Gab Ferreira lança 'Lemon Squeeze', vem ouvir
Com gostinho de limonada
Publicado em 05/2018
Mó solzão… Praia da Barra Aquele calor descomunal… Cê chega na casa de sucos e pede o quê? Uma limonada, óbvio. Um copão de refrescância. E hoje, pra matar nossa sede de música boa e novidade, Gab Ferreira está lançando aqui a sua primeira mixtape - não por acaso chamada “Lemon squeeze” (ou “limãozinho espremido”, em tradução muito livre), com sete faixas que são puro frescor, que nem brisa geladinha no fim de tarde.
Antes da gente começar a falar sobre ela, o processo de produção das músicas e o nosso encontro, numa tarde muito quente do verão carioca, dá play logo. Estamos nos achando por termos sido escolhidos pra fazer esse lançamento.
Você já deve ter visto essa carinha por aí, na temporada 2016 do The Voice Brasil - da qual Jade Baraldo também participou. É a mesma Gab, mas com muito mais maturidade e certeza, mesmo aos 19 anos. A experiência no reality global contribuiu bastante nesse processo de amadurecimento, principalmente pra entender melhor como funcionam as engrenagens do mercado musical. Por mais que Gab se relacione com a música desde criança, quando entrou em um coral infantil de Criciúma, sua cidade natal, tudo tomou uma nova proporção depois do programa.
“Música sempre foi o que eu gosto de fazer. Eu vim de cidade pequena, sempre tive uma visão muito distorcida sobre o que é o showbizz, a indústria musical brasileira. As coisas que vieram depois do ‘The Voice’ foram um tapa na cara. O problema da música são as pessoas que, a toda hora, querem pegar teu sonho, amassar que nem uma bolinha de papel e jogar no lixo”, conta.
“Assim que o programa acabou, senti uma pressão muito grande de todos os lados pra eu fazer alguma coisa que desse certo. Diziam que se eu não aproveitasse aquele momento, eu ia me foder e nunca mais conseguiria nada. Vai se foder, cara! Não! Eu quero fazer algo significativo pra mim, e não me prender no que as pessoas querem que eu faça”, explica. Por isso seu primeiro trabalho autoral foi construído com calma, em casa, ao lado do namorado Vinicius Ronchi e da presença virtual do produtor musical carioca Bernardo Martins. Bernardo também assina o álbum de Jesuton e ficou louco quando descobriu Gab num vídeo nas redes sociais de Jade Baraldo.
“Eu não dei muita bola quando ele me mandou mensagem, tinha muito medo do que as pessoas iam fazer com o que eu quero. Aí decidi mandar um alô no Whatsapp, trocamos referências, mandei uma música que eu tinha feito durante o programa pra ver o que ele faria. E ficou muito animal, vi tudo o que eu queria ali”, recorda.
Depois de muitos e-mails e mensagens no zap, o trio se encontrou no estúdio de Bernardo, no Rio, em dezembro do ano passado pra colocar tudo junto e gravar as sete faixas. Aliás, nenhuma delas segue a fórmula tradicional de versos, refrão e depois repete tudo de novo. “Ela me passou muito a ideia de que a gente não precisa concluir as coisas ou fazer tudo perfeitinho, deixa rolar a vibe. Tem músicas que só deixam passar uma vibe”, explica o produtor.
E a vibe de “Lemon squeeze” tem um pouquinho de cada um dos ídolos da artista. Pense em Mac Demarco, Homeshake, Yellow Days, Clairo, IMDDB e Kendrick Lamar. “As coisas que eu tô ouvindo agora são o que está me inspirando. É a minha primeira experiência musical autoral, acho que é essencial falar sobre o que eu tô vivendo agora e pegar pequenos elementos do que eu gosto e começar a aplicar no meu trabalho, mas seguindo uma linha, a minha linha. Falam muito sobre eu escrever e cantar em inglês, mas é isso que eu tô vivendo agora. Na próxima posso escrever em português, sei lá. Essa é a minha experiência atual e acho que com o tempo ela vai se refinando automaticamente”, comenta.
Mas sem se refinar muito, senão fica chato. “Gosto muito de cultura trash. Eu acho que nesses tempos que a gente vive é tanta pretensiosidade de todos os lados, todo mundo tá querendo mostrar que é foda pra caralho, que tá muito bem, e isso é um saco. Isso distancia as pessoas. Tem muita opção de conteúdo por aí, ninguém mais é insubstituível e nós temos que tentar ao máximo sermos autênticos e mostrar pras pessoas que é isso aí, vida real. No final das contas, foda-se."
Mas é melhor ser foda-se com uma boa trilha sonora.