Na estrada com o Motörhead
Gigs na Europa e cruzeiro nas Bahamas
Publicado em 04/2016
Pensa em cair na estrada para fotografar o Motörhead. Só que você está no fim de uma viagem, com grana curta e surge essa trip inesperada para você bancar. “Mas, cara, foda-se! O Lemmy tá mais para lá do que para cá...”. Foi pensando na saúde debilitada do fundador e baixista do power trio que M-Castro, a Mel, nossa colaboradora em Los Angeles, decidiu se jogar e acompanhar o que seriam alguns dos últimos shows dessa lenda inglesa. Entre julho e outubro do ano passado ela fotografou os caras ao vivo. Em dezembro, Lemmy Kilmister morreu em decorrência de um câncer e outras complicações médicas. Descanse em paz, rei!
O convite para as fotos veio de amigos brasileiros que integravam a crew da banda. Em viagem pela Suíça, Áustria e Alemanha, a fotógrafa brasiliense conheceu vilas europeias no meio do nada e ouviu “causos” desses veteranos do rock. Nesse intervalo de tempo, ela se deu conta de que tinha tomado uma das decisões mais bacanas de 2015, afinal, teve o privilégio de tomar vários The Lemmy (o novo nome do velho drink Jack and Coke) com uma de suas bandas “queridas”.
Mel fotografou o Motörhead nos festivais Greenfield, na Suíça, e NovaRock, na Áustria. Em um deles, conheceu um rapaz que, depois de trabalhar como segurança durante a noite, voltou ao show trajando uma peita da banda. Ele presenteou Lemmy com uma relíquia familiar, uma peça da Segunda Guerra Mundial (que certamente entrou para a coleção do frontman) e recebeu no braço um autógrafo que, mais tarde foi transformado em uma tatuagem. A atitude gentil, respeitável e de dedicação para com seus fãs é um consenso entre os que conheceram o músico de perto, como é o caso da Mel. “Lemmy conseguiu fazer seu ofício até o último momento, sem tirar nem por. Por pouco ele não morreu no palco”.
Dois meses depois, ela fez o Motörhead’s Motorboat, um cruzeiro de Miami a Bahamas com grandes nomes do metal fazendo um puta som em alto-mar. Em contraste com os dias ensolarados e aquele mar azul, tinha gente de preto por todos os lados, corpos fechados com tattoos, camisetas de bandas, jaquetas de patches quase como uniformes e aquele climão de festa all day long.
Assim como Lemmy, eternizado por ser uma figura autêntica acima de tudo, Mel procura registrar imagens que traduzam a realidade do que ela vê, de maneira autoral e sem máscaras. “Eu procuro a verdade. O que está acontecendo quando não tem ninguém olhando. Só eu e minha câmera”.