'Oroboro' Chile: um rolê de bicicleta para conhecer Santiago
Os bastidores e detalhes do segundo filme da trilogia sobre duas rodas
Publicado em 12/2017
Passar dez dias no Chile não é nada mal, mesmo que seja a trabalho. Que o digam Alexandre Marcondes, David Argentino e Suryan Cury, que escolheram a capital Santiago como o segundo cenário da trilogia de curtas “Oroboro”. O primeiro foi filmado em Buenos Aires, na Argentina, como você viu neste zine aqui.
Do trio, o diretor de fotografia David era o único que já conhecia Santiago, então o fator novidade também contribuiu para dar uma nova atmosfera ao filme, já que o protagonista Suryan estaria de fato conhecendo a cidade durante as filmagens, que duraram cinco dias - os outros cinco foram gastos em visitas de locação, pesquisa e também para tomar alguns vinhos nos incríveis parques chilenos.
“Escolhemos locações seguindo os seguintes critérios: lugares de preferência não-turísticos, com boa ou média qualidade de circulação para ciclistas, que, em sua maioria, tenham cara de centrão da cidade e que possibilitassem uma decupagem interessante”, explica David.
A impressão que ficou foi que os chilenos não usam muito a bicicleta pra locomoção no dia-a-dia. São poucas as ciclovias, e os bairros mais centrais da província têm um grande movimento de carros, com ruas sempre lotadas deles. Mas as duas rodas são grandes parceiras da galera para fazer trilhas e também para subir os “cerros” pedalando para depois descê-los curtindo o visual.
“Caminhamos muitos quilômetros por dia, como sempre, e entendemos por onde tínhamos que passar. São tipos diferentes de lugares que ficam muito próximos, os bairros históricos, o centrão, praças, parques. Tentamos conectar alguns ícones que vimos por lá”, explica o diretor Marcondes. “Talvez a principal locação seja o Cerro San Cristóbal. Que, na verdade, é um ponto turístico também, mas, além disso, é um lugar que as pessoas realmente usam para atividades físicas, trilhas e etc. Faz parte da vida das pessoas, não é algo ‘pra gringo ver’”, complementa.
Além da delícia que é conhecer uma nova cidade, este “Oroboro” também foi marcado pela ausência de grandes perrengues - talvez para compensar o drama do anterior, com tempestades fortes no ar, voos desviados, dias de filmagem perdidos e os minutos mais assustadores da vida do David.
“Não teve aquele monte de perrengue, que é o normal. Não dá nem pra entender... hahaha. A cidade é tão incrível que até deu tudo certo no filme. Aproveitamos muito, conhecemos muita coisa, bebemos muito vinho, comemos muito grão-de-bico feito pelo Suryan. E rolaram aquelas coisas normais, né: andar de carro com a mala aberta e o David sentado nela, fazer merda no trânsito, e por aí vai…”, conta Marcondes. Bem, não vamos contestar a avaliação de “normal” da galera, é melhor só parabenizar pelo filme e esperar, ansiosos, pelo próximo.