A Festa Autônoma Temporária vai botar SP na rua

"A rua é nóis", diz Emicida, mas sabemos que na prática as coisas não são bem assim. Sabemos também que ocupar a rua é necessário e que o fervo é, sim, um ato político - especialmente se unir todos esses fatores, como é o caso da Festa Autônoma Temporária, que rola neste sábado, em São Paulo. 

Criada em 2016 por um coletivo de indivíduos autônomos que se uniram para colaborar no processo de construção de um evento, um dos princípios da A.TEMP é ocupar a rua como forma de reação e manifestação contra o processo de privatização das atividades culturais que está rolando na cidade. 

“Os coletivos culturais independentes e a população perdem força e as empresas e o capital começam a se apropriar das festas de rua como forma de agregar valor à elas”, explica o time, que, desde então, já recrutou vários artistas para desenvolverem performances especiais para cada edição.

A festa Autônoma Temporária gosta de aproveitar os domingos, não por acaso, quando a Avenida Paulista e o Minhocão ficam fechados para os carros e abertos para a população. Já rolaram edições em vários pontos do centro de São Paulo, como o túnel José Roberto Fanganiello Melhem, no final de Paulista, a Praça dos Arcos, a rampa do Minhocão ao lado do Terminal Amaral Gurgel e os e os arredores da Estação da Luz, todas sempre gratuitas e diurnas.

A A.TEMP volta ao asfalto neste sábado (28) como parte da programação da quarta edição do SP Na Rua, que, a partir das 20h, espalhará nada menos que 20 pistas de dança pelo Vale do Anhangabaú e pelas ruas de pedra do centro da cidade, cada uma ocupada por dois coletivos.

No total, serão (atenção!) qua-ren-ta atividades, entre festas, projeções, coletivos de dança, entre outros, rolando simultaneamente, de graça e a poucos metros de distância uma da outra, em 12 horas de programação. Uau. Vai ser trabalho (e diversão) que não acaba mais pros nossos fotógrafos.

Como o SP na Rua rola das 20h de sábado às 8h de domingo, a A.TEMP vai mudar de fuso-horário e dividirá a pista do CCBB com a Caldo. Além dos DJs residentes, o artista Hugo Perruci fará uma performance especial, na qual será todo envelopado com lambe-lambes em branco, que serão depois pixados e coloridos pela galera. 

Vai rolar também um banquete gratuito e freeganista com alimentos resgatados de xepas de feiras livres, capitaneado por Raquel Blaque. “Pera, freeganista?” Sim! O freeganismo é um movimento que está se espalhando pelo mundo e propõe um estilo de vida baseado na mínima participação na economia e no sistema convencional de consumo. 

Na prática, criam-se estratégias de boicote ao sistema capitalista através da negação máxima ao consumo, envolvendo várias esferas da nossa vida, como, por exemplo, reaproveitar alimentos que estão ótimos para serem comidos, mas são tradicionalmente descartados por questões estéticas - pois é, até os alimentos sofrem com padrões estéticos, e essa é uma das principais causas de desperdício de alimentos em todo o mundo! 

Ficou com vontade, né? Então é só colar no CCBB neste sábado (28), a partir das 20h. Quando chegar, dá um “oie” pra gente! Teremos fotógrafos espalhados pelas pistas e o nosso Marcelo Paixão faz parte do time que organiza a A.TEMP - e adora fazer amizades.