Como funciona a cobertura oficial do Lollapalooza?
Os detalhes do que fazemos no festival pra você entender o tamanho da responsa
Publicado em 03/2018
Na nossa primeira vez como responsáveis pela cobertura oficial do Lollapalooza, láááááá em 2013, fizemos um zine contando os detalhes da operação do I Hate Flash no festival. Mas desde então muita coisa cresceu, do local e tamanho do Lolla às nossas responsabilidades na cobertura e equipe. Então essa vai pra você, seguidor querido que nos pergunta como funciona o workflow da firma nos festivais.
Operação geral
Nesta edição, o time do I Hate Flash conta com 33 pessoas, entre produção, coordenação, foto, vídeo, mídias sociais e zine. A operação começou a ser desenhada no fim de 2017, quando foi dado o pontapé inicial na negociação do orçamento e contrato com a produtora do festival.
Com tudo aprovado, iniciamos a pré–produção, que consiste em escalar a equipe e executar o planejamento de logística e produção. Ao longo dos meses, temos várias reuniões com o Lollapalooza, para saber o que eles esperam do nosso trabalho, pegar briefings específicos, saber em quais locais podemos circular, os horários e até o line-up - sabemos quem vai tocar em cada palco antes de todo mundo, desculpae. Mais perto do festival, rola o credenciamento, compra de passagens de quem mora fora de São Paulo e organização da hospedagem e transporte da equipe nos dias de trabalho.
Fotografia
O time de fotografia é dividido em três setores: artístico e experiência, comercial e editorial. O primeiro conta com sete pessoas, sendo uma delas o coordenador da equipe, e é responsável por clicar os shows e a experiência do público no Lolla, aquelas fotos de todo mundo feliz e curtindo. “Mas a galera não curte os shows? Qual é a diferença?” Bem, basicamente, nas fotos de show, o importante é a performance dos artistas e nas de experiência, a do público.
No caso dos shows, o importante é fotografar rápido (geralmente, as três primeiras músicas, junto de todos os fotógrafos da imprensa) e voltar voando para a base. Infelizmente, o teletransporte ainda não foi inventado e Interlagos é enorme. Em seguida, cada um tem que escolher e tratar poucas fotos, entre as centenas que foram tiradas, e, então, passa-las pro time de mídias sociais do festival. Enviamos as fotos em baixa resolução mesmo e a transmissão do material pra imprensa fica a cargo deles. Mas no final de tudo rola a entrega geral em alta resolução pra produtora do Lolla.
A demanda comercial está nas mãos de dois fotógrafos e um coordenador. São eles que registram todas as ativações dos patrocinadores e a experiência do público nelas. Essas fotos são usadas, principalmente, no pós-venda do evento, que é quando a produtora do festival mostra para as marcas patrocinadoras como rolaram suas ativações, a recepção das pessoas e os números de audiência, público e mídia. Essas imagens também são usadas para conseguir patrocinadores para a próxima edição. Ou seja, são as fotos que você não vê, mas são as mais importantes porque, basicamente, são elas que fazem o Lollapalooza acontecer a cada ano. Esses fotógrafos não precisam correr pra entregar o material rápido, porque ele só é disponibilizado no final de tudo, mas têm uma lista grande de itens a serem cobertos ao longo dos três dias.
Enquanto o festival está rolando, passamos um dia inteiro filmando e fotografando um editorial que também é usado para vender o festival para os patrocinadores. Além do material usado no contato entre o Lolla e as marcas, essas fotos e vídeos vão para as propagandas que vemos na rua, na TV, nas revistas etc. “Mas por que não usar as fotos de experiência para isso?” Por todas as questões que envolvem o direito de imagem do público.
Vídeo
Pela quarta vez, cuidamos também dos vídeos oficiais do Lollapalooza. O trabalho desta edição começou um mês antes de pisarmos em Interlagos. Marcondes e Morieval, gerente e produtor executivo do departamento de vídeo do I Hate Flash, fizeram reuniões para discutir referências e definir o que queriam para os vídeos deste ano. Com tudo certinho, foram em busca de profissionais com perfis específicos para atender àquele planejamento - entre eles, muitos já trabalharam conosco e outros foram indicados por parceiros de muito tempo.
A equipe de 2018 conta com 13 pessoas, entre diretor, coordenador do time, editores, loggers, câmeras, assistentes e um runner. Todos os dias, cedinho, diretor e coordenador decidem o que os câmeras vão filmar, quando e onde de acordo com o perfil de cada um e preferências pessoais – se alguém gosta muito de um artista, sai na frente para filmar o show dele, por exemplo.
De todo mundo, talvez o runner tenha a função mais importante – palavra do Morieval (ou Filé, para os íntimos), o coordenador. É o runner que faz a operação girar. Todos os dias, entregamos um vídeo de resumo do que rolou assim que o último show acaba e os fogos sobem. A área do festival é muito grande e, para a entrega acontecer da forma e horário combinados, precisamos que o runner esteja circulando pelo evento para pegar os cartões de memória dos câmeras e entrega-los para os loggers. Quem organiza o itinerário do runner Diegão é o coordenador, de acordo com aquele esquema de câmeras que foi definido no início de cada dia.
“Tá, mas o que fazem os loggers?” Pois bem, são eles que recebem o material bruto das câmeras e fazem a primeira triagem, separam o que é mais legal, nomeiam os arquivos, organizam o que está em cada cartão e passam a seleção para os editores e diretor.
Os editores têm funções um pouco diferentes entre si, mas ambos trabalham em conjunto com o diretor, que decide o que vai ou não pra cada produto. A Clarissa Ribeiro faz os vídeos diários de um minuto, que são construídos ao longo do dia. Ela precisa decupar rápido o material que recebe, porque chega muita imagem boa e bonita, e selecionar o que vai para o corte final. É a Clarissa quem dá o tom artístico do vídeo, de acordo com o briefing do cliente. O Rodrigo Esper está fazendo o vídeo que entregaremos no final do festival - além de maior, ele é mais robusto e completo, dando um panorama geral do que foi essa edição.
Além destes, nos próximos dias entregaremos o after movie, aquele que você vê nas redes sociais do Lolla e fica cheio de saudade do que rolou, e nos próximos meses, um vídeo de pós-venda, com as informações para os patrocinadores desta edição e também para os que farão a edição de 2018 acontecer. Com essa estrutura afiada, a previsão é que o after movie esteja pronto três dias depois do fim do festival - e isso é uma rapidez incrível, considerando a dimensão do Lollapalooza.
Mídias Sociais
Juliana Santos, coordenadora de mídias sociais, nos acompanha nos festivais para atualizar nossas mídias sociais in loco. Uma das prioridades é postar com rapidez, mostrando um pouco do nosso olhar e impressões sobre os shows, porque nós também curtimos o festival e somos fãs de quem sobe no palco - e essa também é uma forma de contar a história do Lollapalooza. Trabalhamos com três mídias: Twitter, Facebook e Instagram, que são atualizadas com materiais exclusivos pra cada uma delas. O conteúdo não é replicado, já que temos tanto material incrível, aproveitamos para mostrar pontos de vista diferentes de acordo com o perfil de cada rede social.
No Facebook e Twitter buscamos postar mais os “fotões”, imagens de experiência e também os vídeos maiores e mais completos – inclusive os resumos diários produzidos pro Lollapalooza. No Instagram, especialmente no Stories, mostramos mais como é o nosso trabalho aqui, os corres que fazemos e, inclusive, criamos material exclusivo pra essa mídia. É um conteúdo mais intimista, vocês veem muitas bobagens nossas e as nossas carinhas.
Sempre marcamos os fotógrafos e vídeo makers nos posts, porque o I Hate Flash é feito de pessoas, e queremos que o público consiga entender a linguagem de cada profissional. A interação com os nossos seguidores, aliás, é uma das partes mais maneiras desse trabalho. É incrível trocar ideia com a galera, que acompanha o que está rolando e interage mesmo. Obrigado, viu? <3
Zine
O Zine é construído em parceria com as mídias sociais. Além de serem migas, Juliana e Bia Medeiros trabalham em conjunto para definir as pautas durante o festival, já que o conteúdo das plataformas se completa. Muitas vezes uma ideia nasce com a intenção de virar zine, mas acaba saindo no Instagram - e vice-versa. O importante é adaptar o conteúdo à mídia que mais tem a cara dele.
As pautas são definidas de acordo com o que vimos de mais maneiro rolando por Interlagos, do comportamento do público ao que rola no backstage, nos palcos e, é claro, nas nossas mesas dentro da sala de imprensa. Qualquer coisa pode virar pauta.
Com tudo definido, Bia e seu fotógrafo, Felipe Marques, vão pra rua apurar e fotografar. E nós recorremos muito aos nossos amigos e contatos para realiza-las. Se não dá pra ir ao backstage entrevistar o artista, perguntamos ao assessor amigo se dá pra fazer por áudio de WhatsApp – e super dá certo.
Em seguida, é hora de escrever, editar, diagramar e, enfim, postar para você ler - e comentar aqui embaixo o que achou.