Segundo dia de PICNIC: um papo com André Eppinghaus sobre transformações
Diretor criativo conta por que o Rio foi escolhido como primeira sede do festival de inovação no Brasil
Publicado em 11/2016
O segundo dia do PICNIC Brasil começou com bastante chuva no Parque Lage, e o colorido ficou por conta dos guarda-chuvas de arco-íris cedidos pela produção do evento. O I Hate Flash conversou rapidinho com André Eppinghaus, sócio fundador do Global Intelligence Group (GIG), diretor criativo do festival e um dos responsáveis por trazê-lo ao Brasil. Em seguida, assistimos à conferência com Claudio Olmedo, ativista do Hardware Live e do Movimento Maker, sobre a “One Dollar Board”.
O bate-papo foi corrido, com tanta demanda que um diretor tem em dia de evento. Confira:
I Hate Flash: Como surgiu a vontade de realizar um PICNIC no Brasil e por que começar pelo Rio?
André Eppinghaus: A vontade existe desde que a gente esteve em Amsterdã, eu e Daniela (Brayner, diretora geral do PICNIC Brasil). Fomos à cidade no mesmo ano e nem sabíamos que o outro estava lá. Voltamos a nos encontrar três anos depois, ela já em contato com a organizadora do evento, e eu com a vontade de trazer isso pra cá. Sobre o Rio: primeiro, porque é a nossa cidade. Segundo, porque a gente entende que é importante esse processo começar no Rio, já que a cidade sofreu uma série de transformações, recebeu Jogos Olímpicos, Copa do Mundo. Fora o fato de que há uma economia criativa muito presente. É uma cidade em que a criatividade e a natureza estão muito expostas. E o que a gente espera é poder reproduzir esse modelo em outras cidades do Brasil. Esse não é um festival do Rio, é do Brasil – tem gente de Manaus, Belo Horizonte, Porto Alegre, Cuiabá, Recife… E a gente quer reproduzir aqui um pouco do impacto que o PICNIC teve em Amsterdã. O festival ajudou a formar ali um novo ecossistema de inovação, a fomentar o começo de startups, a atrair talentos para a cidade. Essa é a nossa inspiração e, eu diria, nossa missão em fazer o PICNIC aqui.
Em poucos dias, a procura por ingressos já era gigantesca. Quando você sentiu que o PICNIC seria um sucesso?
A gente já vinha acompanhando esse cenário de inovação há um tempo. Mesmo antes do evento começar, porque esse processo de trazer o PICNIC tem um ano e meio, mais ou menos. A gente já tinha um trabalho no Facebook, já conversava com as pessoas sobre essa ideia e sentia que tinha realmente muita adesão. Quando a gente lançou o site com a programação, o número de pessoas que acessaram a nossa página já surpreendeu. Foi aí que começamos a perceber que havia um desejo das pessoas de participar desse festival.
Na Europa, o festival revelou para o mundo grandes talentos, como os fundadores do Twitter e do Skype. Já dá para dizer qual é o grande destaque da primeira edição brasileira?
A gente está no segundo dia, né? Então vou falar o que eu vi no primeiro. O Andrés Ochoa foi um cara que me surpreendeu muito com o trabalho dele (biotecnologia, bioinformática, automação e edição de genomas). Falando de nomes consagrados, tem o Harshit Agrawal, e a gente está muito feliz de ele estar aqui, já que ele veio de Pequim e enfrentou 26 horas de avião, e estava amarradão, com muita vontade de vir. A Giane Brocco, que trouxe a biomimética, também deu uma palestra super comentada. E tem os labs, que estou sentindo que, todo mundo que está ministrando, tem uma vibe muito legal.
Na Tenda Futuro, Claudio Olmedo começou apresentando o conceito de “Internet das Coisas” (Internet of Things – IoT), a revolução tecnológica que está conectando dispositivos eletrônicos do dia-a-dia, como eletrodomésticos, equipamentos industriais e meios de transporte, à internet.
O palestrante criou a “One Dollar Board”, uma placa de desenvolvimento do tamanho de um cartão de crédito. Seu nome vem do baixo custo de produção (US$ 1) e é compatível com diversas plataformas. Ele quer usá-la, especialmente, na área da educação.
A Centro Maker, startup comandada por ele, conta com a ajuda de mais de 100 voluntários, e foi selecionada para ser incubada no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI). O projeto apresentado no PICNIC tem, como principal objetivo, a popularização do ensino de programação e robótica, introduzindo para as crianças esse conceito. Ciente do poder revolucionário, ele sonha: “A gente só queria salvar o mundo”.
A meta é ambiciosa, esperando alcançar, em 2030, 1 bilhão de pessoas, e permite a iniciantes o acesso ao incrível mundo de possibilidades da programação, através do hardware livre. Até lá, crianças saberão, segundo ele, “como fazer acender o LED, e, mais pra frente, mexer com uma ponte H. Isso muda o universo delas”.
“Quando a gente dá oportunidade para as pessoas, a gente entende que elas podem fazer diferente, pois são elas que vão mudar o mundo”, finalizou Olmedo.
Como no primeiro dia, tudo acabou em pool party, com as picapes comandadas pelo coletivo Duto, de Madureira.