Mulheres que fotografam: Alessandra Lima
Uma fotógrafa de sombra, cor e representatividade
Publicado em 11/2017
Quem nunca teve uma fase de odiar ser fotografado que atire a primeira cybershot. A fase de Alessandra Lima serviu para que ela descobrisse a paixão pela fotografia - afinal, para não aparecer na foto, ela ficava no comando da câmera em todos os rolês.
Dos cliques da galera, o estudo evoluiu com cursos em escolas especializadas em fotografia e mentoria de amigos. Alessandra adora fotografar paisagens e sombras, mas nós somos apaixonados pelo seu trabalho com cores, seja em fotos de moda ou nos ensaios do projeto AFROWAVE, criado para retratar a pele negra e "trazer uma onda de referências e de representatividade negra para o mundo atual".
No Mulheres que Fotografam de hoje, a gente agradece a inspiração diária e conta mais sobre o trabalho dela. Desce aí!
Quando você começou a fotografar? O que despertou a vontade de trabalhar com fotografia? Comecei com 16 anos. Eu era sempre a tímida do rolê, odiava sair em fotos, mas adorava clicar a galera e registrar o momento. Além disso, sempre fui uma pessoa com memória péssima, isso era outra forma de eu eternizar uma história e lembrar de detalhes dela depois, hahahaha.
Chegou a trabalhar (ou ainda trabalha) com outra coisa além de fotografia? O quê? Nunca trabalhei só com fotografia, mas é um sonho ter meu próprio estúdio. No momento, trabalho com o que a faculdade de Publicidade me proporcionou, sou analista de marketing.
Fez algum curso ou aprendeu a fotografar sozinha? Fiz Ateliê da Imagem, Escola da Imagem e, de resto, aprendi praticando na vida ou pedindo ajuda de outrxs amigxs fotógrafxs.
Qual equipamento você usa? D5100. Tenho 5 lentes. Estou pra vender meu equipamento e comprar um novo, o meu atual está muito velhinho.
O que você mais curte fotografar? Paisagens e sombras.
Tem algum projeto pessoal de fotografia? Qual? Tenho, sim! Em 2015, decidi começar a focar em fotografia de pele negra e criei o projeto AFROWAVE, inicialmente, só com mulheres. O projeto é denominado assim, pois consiste em trazer uma onda de referências e de representatividade negra para o mundo atual. Os ensaios fotográficos se baseiam em tentar inserir a cultura negra em âmbitos sociais padronizados, principalmente a moda. Os convidados são pessoas consideradas fora do padrão em questão de etnia, gênero, classe social, tamanho etc. E, obviamente, o projeto também tem a responsabilidade social de discutir essa falta de espaço para a cultura afro no cenário político e econômico.
Diz aí quem são as mulheres que influenciam o seu trabalho. Minha mãe, primeiramente. Mas qualquer mulher negra com a sua história, sua luta, já me influencia.
Por que é importante termos mais mulheres trabalhando com fotografia no Brasil? Representatividade e feminismo. Para mostrar a nossa força! Acho necessário inserir as mulheres nessa arte que é muito mais reconhecida pelo trabalho de figuras masculinas (como na maioria dos trabalhos) e mostrar a visão delas do mundo, seja das coisas pequenas até os assuntos mais tabu, como política e religião. É mais uma forma de deixar registrado que estivemos aqui, nós também vivemos coisas importantes.
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Alessandra por aí