A saudade de Mallu
Morando em Lisboa, Mallu Magalhães voltou ao Rio com nova turnê
Publicado em 09/2016
As mesinhas do Vivo Rio estavam todas cheias, e o público um tanto impaciente. Desde a turnê do seu último disco, “Pitanga”, encerrada em 2013, Mallu Magalhães só havia tocado no Rio com a Banda do Mar – projeto musical que tem com os músicos Marcelo Camelo e Fred Ferreira. Ansiosos pelo retorno da cantora como artista solo aos palcos cariocas, os fãs falaram bastante, gritaram coisas a ela, assobiaram e cantaram junto.
A mini turnê, que passou pelo Rio no último dia 2, teve nome de “Saudade”. O cenário era bonito, bastante simbólico, simples: uma cadeira e uma mesinha de madeira, dois violões, uma tacinha de água e São Paulo ao fundo. Era como a sala de casa, era a saudade da cidade natal, que Mallu deixou para morar em Lisboa. Às vezes a voz da plateia era mais alta que a voz suave dela.
O setlist de canções em voz-e-violão começou com a música que dá nome à tour, passeou por sucessos antigos, do comecinho da carreira, como “Tchubaruba”, misturou referências e transbordou de saudade quando passou por composições de Almir Guineto e Vinicius de Moraes. Mallu ainda cantou “Janta”, dueto que faz parte do primeiro disco solo de Camelo, acompanhada por centenas de vozes, e encheu o peito para mandar “Velha e louca”, que marcou o retorno de sua carreira em 2012, chegando, então, a músicas mais recentes, como as da Banda do Mar.
Por amadurecimento ou construção, Mallu traz a cada encontro com a plateia carioca uma nova vertente musical. Já cantou folk, samba, surf music, roquinho, baladas dançantes e, mais recentemente, se uniu à bossa nova. Ela não é mais uma menina. É fofa, mas decidida. É frágil e, ao mesmo tempo, tem coração vulcânico, como ela mesma define. A moça sabe o que faz, e, na sua passagem pelo Rio, escolheu reunir o público para cantar na sua sala de estar, montada no palco.