EGO MATA TALENTO
Ego Kill Talent fala com a gente sobre o sofrimento e a cura do ego
Publicado em 09/2019
A Ego Kill Talent sobe ao palco Sunset do Rock in Rio pela segunda vez e, agora, "em um momento incrível", como eles mesmos disseram. De lá pra cá, muita coisa aconteceu na carreira dos caras.
Assinaram contratos com agências internacionais que representam nomes como Foo Fighters e Queens Of The Stone Age e também abriram shows deles. Em 2020, a banda vai participar da turnê do Metallica no Brasil. Além disso, a Ego Kill Talent acabou de gravar seu segundo disco no estúdio 606, do Foo Fighters, em Los Angeles. Ou seja, muita coisa rolando! Logo logo, a banda, que é de São Paulo, deve dominar o mundo todo!
Assim que desceram do palco, fomos ao camarim trocar uma ideia com eles. Raphael Miranda, Niper Boaventura, Theo van der Loo, Jean Dolabella, Jonathan Correa conversaram com a gente felizaços e numa vibe muito maneira. Eles disseram que as expectativas da apresentação foram superadas. "Mesmo com chuva, o show tava estrumbado, atrolhado de gente! A galera cantou junto, respondeu, trouxe energia", disseram.
O legal é que, com eles, não rola muito esse lance de quem falou o quê, quem tocou o quê, quem criou o quê. Durante nosso papo, um ia complementando o outro. Inclusive, conversamos muito sobre o ego. O termo que não apenas nomeia a banda, mas também norteia a vida, as relações e a carreira deles.
Como na vibe da banda ninguém assina sozinho, nem mesmo o autógrafo (veja acima), as aspas também são de todos eles:
"O ego mata talentos. Ele é inerente ao humano, todo mundo tem. Não está somente no rockstar, está em qualquer um. Somos 7 bilhões de pessoas juntos nisso. Sabemos que o ego é uma enganação, é passageiro e é efêmero. É a nossa imagem e, mesmo que sem querer, acabamos sempre tentando mantê-lo vivo. Acreditamos que estamos aqui para acordar disso.
O maior problema do ego é que ele traz sofrimento. Por isso, queremos nos libertar dele. É uma briga grande e constante, principalmente porque escolhemos estar no palco e nos colocar à disposição do julgamento.
A banda vira nossa cura. Trabalhamos nisso o tempo inteiro. Várias das conversas que a gente tem estão nesse lugar. Algumas pessoas dizem que, por ser o nosso nome, não temos ego. Mas claro que temos! Temos e buscamos o equilíbrio, lembramos que tudo passa. Queremos crescer e melhorar como pessoas.
De forma natural, aconteceu da gente trocar sempre de instrumentos e, de um jeito não intencional, isso se conecta ao lance do ego. Desconstruirmos o personagem. Quem é o guitarrista? Quem é o baterista? Não temos título na banda!
Por exemplo, no ensaio tem alguém tocando bateria e outra pessoa tocando guitarra... Desenhamos e construímos a música a partir disso. Com o tempo, vimos o quão rico isso é em termos de composição. Por mais que a gente possa ter um jeito parecido de tocar, sempre acabamos imprimindo de um jeito diferente.
Quando alguém está compondo, é comum transitar com dificuldade, justamente por causa do ego. Há aquela coisa de se apropriar daquilo que fez ou da melodia que criou. Hoje, literalmente não sabemos mais quem fez o quê. Estamos sempre trabalhando acima da gente, olhando para a música ser o melhor que ela pode ser, independentemente de quem deu a ideia.
Todos nós já participamos de outras bandas e sabemos o quão difícil é isso. Quantas brigas judiciais acontecem. Mas, na Ego Kill Talent, a gente sobe no palco, toca aquilo que criamos juntos e ninguém tá preocupado com mais nada além de sentir a vibe do momento.
Todo esse processo aconteceu de forma bem natural. Deixamos fluir de maneira muito orgânica. A gente é amigo por causa disso. A gente se aguenta por causa disso. A parada vai ficando transparente.