ABRONCA
Dando o spoiler das minas que estão chegando de assalto
Publicado em 01/2017
Em 2013, conhecemos um trio de adolescentes do Vidigal que tinha muito a falar e energia de sobra para nos fazer dançar, eram as Pearls Negras. "Pensando em Você" virou hit incontestável, as meninas embarcaram para shows em todo o Brasil e na Europa, inclusive em festas do I Hate Flash, antes mesmo de completar a maioridade. Alguns anos, muitos shows e aprendizado depois, Slick, Mari e Jay estão de volta, agora sob a alcunha ABRONCA. "O novo nome tinha que surgir para seguirmos com uma outra cara. Nós sabíamos que estávamos mais maduras e que precisávamos fazer algo diferente agora", conta Slick, de 20 anos, a mais velha do grupo. O show de estreia da nova fase rola neste sábado, no Duplex Club, no Rio de Janeiro, na festa de três anos do Heavy Baile, selo do qual ABRONCA faz parte (clica aqui pra saber todos os detalhes).
As meninas estão produzindo um novo EP, com letras compostas em conjunto, na varanda de Slick. "Colocamos uma base de fundo, escolhemos um tema e criamos juntas. Às vezes cada uma traz sua parte de casa e juntamos nossas ideias e criatividade. As batidas neste momento estão sendo feitas pelo nosso DJ Allan e o Leo Justi e estão bem pesadas", adianta Jay. Lançamos em primeira mão o primeiro single do trio, "Chegando de assalto", na última edição da I Hate Mondays e, olha, está um estouro.
"É bem nítida a nossa mudança, não só no profissional como no pessoal. Além das nossas letras estarem muito mais inteligentes, estamos com mais garra e muito mais preparadas pra conquistar nosso espaço", comenta. Junto dos novos beats chega também a identificação com o feminismo e a valorização cada vez maior do poder da mulher e da cultura da favela. "Somos feministas! Toda vez que vamos numa roda de rima ou subimos no palco para cantar e passar nossa mensagem, estamos defendendo a mulher no rap", pontua Jay, que conheceu as amigas e parceiras musicais no grupo Nós do Morro, que há 30 anos fomenta o teatro e a cultura no Vidigal.
Do encantamento pelo teatro à descoberta da música, a arte mudou a vida do trio, seja como hobby ou profissão. "A arte sempre nos transforma, continuamos com o teatro em nossas vidas. Mas a música é algo inexplicável, acho que desde que nos descobrimos no ramo do rap não pensamos mais em outra coisa. Respiramos o rap, vivemos o rap e queremos levar a música para a vida e nos mantermos com ela", conta. Depois de algumas conversas com a família, as meninas conseguiram romper a barreira da desaprovação inicial da definição de uma carreira artística ainda na adolescência e hoje contam com o apoio total de quem as cerca.
"Sinto que podemos enfrentar qualquer desafio, confiamos no nosso talento, confiamos no nosso trabalho e tenho certeza que vamos decolar com o ABRONCA". Disso nós também temos certeza.