O Baile da Praya
Nosso fotógrafo e designer de moda lança sua coleção-cápsula de estreia com a cerveja Praya
Publicado em 08/2017
Por mais que sejamos nascidos e criados aqui nesse Brasil varonil, conhecemos muito bem a estética dos bailes de formatura dos colégios americanos - afinal, fomos educados direitinho pela “Sessão da Tarde” e pela MTV. Quem vai ser o par de quem, aquele arranjo de flores esquisito pra usar no pulso, looks “““de gala”””, rei e rainha do baile etc e tal. O nosso Derek Mangabeira nunca conseguiu dançar coladinho num baile desses, mas, de tão apaixonado por essa atmosfera, a usou de inspiração para criar a Baile na Praia, sua primeira coleção-cápsula em parceria com a Cerveja Praya, que será lançada nesta sexta-feira (01).
Nessas fotos incríveis que o Schlaepfer fez para a campanha, já dá pra sentir a vibe: Derek conseguiu unir os bailes de formatura e a praia em 11 peças, produzidas em escala super-reduzida - serão apenas 66 itens à venda.
“Logo de cara, sabia que queria fazer algo relacionado ao surf e o mar, mas não queria ficar nesse rolê já conhecido e pensei em acrescentar alguma referência mais inesperada. Então, veio a ideia de unir o universo praiano com a estética do baile de formatura - que eu amo, por ser tão peculiar extravagante”, conta o designer.
“A partir daí, foi um processo de equilibrar as referências, fazendo uma colagem de silhuetas e materiais dos dois universos. Por isso, dá pra ver na mesma coleção tanto calças de neoprene, derivadas de Long John, quanto saias rodadas de crepe. A amarração de shorts de surf também foi um recurso usado para dar uniformidade aos looks. As cores saíram da cartela da Praya, para deixar clara a relação com a cerveja”, explica.
Derek é a primeira aposta da rede de criativos que a Praya está reunindo. A ideia é fomentar desde projetos de moda a instalações de artes plásticas e construção de shapes de prancha de surf. Além disso, a Baile na Praia marca a estreia de Derek como designer de moda para o mercado. “Quero, daqui a alguns anos, ter adquirido know how suficiente pra ter capacidade de tocar uma marca própria. Mas esses são planos longínquos. Minha vontade a curto prazo é conseguir equilibrar meu trabalho como designer de moda e diretor de arte com meu trabalho de fotógrafo”, planeja.
É difícil - alguns diriam até impossível, falar de moda sem falar de consumo. Quando a gente passa num shopping, vê incontáveis araras cheias de roupas de todas as cores, tamanhos e modelagens. A sensação é de que as liquidações estão ficando mais frequentes, assim como o calendário de lançamento de novas coleções, que está mais rápido nas marcas tradicionais, mais alinhado com o modelo de fast fashion. Então por que "colocar mais roupa no mundo"?
Derek responde. “É uma afirmação polêmica, mas eu vejo a moda como vejo a arte: uma possibilidade de forma de expressão na qual é possível encontrar rotas de fuga para se tornar um ‘sujeito completo’, que não só deixa guiar pela corrente, mas escolhe de forma deliberada, em alguma medida, seu próprio curso; alguém que não é meramente sujeitado. É claro que é impossível – ou quase impossível – fazer isso de maneira absoluta. O mercado tá sempre aí pra cercear os nossos impulsos criativos com aquele lembrete de que temos que vender. Mas, pelo menos em algum pequeno espaço, podemos, ainda rapidamente, ser mais do que o mundo nos faz querer ser. A roupa pode ser só uma plataforma (tal qual é um quadro, ou uma fotografia, ou uma escultura) que dá forma à vontade expressiva do autor – ou designer, como preferir”, pontua.
“Assim, acho que, quando se faz um projeto mais autoral, preocupado em dar espaço para minorias nem sempre representadas e que não necessariamente se dobra em absoluto às vontades do mercado, é possível dar vazão a essa necessidade criativa que nos torna vivos. Além de ser, ainda, uma forma de comunicar questões importantes para um grupo”, esclare.
Por ora, a nossa questão importante a comunicar é: hoje é aniversário do Derek! Então, nos vemos nesta sexta-feira para comemorar nesse baile praiano.