Queremos: MØ

Texto: Pedro Willmersdorf.

Uma doce noite para o pop. Assim pode ser definido o show que a dinamarquesa Mø realizou no sábado (30/5), no Sacadura 154, no Rio. Com direito a dress code à la Melanie C e a delicinha de cover que a cantora faz de ‘Say You’ll Be There”. Adicione à receita uma energia contagiante, uma simpatia explícita, o vigor dançante da maioria de suas músicas e pronto: Mø entregou como prato principal uma apresentação digna de boas lembranças para seus jovens fãs, muitos deles amontoados em frente às grades do palco horas e horas antes do início do show. Um resultado, porém, que alcançaria um status ainda mais marcante, caso Mø segurasse tão bem seu setlist nas músicas com menor apelo, assim como faz ao executar os hits. Seu álbum ‘No Mythologies to Follow’, irregular, traz algumas faixas que precisariam de pegada um pouco mais consistente para não destoarem tanto do núcleo duro do CD. Entenda-se como núcleo duro as canções que montam uma espécie de zona de conforto para Mø, como ‘The Sea’, ‘Walk This Way’, ‘Pilgrim’, ‘Don’t Wanna Dance’ e ‘Lean On’.

Neste perímetro, a dinamarquesa perambula sem sobressaltos. Falta, no entanto, pisar forte também nas músicas, digamos, menos carismáticas. Em certos instantes, Mø soava como uma Lana Del Rey com mais rebolado. Mas diante de uma estrada ainda curta, o tal núcleo duro dá conta do recado, com o reforço do brilho pessoal indiscutível da artista. Elemento tão forte que poderia ser ainda mais bem explorado. Deixar Mø acompanhada apenas por um cara, responsável por suas bases e backing tracks (sim, teve playback, ok?), seria mais interessante do ponto de vista conceitual, sendo levado em conta o poder da cantora diante de seus fãs. Ideias, propostas e projeções de uma carreira que ainda se estabelece dentro do mainstream mundial (alô, Diplo) e que reforça a mística sobre a Escandinávia, terra que nos fornece os melhores artistas pop. Desde sempre.