estar dando um workshop enquanto outros aconteciam ao mesmo tempo, com outros assuntos mas também relacionados a arte de rua, com uma galera jovem participando, faminta por técnica, por informação, disposta a ouvir e trocar bastante, a perguntar bastante, que tá ali curiosa sobre como funciona o mercado, como é possível ser artista e viver de arte, como é possível ser mulher e viver de uma arte que tá na rua. Como que é possível levar técnicas de escolas de pintura, de escolas de arte para a rua, para enriquecer esse trabalho. Também me deu muita bagagem para eu fazer novos workshops, para entender quais as maiores dúvidas, as maiores necessidades, o que a galera tem mais interesse em saber, sobre mural, graffiti, sobre ser mulher na arte. Eu acho que pra galera que participa , experiências assim são muito boas porque é uma troca muito direta, mais simples, como uma conversa mais informal. Os questionamentos são respondidos de forma direta e dinâmica, esse formato é ideal pra galera jovem que quer entrar no mercado da arte de rua, da arte contemporânea.
Workshop 365 Nus vs Fotografia autoral com Fernando Schlaepfer
O pessoal do Café Preto me chamou para falar sobre fotografia autoral, e usei o 365nus como base das discussões e exercícios. A gente quis fazer um meio de campo onde eu conseguisse falar sobre a minha onda e incentivar os alunos a exercerem uma parte autoral própria: conversamos um pouco sobre os motivos de eu ter chegado a trampar com nu – tipo o fato da maioria dos meus trabalhos serem clientes de moda e publicidade, onde bem ou mal, existem certas amarras e alguns motivos / objetivos, conscientes ou sub, antes de começar um projeto. Tipo, pra não me preocupar com roupa: não ter roupa, pra não ter que ficar preso a fotografar modelos muito dentro de um padrão: fotografar meus amigos, etc. – um etc que leva umas 3h de papo haha.
Lá no Tokyo exploramos bastante o lugar, foi bem maneiro porque uma parte importante da foto, sem dúvidas, é a locação. O lugar é do caralho, a gente pode dar uma boa explorada por lá, e como tava fechado só pros nossos workshops na primeira parte do dia, rolava de botar gente pelada em todos cantos haha, foi foda.
Bate Papo - Ilustração, Fotografia e o empoderamento feminino no universo artístico
Marcelle Tauchen: Ouvimos e compartilhamos experiências vividas dentro e fora do universo da arte e eu acredito que isso pode ser muito enriquecedor para mudar o mercado para as mulheres de uma forma geral. A troca com o público foi muito intensa, é super importante os espaços para expor e questionar existirem também fora da internet.
Foi um dia rico em vivências e importante para todos, tanto para o público que participou das atividades quanto para os artistas que estavam desenvolvendo algum trabalho lá e compartilhando experiências.
Das várias pessoas que tivemos o prazer de conhecer, bati um papo com a Tami Lemos, artista que conheceu o Café Preto através do documentário Café Preto Pra Viagem e foi lá pra trocar uma ideia com a galera e participar do workshop de técnicas de spray. Conversei com ela para saber mais sobre a sua visão desse encontro e vi como essa iniciativa é valiosa para artistas que estão começando a se descobrir e a trabalhar em seu potencial!
Tami Lemos - São Paulo
Artista e ilustradora que participou do evento e do workshop de técnicas de spray.
Eu fui sem muita expectativa porque eu tô com objetivo de desenvolver as minhas técnicas de spray, então fui achando que ia ser uma aula de técnica mesmo, tutorial e tudo mais, mas acabou que a experiência foi muito maior do que isso porque eu conheci várias pessoas, até de outros estados, que vieram só para esse workshop, então trocar ideia com esses artistas de fora foi muito interessante, pessoal que tá no mesmo nível que eu, começando... E acho que o principal foi conhecer o pessoal do Café Preto já que eu não conhecia direito o trabalho deles.
Eu acredito que o melhor do dia foi trocar informações e experiências com artistas jovens, artistas da nossa idade, que passam pelos mesmos perrengues, alguns já estão super disparados e alguns super no começo. Tava todo mundo junto, no mesmo lugar, trocando experiências, se ajudando e se estimulando. Foi um dia muito inspirador, de arte e técnica. Trocar essa experiência da arte como conceito, como profissão, trocar ideia com tanta gente que tá afim de fazer coisas legais, não só artistas mas todo mundo! Também a roda de conversa com as minas, eu me senti muito mais acolhida de ver tantas mulheres fazendo o que eu faço, etc.
E para fechar a noite, em grande estilo, chegamos ao último andar do Tokyo para a tradicional Café Pocket, festa da label para celebrar musicalmente todos os envolvidos nesse dia especial. Para saber mais um pouco dessa parte conversei com o residente Seven Beats que falou desse rolê em SP!
Seven Beats - Rio de Janeiro
Foi uma experiência incrível sair do Rio e aterrissar em São Paulo como embaixador musical da crew da café preto! Tive uma recepção calorosa em um rolê muito diversificado com muita música boa, muita arte, vários amigos compartilhando energia comigo! Fiquei muito contente com a galera que colou para prestigiar não só o meu som mas de todos os djs!
Créditos:
Vídeos:
Leonardo Guimarães
Fotos:
Gabriel Souza - Pintura nas escadas
Isabel Gandolfo - Workshop de pintura
Fernando Schlaepfer - Workshop de fotografia
Gilberto Dutra - Festa
Pedro Gomes - Festa
Matéria:
Leonardo Guimarães
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