FOTOGRAFIA DE GAMES
Compramos uma boate, furtamos um caminhão de som e fotografamos uma festa insana - tudo isso sem sair de casa!
Publicado em 03/2021
O ano é 2021. Em uma sexta qualquer, estaríamos saindo pra noite se não estivéssemos vivendo uma pandemia que nos restringe à nossa casa para nossa segurança e segurança de todes. A pré com os amigues, a festinha esperada e aquela after inesperada estão suspensas até segunda ordem e, pra quem sempre trabalhou com noite, a ausência desses jobs e registrando a rua trazem gatilhos saudades.
Ainda assim, Bléia e Luizão combinaram um rolê pra fazer umas fotos da boate que ele tinha acabado de comprar e precisava de ajuda pra festa acontecer. Pilhados de fazer algumas fotos de uma baladinha de novo, mal anoiteceu e eles colaram na boate, maaas não sem antes fazer uns corres pro evento. Então bora de buscar o DJ (que ainda teve que pousar o próprio avião porque o piloto tomou umas paradinhas a mais) e buscar o som.
Chegando num lugar que parecia um cosplay de Burning Man versão baixo orçamento, nossos heróis aventureiros descobrem que o equipamento de som é, na real, uma carreta furacão e eles vão ter que levar a po#*@ toda para o desmanche boate, de preferência com o DJ sequestrado convidado ainda tocando. Alguns empecilhos na estrada, umas paradas no caminho para umas fotos da paisagem, alguns amassados na lataria (nada grave) e temos o som pra festa rolar.
É, err, bem... Infelizmente o colega DJ não resistiu o deslocamento...
...Mas a festa tava garantida!
Meia noite e lá estão nossos queridos fotógrafos dançando e clicando enquanto a boate fervia. Mais um job entregue, mais um cliente feliz. HOOORAY!
Toda essa imersão (quebrando algumas leis MAS seguindo as regras da OMS) foi possível devido a jogos de mundo aberto como GTA V (Grand Theft Auto V) que tem a proposta de nos fazer se sentir com quase todas as possibilidades do mundo real e até mais por nos levar pra milhares de mundos e histórias diferentes. O "modo fotografia" do jogo, que pode ser tanto na visão do próprio personagem tirando fotos de si ou de algo, como uma visão externa da cena, faz com que possamos apreciar cada detalhe do jogo que estamos inseridos.
Nas extensas e dedicadas buscas feitas por nossa empenhada equipe de pesquisas (sim! nós temos uma equipe só pra isso, beleza?........ tá, tá bom.... é só a Bleia e o Luizão mesmo...) não foi encontrado nenhum registro de quando essa opção se tornou uma demanda esperada nos jogos, mas a verdade é que cada novo jogo que sai, a espera pela disponibilidade do modo fotografia aumenta.
Existem hoje modelos de jogos que simulam totalmente um set de filmagem, como é o caso do Cinetracer (ainda em desenvolvimento pelo cinegrafista e desenvolvedor Matt Workman), que tem a proposta de, virtualmente simular as condições da cena que você pretende criar realmente em um set de verdade. Você pode escolher o posicionamento do sol e de objetos gerais; o modelo, o tipo de luz, a temperatura de cor, intensidade, etc além de definir o posicionamento de câmera, diafragma e até gravar uma simulação do take a ser feito montando tudo em um roteiro digital.
Ao longo dos mais de 30 anos de existência dos consoles, existiram jogos totalmente voltados para a ação de se estar fotografando, como são os casos de Pokemon Snap, Fear Factory, Umurangi Generation entre outros. Mas em sua grande maioria a modalidade IN GAME PHOTOGRAPHY, como é conhecida, se tornou um extra que nos dá a possibilidade de registrar a cena que estamos "vivendo" com nosso personagem no jogo. Títulos como God of War e Deathstranding são alguns dos muitos jogos que você consegue passar muito tempo pausado clicando cenas devido a beleza da fotografia do jogo por si só, podendo inclusive mudar a expressão e a ação do personagem para o clique.
Nem todos os jogos (a maioria na verdade) têm o modo fotografia disponibilizado. Nos pcs existem apps como da placa de vídeo Nvidia, chamado Ansel, que transforma a pausa do jogo em um modo fotografia bem completo. Mas de novo, só alguns jogos tem compatibilidade e, como falado antes, está disponível somente em computadores com placa de video Geforce. Ainda nos pcs, alguns jogadores criam também tools (algo parecido com uma modificação, um hack) que funcionam parecido com o Anselmo (gosto de chamá-lo assim... me deixa!). A própria Sony, a partir do PS4, disponibilizou o botão SHARE em seus controles para que os jogadores possam printar a tela e compartilhar na própria comunidade suas imagens com a hashtag #PS4Share.
Fora essas ferramentas, a galera tem que se virar. Então tudo que é possível, é usado pra conseguir um clique único. Alguns jogos permitem que se tire a HUD (aquelas informações que ficam o tempo inteiro na tela, tipo vida, mapa, etc), girar a câmera pra esconder o personagem, usar paredes pra forçar ângulos diferentes, usar momentos de pulo ou troca de arma do personagem, até as cutscenes (aqueles cortes mais cinematográficos que aparecem no meio do jogo) ou a câmera em outros jogadores em jogos multiplayer, O CÉU É O LIMITE!
Errrm, é, hm hmm, na verdade o processador que é, me empolguei...
Enfim! Voltando...
Existem muitas possibilidades a serem exploradas e o maneiro é que essa modalidade serve muito como um exercicío para a criatividade. Achar ângulos, luzes, buscar pelo cenário e todo o background que é construído, criar histórias nessas realidades paralelas, se divertir e até trazer isso pro mundo real. Vale muito conferir fotógrafos virtuais como Leo Sang (nosso ídolo S2), Petri Levälahti, Robert Overweg e Mara Elina que são alguns exemplos de vrps (virtual reality photographers) com trampos tanto profissionais como autorais incríveis dentro desse nicho que cresce a cada dia e tem muitas possibilidade a serem exploradas tanto pelos consumidores como pelo próprio mercado de games.
Nicho ou ferramenta para uma simulação num set real, verdade é que o IN GAME PHOTOGRAPHY atrai cada vez mais entusiastas que criam fóruns para trocarem imagens de jogos e, muito provavelmente, incentivam muitos outros a comprarem certos jogos exclusivamente devido a fotos feitas pela comunidade. Para o jogador, fotógrafo ou não, é uma delícia e um desenvolvimento criativo e para o mercado é uma forma de interação com o olhar do consumidor.
E aí, bora pro rolê virtual?