A união entre Black Alien e Digital Dubs: um rolo compressor
Lendas da cena dub se reuniram para show de remixes inéditos e freestyle
Publicado em 03/2017
Poucos dias antes do início oficial do Carnaval, Black Alien e Digitaldubs fincaram a bandeira da Jamaica na Mansão do Joá, em um fim de tarde de domingo, com direito a pôr-do-sol de cinema
Gus de Niterói é amigo de longa data da galera do Digitaldubs, e, naquele dia, a ideia era apresentar remixes reggae-dub-dancehall inéditos de alguns de seus clássicos - além, é claro, de alguns freestyles. Tudo isso temperado por churrasquinho apimentado jamaicano e I-tal food, um tipo de comida vegetariana Rastafári, feitos pela galera do Tipo Jamaica.
Para registrar a noite, escalamos Roma Miranda, nosso amigo, colaborador e um dos sete integrante do coletivo Cena BXD. O grupo, aliás, nasceu na rua e para a rua, da necessidade de ser visto, ouvido e respeitado, e com o objetivo de colocar a baixada fluminense no mapa usando a fotografia como plataforma de transformação. Anota o nome porque você ainda vai ver muita coisa deles por aqui – e vice-versa.
Mas voltando ao dub, além das fotos, é Roma quem conta para a gente como foi esse encontro histórico, em um fim de semana de verão carioca.
Por Roma Miranda
O nome Digitaldubs traz boas lembranças de outros bailes e a certeza de um sorriso aberto toda vez que o som amplificado por aquele soundsystem atingir nossas almas. Jota 3 com maestria massageou os ouvidos do público com sua voz e suas letras que falavam de amor, liberdade e revolução.
O Mister Niterói levitou sobre o palco, se apresentou e orquestrou um mar de gente que acompanhava os versos com tamanha vontade que apenas um show se transformou em uma batalha de rap. Black Alien rimava de cima do palco e, embaixo dele, o público completava as rimas numa espécie de ping-pong lírico.
A reunião de Black Alien, lenda vivia do rap brasileiro, com o Digitaldubs, pioneiro sistema de som carioca que ainda influencia muitos outros soundsystems por todo país com suas potentes caixas de som, abre precedentes para outros super encontros de culturas e sabores que hoje saem do underground sem perder sua essência.
Tipo Jamaica trouxe receitas típicas da ilha caribenha que não exporta apenas música. O aroma da jerk food entrava nas narinas e anunciava um viagem gastronômica à terra da cultura sound system. Além do jerk chicken, os Patties, pasteis jamaicanos, o mestre responsável pelas receitas defumadas e apimentadas era PH Kbrum, que, além de cozinhar, também comanda o coletivo do Jamaicaxias, que une gastronomia, música e dança.
O que podemos esperar em 2017? Mais gente cruzando o Túnel Rebouças atrás de um dub de qualidade, mais gente atravessando a ponte em direção à Niterói e muita, muita gente mesmo, se enfiando em um trem rumo à Caxias, seguindo o rastro do aroma de um jerk food de qualidade ímpar.