Arrastão no #OcupaMinC
DJ Omulu conta como foi participar da ocupação
Publicado em 07/2016
Corações e corpos aquecidos, em pleno inverno carioca, sob os pilotis carregados de história do Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio. Arte, som, dança, cor, expressão e luta tomaram conta, na última sexta-feira (1), da área externa do prédio que já sediou o Ministério da Cultura na cidade e hoje abriga a Fundação Nacional de Artes (Funarte). Desde maio o local está ocupado pelo movimento #OcupaMinC, formado por coletivos culturais, grupos de teatros, músicos, estudantes e ativistas que são contrários ao governo do presidente interino Michel Temer, que consideram ilegítimo.
Fomos novamente até o espaço para conferir a área que se transformou em um novo polo de cultura alternativa do Rio na noite em que a cantora Ana Kucera, o bloco Vem Cá Minha Flor, diversos artistas do selo Arrastão e o coletivo A Quebrada – composto por moradores do Santa Marta – fizeram as colunas do edifício vibrarem. Foi só bater meia-noite para os DJs Omulu, Sydney, Ruxell e Atman fazerem o III Baile do Capanema ferver, arrastando todo mundo até o chão ao som de um funk nervoso. A baita vibe foi registrada pelo nosso fotógrafo Lucas Sá.
Ainda batemos um papo com o DJ Omulu sobre sua participação no #OcupaMinC.
I Hate Flash: Por que o Arrastão decidiu fazer uma festa na ocupação?
Omulu: Todo mundo do selo conversou e concordou que era importante estarmos aqui hoje. Não aceitamos que a cultura seja colocada em segundo plano conforme vem orquestrando o governo Temer. Além disso, esse movimento está mantendo a cena da cultura acesa e mobilizando a galera para entender o momento que estamos passando.
Como o baile contribui para a conversa?
Vai ter gente que vem aqui hoje para curtir o som e sair entendendo um pouco do que está rolando. Nem todos têm essa consciência. Muitos enxergam a política como um universo à parte. O baile vai contribuir para abrir os olhos de muita gente, trazendo uma nova percepção do momento político e social do Brasil.
De que forma isso se conecta com o teu som?
O meu trabalho sempre foi de tentar juntar várias galeras. Tentar trazer um pouco da cultura de uma realidade para dentro de outras. Da favela para o asfalto e vice-versa. As pessoas acabam impondo barreiras que não precisam existir. Tem tanta coisa bonita, brasileira, sendo produzida nas periferias, e até pouco tempo atrás a galera estava ignorando. Acho que a gente tem que abraçar, entender e transformar isso.
A ideia do selo Arrastão também é fazer essa ponte entre estilos, certo?
A gente dialoga com as comunidades trazendo e disseminando para outros corpos sociais um pouco da nossa visão do som que nasceu nesses lugares. Essa é a troca. Um pouco do que a gente entende da música, com ação e participação. O Arrastão tem artistas no Rio, São Paulo, Espirito Santo, Brasília, de realidades completamente diferentes. O selo nos permite passear por todas elas e promover esse escambo cultural.