13 DE MAIO DA RESISTÊNCIA
Da manifestação na Cinelândia até o show do Dead Fish na Lapa
Publicado em 05/2016
Na última sexta-feira (13), a Cinelândia foi tomada por movimentos sociais, estudantis, sindicatos e outras parcelas da população brasileira insatisfeitas com o afastamento da presidente Dilma Rousseff e a instauração de um novo governo, do presidente interino Michel Temer. Aos moldes de como se fazia em 1968, os jovens ocuparam a rua para mostrar seu descontentamento, em especial, com o que consideram uma falta de diversidade e representatividade no novo governo que se formou. Atentos, ouviram os discursos dos parlamentares Jandira Feghali, Marcelo Freixo, Jean Wyllys e Chico Alencar, durante o ato convocado pela Frente Brasil Popular do Rio de Janeiro. Nas palavras de Jean Wyllys, “quando as vozes da divergência são silenciadas, só nos resta a desobediência civil”.
“A tensão era visível, os gritos vinham fortes, mas a muito custo. Estávamos buscando a força para gritar lá no fundo da alma. Estávamos ali, com medo e apreensivos, porque sabíamos que comparecer ao ato não era mais do que nossa obrigação. Estávamos ali, gritando e incentivando uns aos outros, porque sabíamos que se não fizéssemos isso agora, não teríamos mais coragem de fazer. Porque sabíamos que é na hora que mais nos desanimamos que mais precisamos nos mobilizar. Eu fui reunindo toda a coragem que havia em mim e, apesar de não me sentir alegre, eu me senti contemplada. Eu me senti em casa. Eu vi pessoas compartilhando do mesmo mix de sentimentos que eu: desespero, agonia, tristeza, incredulidade e revolta. Muita revolta. E eu vi também a esperança que havia sumido de dentro de mim em cada rosto, em cada grito, em cada canto… A esperança, assim como a luta, é coletiva. E não pode acabar nunca”, definiu a estudante de Cinema Branca Carrerette, emocionada, durante o protesto.
O ato ainda coincidiu com a data do show dos capixabas do Dead Fish no Circo Voador, e muita gente que estava na manifestação da Cinelândia migrou para a lona da Lapa após o protesto. “Quem diria que a geração de vocês teria que lutar, hein! E vão lutar, né? E quem aqui vai se omitir? Quem se omite é criminoso como eles!”, instigou o vocalista Rodrigo Lima, dando um novo fôlego para a multidão.
E se “representatividade” era o tema da noite, a banda de rock estava em sintonia plena com o público. Num dos melhores momentos do show, as minas invadiram o palco para uma performance durante a canção “Mulheres negras”. Muitos fãs da banda, que tem, abertamente, um posicionamento político de esquerda, encontraram nas letras das músicas um eco para suas insatisfações.
“Eu acompanho o Dead Fish há quase 15 anos. De todos os shows que já fui, senti que este foi o mais significativo. Acho que todos nós precisávamos desse combustível para seguir lutando em meio a tantas derrotas”, comentou o produtor Caio Muniz.