Valorizar nossa cultura é valorizar quem somos
Artistas brasileiros que valorizam a nossa cultura e deixam um marco para o futuro dos nossos próximos
Publicado em 01/2023
A tendência que eu vou trazer no meu texto é: resgatar e valorizar nossa cultura. Esse texto nasceu da vontade de lembrar nossos valores culturais e históricos, pra gente nunca se esquecer de onde veio e tudo o que nos representa.
A palavra cultura vem do latim e pode significar tanto um modo de vida, como uma produção artística. Dá pra imaginar o tanto de culturas diferentes que existem nesses Brasis afora? Valorizar nossa cultura é falar diretamente sobre a nossa história, dos nossos e principalmente a história de quem construiu nossa cultura e nosso país.
Eu sei que é difícil falar de resgate de cultura em meio ao caos político que assola o país, mas esse texto vai para além do resgate da nossa bandeira. Essa bandeira que suas cores representam as riquezas das terras, as matas, o céu, os rios e o desejo pela paz, frutos de um Brasil Colônia que estamos ressignificando.
Quando se fala em resgate e valorização, abrem-se para nós linhas de pensamento e questionamentos de como viemos parar aqui. Como crescemos e aprendemos que o que vem de fora sempre valeu mais, isso gera impacto desde o consumo de arte até nos estudos da população brasileira. Ou seja, vivemos em um país onde fomos culturalmente educados a valorizar tudo que veio de onde nós não somos. Talvez isso explique muita coisa.
Mas afinal, o que é a cultura brasileira?
Cultura brasileira é a fé. Fé na Nossa Senhora e nos Orixás, em Jesus, Maria e José. Cultura brasileira é comer um pãozinho de queijo quentinho com café, mas também um vatapá e um churrasquinho na laje. Cultura brasileira é o baile funk, modão sertanejo, forrozinho, pagode e samba. É protestar contra os absurdos políticos, mas ainda acreditando que sim, um dia vamos viver em um país melhor. Nada é mais cultura brasileira do que ser caloroso e fazer as pessoas se sentirem em casa. Nossa Cultura é aquele trem bão de sentir a energia boa de tomar uma cervejinha no boteco, fofocar na janela e chamar pra um cafezinho.
Cultura brasileira é acordar cedo pra enfrentar todas dificuldades da vida, com um sorriso no rosto e acreditando sempre que as coisas vão melhorar, os sonhos vão se realizar e a gente vai conseguir. Nada é mais brasileiro que ter fé em meio ao caos. Ser brasileiro é sobre as vezes abandonar sua terra natal, onde você cresceu e se formou como ser humano, em busca de um futuro melhor. Nada é mais brasileiro que lutar por um futuro melhor para si e os seus. Ser brasileiro é ser mineiro, carioca, paulista, pernambucano, paraibano, baiano.... e às vezes a gente tem um cadinho de cada um dentro de nós com nossas vivências e histórias ao longo da vida. É sobre sentir orgulho de pertencer a um país tão mais tão rico de pessoas que lutam por ele.
O brasileiro tem cheiro, gosto e cores. Nada é mais brasileiro que somar forças para fazer acontecer.
E como vocês imaginam, eu trouxe alguns artistas que atualmente estão não apenas valorizando nossa cultura, como deixando um marco para o futuro dos nossos próximos.
Se liga só nesses trabalhos!
Nascido e criado no bairro da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro, é um artista urbano autodidata atuante nas ruas desde 1998 e dedica parte do seu tempo em trabalhos ligados à Arte Educacional. Em sua caminhada, atuou como instrutor de graffiti em escolas públicas, projetos sociais e também dentro de instituições de medidas socioeducativas. Atualmente, seu trabalho aborda temas ligados à sua ancestralidade e à sua vivência nos terreiros de religiões de matriz afro- brasileira. Para além das ruas, o artista atualmente pinta telas e objetos de barro que são, geralmente, utilizados nos cultos sagrados de terreiro. Algumas de suas obras atuais podem ser vistas no Museu de Arte do Rio na exposição "Um Defeito de Cor".
Nascido no quilombo Jamary dos Pretos, em Turiaçu/ MA, 1997, Joelington Rios é quilombola e artista visual. Atualmente, ele trabalha e mora entre o seu Quilombo no norte do Maranhão e no norte do Rio de Janeiro, onde desenvolve pesquisas no campo das artes visuais. Rios combina diferentes técnicas e práticas artísticas, misturando fotografia, vídeo arte, performance, arte sonora, escultura e instalações. Sua pesquisa tem como objetivo revelar outras corporalidades, criar significado, ressignificar memórias e elaborar outras formas de existência.
Dona Roxinha (Maria José Lisboa da Cruz)
Dona Roxinha, como é conhecida na região onde mora (Ilha do Ferro - AL), tem esse apelido por ser “bem moreninha, quase roxa”, como gosta de dizer. Nascida no povoado de Lagoa da Pedra, distrito da cidade alagoana de Pão de Açúcar, costuma pintar cenas do cotidiano, tanto as que resgata de sua memória, como as que vê ao seu redor. Roxinha, que nunca foi das rendas e bordados como a grande maioria das senhoras da região, chegou a experimentar uma produção de esculturas, que logo foi substituída pelas pinturas nas paredes de sua casa e mais tarde por suportes muitas vezes precários, como pedaços de madeira usada e chapas de metal. Diz ela que isso começou porque gostava de passear pela cidade com seu marido e à noite, quando voltavam para casa, faziam sua “resenha” regada a desenhos em cadernos e risadas. Esses cadernos infelizmente foram esquecidos “na mata”, quando achou que nunca seria uma artista de verdade... Mas Dona Roxinha surpreende pela perspicácia e energia. Muito atenta a tudo que acontece, faz críticas divertidas sobre a política, a sociedade, as relações amorosas, sempre colocando protagonismo nas mulheres que estão sempre presentes em seus trabalhos.
Nascida em 1995 em São Paulo, onde vive e trabalha atualmente, autodidata, a artista emprega a pintura figurativa, onde o foco central é a imagem da mulher negra. Subjetivamente, retrata figuras femininas parte da busca pela identidade pessoal, a partir do resgate da memória, vivências e cenas cotidianas. Destacam-se, em sua produção, pinturas em larga e pequena escala sobre diferentes suportes e seu interesse contínuo pelo tema da memória.
Aos 21 anos é artista visual, ativista e estudante de Artes Visuais da UERJ. Cria de São João de Meriti, mas atual moradora de Mesquita, duas cidades da Baixada Fluminense - região que possui os maiores índices de criminalidade do Estado do Rio de Janeiro, falta de infraestrutura e de serviços básicos - teve seu primeiro contato com a arte por meio da pixação ilegal, e hoje traz em seus trabalhos traços do lugar que vive, tendo como temas recorrentes em suas obras questões sobre território, gênero e classe social. Morando e cuidando de seu pai com deficiência iniciou sua carreira ainda muito jovem, desde os 14 anos concilia seus estudos, trabalho artístico e as responsabilidades financeiras e domésticas da casa. Ganhadora do Prêmio FOCO na Art Rio em 2022, após ter sido um sucesso na Art Sampa com a exposição “A Mãe ta On”. Priscila já foi bolsista em Pintura na EAV - Parque Lage em 2018, já expôs em espaços como MASP - Museu de Arte de São Paulo, Galeria Rio Scenarium e Galeria C’mon Everybody em Nova York, além de ministrar oficinas de pintura em instituições como Rede NAMI, Defensoria Pública do Rio de Janeiro e escolas da rede pública.
Finalizo meu período por aqui no I Hate Flash afirmando e reafirmando que nada é mais valioso do que um povo que conhece sua história.
Obrigada❤