Queremos Tame Impala
26/11/14 @ Circo Voador | RJ
Eu não conhecia o Tame Impala. Alguns podem considerar falha de caráter (provavelmente todas as 2 mil pessoas que esgotaram os ingressos do Circo Voador consideram), mas nunca é tarde para se redimir. E essa mea culpa rolou na quarta passada, no segundo show que os caras fizeram aqui no Rio - o primeiro rolou em outubro do ano passado.
Alguns dias antes do show eu pedi indicações dos maiores hits dos australianos cabeludos (aliás, bem gatinhos eles, hein?), para ir sentindo o que me esperava. Mas era impossível esperar aquilo: da devoção dos fãs às projeções que coloriram o Circo, passando pela conexão entre o palco e a plateia, tudo era surrealmente intenso. Em pleno 2014, aqueles caras de jeans e camiseta conseguiram fazer com que todo mundo se sentisse dentro daquele cenário que se imagina quando os anos 70 e sua psicodelia são pauta. E as tais projeções coloridíssimas só contribuíram para envolver todo mundo em numa mesma aura.
A cada música eu ficava mais impressionada e com a boca mais aberta, em choque. De todo o setlist com 16 músicas, os hits "Alter ego", "Half full glass of wine" e "Feels like we only go backwards" merecem menção honrosa não só pela execução, mas também pela recepção da plateia. "10! Nota 10!" (Favor ler com a voz do Jorge Perlingero, aquele cara que faz a apuração das escolas de samba no Carnaval)
Não se deixe enganar pela aparência desleixada, os músicos do Tame Impala são extremamente profissionais, precisos e dedicados e esse excesso de tranquilidade que transmitem nos faz pensar que tudo o que está sendo feito ali é mole, mole, fácil, fácil. Tipo eu e você conseguiríamos fazer igual - só que nunca. Além do som limpo, a voz de Kevin Parker ao vivo é tão perfeitinha e sem falhas que parece um CD.
Letras na ponta da língua: check. Dancinhas que deixavam o corpo ser levado pela música, dando a impressão de grandes ondas de gente (já que todo mundo tava grudadinho pra caber debaixo da lona): check. Energia perfeita no palco: check. Ambientação/ iluminação envolventes: check. E mais todos os outros itens que fazem um show ser redondinho foram lembrados e bem executados. Não à toa, nas últimas músicas, Kevin soltou: "Eu nunca vi nada assim na vida". Nós também não."