Nunig quer viver o agora: 'O rap é o presente e o futuro'
Duo carioca fala sobre influências e a importância do hip hop em sua formação política e pessoal
Publicado em 07/2017
Se seu melhor amigo te chama pra sair, você vai. Se seu melhor amigo te chama pra comer, você vai. E se seu melhor amigo te chamar pra fazer rap? Você não só vai, como vai com tudo. (Bem) resumidamente, foi mais ou menos essa a história de Vinicius Bastos Ferreira e Leonardo Vinicius Ferreira Campos, que formam o duo Nunig. E, sim, além da amizade de longa data, eles ainda têm nomes muito parecidos - e pais com o mesmo nome, Antonio!
“É realmente engraçado até. É coincidência ou destino? Não sei explicar. Nossa relação é de irmãos, praticamente. Pensamos diferente em vários aspectos, apesar das semelhanças. Acho que somos bastante críticos com nosso trabalho, perfeccionistas. No âmbito pessoal, eu geralmente sou mais explosivo e ansioso e o Vini é mais calmo. Acho que isso faz a harmonia porque equilibra, né?”, conta Leo.
Os dois são praticamente vizinhos desde pequenos, no Catete, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro que fica pertinho do centro da cidade, e ouvir rap estava entre as atividades favoritas há muito tempo. Aos 12 anos, Vini já queria fazer seu som e remixava músicas gringas. Nascidos nos anos 90, tiveram o caráter formado pela leva de rappers que bombava naquela década e no início dos anos 2000: Planet Hemp, Racionais, RZO e Sabotage daqui, 50 Cent, Ja Rule, Andre 3000, Snoop Dogg e Jay-Z lá fora.
“Pra mim, é Deus no céu e Jay-Z na terra. Posso dizer que, sim, o rap atuou de forma política a partir do momento que comecei a ouvir esses caras. Como forma de escola e escolha política, a música te molda. Esses caras revolucionaram. Aqui no Brasil, (o rap) era discriminado e lá fora os caras começaram a aparecer e fazer dinheiro, mostrando que o preto tem que se dar valor e correr atrás do que quer. Isso fez a gente se identificar. Representatividade é isso”, explica Leo.
Apesar dos ídolos e referências de um passado não tão distante, Nunig não escolheria outro momento da história para trabalhar com música. ”Acho que hoje é o momento aqui no Brasil. O rap é o presente e o futuro”, define a dupla.
O primeiro disco, “Bonde do Jaguar”, batizado em uma alusão ao movimento dos panteras negras, foi lançado no final de 2016 (baixa aqui!) e conta com uma lista extensa de participações especiais, que inclui desde Menor do Chapa a Frejat, passando por Marcão Baixada, Junkie Joe e Gang Leen, Jacksom e os “conterrâneos” do Nectar Gang.
“Sempre foi ideia nossa manter um nível alto, fazer o inusitado. Tudo aconteceu de forma muito natural com todos os feats. E Bonde do Jaguar, é isso, um bonde. Só tem amigo”, conta Leo, que confessou ter tremido na base quando ouviu Frejat e Mauro Sta. Cecília dizerem que são fãs deles. É melhor ir se acostumando, porque essa lista de fãs aí só vai aumentar.