5 perguntas para Jeremy Gara, do Arcade Fire
Músico apresentará seu trabalho solo de música experimental no Festival Novas Frequências, dia 07/12
Publicado em 11/2017
Temos muita sorte de trabalhar com pessoas e projetos incríveis todos os dias. Já conseguimos realizar vários sonhos de encontrar muitos ídolos de perto e até de bater um papo com eles - e é nesses momentos que o coração acelera e pensamos: "caracaaaaaa". Então, imagina qual foi a nossa reação quando, num papo com o pessoal do Festival Novas Frequências, surgiu a oportunidade de uma entrevista com o Jeremy Gara? "Caracaaaaaaaaa!"
Se você não está ligando o nome à pessoa, Jeremy é um músico incrível, que há alguns meses lançou seu primeiro álbum solo de música experimental, batizado "Limn". Ah, no caso, ele também é baterista do Arcade Fire - apenas. O cara está de malas prontas para aterrissar no Rio de Janeiro nos próximos dias, para um show solo no Novas Frequências, no dia 7 de dezembro, no Studio Line, e para se unir à galera do Arcade Fire no palco da Fundição Progresso no dia seguinte.
Enquanto os shows não chegam, fizemos cinco perguntas para Jeremy - que, talvez, passe a viagem até aqui ouvindo Sepultura no avião.
O que você quis expressar em “Limn” que não conseguia ou ainda não havia feito com o Arcade Fire? Bem, “Limn” é uma coletânea de algumas das músicas que eu estava fazendo fora do trabalho com o Arcade Fire. Ao longo dos anos, eu fiquei muito bom em colaborações, em ter alguma contribuição num projeto criativo maior, mas eu tinha esquecido como é ser criativo sem nenhum compromisso, sem ter que filtrar ou pensar sobre outras vozes criativas ao mesmo tempo. “Limn” é o que aconteceu quando eu me permiti fazer música sem colaboração. Eu queria que ele fosse uma expressão da música que vem de mim - e só de mim. E ele é!
Como você organiza seu tempo entre suas criações solo e as que você faz com a banda? Elas têm espaços e tempo separados na sua agenda ou você só faz música e, então, decide qual vai para cada projeto? Eu não preciso compartimentar a música quando ela é criada, minha contribuição pra música do Arcade Fire acontece quando estamos fazendo música juntos. Se eu trabalho para o Arcade Fire fora da banda, é mais em um papel complementar. Eu nunca afirmaria que eu produzo músicas na banda, ah… deixa isso para as pessoas que são boas nisso!
Quanto ao tempo, essa é uma pergunta difícil. Não é divertido se preocupar muito com a administração do tempo e olhar muito para o calendário, mas, infelizmente, é chato assim mesmo. Administrar o tempo!
O que você anda estudando e experimentando em música ultimamente? Por incrível que pareça, estou sendo bem descontraído com relação à música ultimamente, deixando as coisas que são boas e que me inspiram simplesmente acontecerem, ao invés de procurar por algo. Bons discos de pop, bons projetos experimentais esquisitos, alguns antigos favoritos… A inspiração pode estar em qualquer lugar.
Eu estou realmente experimentando mais no departamento visual, quase tanto quanto no musical ultimamente, trabalhando em apresentações visuais para minhas performances ao vivo. Estou feliz com a música que estou apresentando, mas eu sei muito menos sobre o universo visual, então é de certa forma empolgante e desafiador mergulhar nele.
A música brasileira está entre as suas pesquisas e interesses? Se sim, o que, ou de quem, você mais gosta? Não posso dizer que sei muito sobre música brasileira especificamente . Sei um pouco sobre a música dos Os Mutantes, Gilberto Gil, mas, sinceramente, eu reeeeealmente sei muito mais sobre a música do Sepultura e do Sarcófago. Ainda os escuto com bastante frequência.
Por que é importante ter festivais como o Novas Frequências, que apresenta e debate a música experimental, no Rio de Janeiro? Eu acho que é importante ter caminhos para exibir todos os tipos de música em todos os tipos de lugares. Da mesma forma, seria maneiro apresentar a Bossa Nova no frio inverno da Noruega. Não tem motivo para as pessoas não experimentarem todos os tipos de caminhos do som e das experiências. Festivais como este são particularmente importantes porque eles apresentam um vasto leque de estilos musicais e expressões artísticas que são, talvez, não tão fáceis de encontrar por aí. Essa não é a música que está tocando no rádio, não é a música que está na trilha de filmes e anúncios. Então, se existem oportunidades de se comprometer por alguns dias a uma grande gama de novas possibilidades, o festival permite que as pessoas caiam em um mundo novo completamente diferente, do qual elas podem nunca ter ouvido ou vivenciado. E, é claro, nem tudo isso vai agradar todo mundo, mas se existe uma boa e variada oferta de eventos, certamente haverá um momento em que as pessoas terão uma experiência que as inspiram, as desafiam.