Nascido e criado na rua: parte 1
Como o hip hop faz a cabeça do Rio fora do eixo Centro-Zona Sul
Publicado em 04/2016
A proposta é simples: na rua, democrático e com o som da batida ligado no máximo. Fora dos holofotes da mídia e dos eventos de grande porte, os movimentos culturais de hip hop encontram nas ruas do Rio sua força. Mais do que apenas reunir a galera em espaços urbanos, a meta dessas reuniões é difundir esse tipo de entretenimento livre e acessível para todos. Os shows gratuitos, as festas e ocupações de locais públicos são cada vez mais frequentes, e o hip hop, protagonista dessas ações, empurra a cultura de rua para frente.
Espalhadas por toda a cidade, rodas e batalhas de rap confirmam a efervescência do movimento. O carioca, cada vez mais consciente, encontra no hip hop o seu espaço. Representando a zona oeste, a Batalha 50 Cents movimenta até dois mil jovens toda semana em Campo Grande. "Trazemos cultura ao bairro: DJs, grafiteiros e danças que muitos jovens não conhecem nem sabem que podem fazer parte dessa cena", comenta um dos produtores da batalha, Cleiton Oliveira. O evento usa o viaduto abandonado como casa e já trouxe artistas como Síntese, Start, Pedro Ratão, MãoLee e Filipe Queiroz. "Tudo é feito com os 50 centavos que arrecadamos de cada frequentador na bilheteria", conta.
Fruto da vontade de promover entretenimento de qualidade em Campo Grande, a Batalha 50 Cents tem um público fiel e atrai até gente de outras cidades. Um dos idealizadores, Paulo Bessy comenta sobre a mudança que o evento provocou na região. "É possível ver no cotidiano, pelas ruas, o quanto o rap está forte e como a galera das redondezas se apropriou do evento. Camisas, muros pixados com nome do evento, grafites nas paredes", exemplifica.
A cada semana, o evento prova que a cultura hip hop está se fortalecendo na cidade e correndo nas veias dos cariocas. "O rap nasceu na rua e vai crescer cada vez mais nela", aposta Paulo. Porém, para o produtor, a saga não para por aí. Ele acredita que o movimento precisa ocupar ainda outros espaços urbanos. "Devemos tomar as ruas com arte", define.