Torres Del Paine
20-29/03/15 - Fazendo o "Circuito O", 9 dias de caminhada, 6 banhos naturais e 1 resgate
Publicado em 06/2015
Era madrugada do dia 27 de Janeiro de 2015, quando envio um vídeo sobre o Monte Meru a um amigo. A resposta dele foi: "Sinistro! Mas e a viagem pra Torres Del Paine, vai sair esse verão?". Automaticamente respondi "Sim, vamos!", e comecei a pensar em sair e ficar uns 3 meses fora viajando pela Patagônia, já que teria 1 ano para planejar né?! Mas, na verdade, o "esse verão" era agora, em março.
Fiquei por volta de uns 20 dias matutando. Foi quando, no dia 17 de Fevereiro, envio a mensagem ao mesmo amigo, que havia visto umas passagens para Punta Arenas a um preço justo e estava muito empolgado em ir. E o que ele me disse foi a melhor coisa possível: "Já comprei a passagem, vamos eu, Igor, Freitas e João, chegamos dia 18 de março". A partir daí, para mim não teria mais jeito: ou eu vou, ou vou.
Em 2012, visitei pela primeira vez o parque e, desde então, fiquei fascinado. Na epóca estava fazendo uma viagem longa de bicicleta e passei apenas um dia, não pude fazer o que mais queria: a caminhada do Cirtcuito O, oficialmente Circuito Macizo Paine, uma caminhada de aproximadamente 150km, feita em torno de 8 dias, que rodeia o maciço Paine Grande.
Explicando rapidamente do que se trata o circuito: inicia-se a caminhada em uma sede administrativa do parque, caminha-se pela pampa fazendo uma aproximação ao grupo de montanhas até chegar a encruzilhada de trilhas. Daí, escolhe-se por onde "começar", iniciando à esquerda, indo a uma região mais afastada e depois voltando à parte mais movimentada, ou o contrário.
Todo verão o parque é invadido por milhares de turistas de todas as nacionalidades, que, aproveitando as facilidades do clima nesta época, vão se aventurar pelas trilhas do parque. Porém, são poucos aqueles que estão lá para fazer o circuito completo.
A viagem começou mesmo com as diversas trocas de mensagens a respeito de planejamento, equipamento e comida. Inúmeras mensagens para decidir os detalhes e não haver contratempos.
Nos encontramos uns dias antes na cidade de Punta Arenas, zona franca do Chile, lá compramos o que estava faltando e organizamos a comida, para aí então ir a Puerto Natales, a cidade mais próxima do parque, passar apenas a noite e na madrugada partir. Preciso nem comentar que pensávamos que iríamos sair determinada hora e não saímos, que iríamos chegar tal hora e não chegamos e que iríamos começar a caminhar tal horário e tudo atrasou um bocado.
Chegamos ao parque mais tarde do que imaginávamos, mas nada que tivesse arruinado plano nenhum. Logo na entrada estão reunidos vários ônibus que chegam trazendo os visitantes, paga-se a entrada, recebe-se folhetos informativos e todos são obrigados a assistir a um video informativo, já que após um grande incêndio o controle no parque ficou muito rígido.
Iniciamos nossa pequena jornada na parte da tarde. O primeiro sentimento que tive foi de dever cumprido, o fato de estar ali, prestes a iniciar aquilo tudo com meus amigos já era uma vitória (meio brega, né?), estávamos todos sorrindo, empolgados, cumprimentamos uns aos outros com hi-fives e começamos a caminhar. Em apenas duas horas caminhando, aquela sensação de tranquilidade e leveza estava terrivelmente abalada pelo enorme peso da mochila, que, no momento, devia estar por volta de uns 20Kg, ou mais. A pampa interminável, o vento forte e gelado contra nossos rostos, e eu pensando: "Cara, são só as primeiras horas do primeiro dia, tô fodido".
Nesse primeiro momento, já dá pra sentir um pouco o gostinho do que está por vir, vê-se as montanhas azuis ao fundo, e, a cada hora de aproximação, a total incerteza do que tem por lá. Tudo é realmente impressionante.
Fizemos a trilha bem tranquilos, por ser o primeiro dia, ficávamos cansados com muita facilidade. Caminhamos por horas, e acredito que o maior alívio que tive durante a viagem foi a chegada ao primeiro acampamento.
A primeira noite no parque foi um tanto impactante, fazia frio e o vento, já forte, cada hora ficava pior. Conhecemos logo na primeira noite o vento patagônico, a previsão não era de chuva, tampouco neve, porém, sendo a Patagônia, nada é previsível. Dormimos preocupados se o teto da barraca iria voar, o barulho do balanço do teto era muito alto, o vento vindo das montanhas, enfim, tudo estava muito presente, e se, por acaso, todas as noites fossem assim, ia ser bem difícil ter um sono tranquilo, mas né, quem se importa?!
A segunda manhã foi incomparavelmente mais sossegada que o primeiro dia, sabíamos que era um dia em que não iríamos caminhar tanto, e que, chegando ao segundo acampamento, iríamos nos instalar, deixar as mochilas pesadas na barraca e faríamos um ataque a um mirante dentro de um vale.
Pouco antes da chegada ao acampamento escutamos o barulho forte das águas de um rio, indicando, claro, que ele estaria bem perto. Minutos depois o avistamos, e alguém grita: “Opa! banho!”. Eu, ingenuamente, contesto com um “Será?”. A resposta unânime é que toda a oportunidade que tivermos “Vamo dale!”… Não poderia estar com melhores companhias.
Fizemos o ataque assim que chegamos ao acampamento, estávamos renovados e “curados” por conta do banho, mas mal sabíamos que precisaríamos de energia extra pro fim do dia. O ataque ao mirante foi uma subida tranquila, porém o João estava sentindo dores muito fortes em um dos joelhos, dificultando muito a subida. Por diversas vezes paramos e discutíamos se seguiríamos. No fim, decidimos que sim, mas o problema maior veio na hora de descer.
O João não estava conseguindo caminhar, e mal conseguia colocar os pés no chão, em momentos de irregularidade do terreno as dores ficavam mais agudas. Iniciamos, assim, a primeira parte de um resgate. Revezamos o amiguinho nas costas montanha abaixo.
O pior foi no dia seguinte: não sabíamos como resolver a situação e ele tampouco tinha certeza como iria estar quando acordar. Tínhamos duas opções: seguir com ele nesse estado e ver no que dava, ou voltar até o primeiro acampamento, porque de lá saía um barco que podia levá-lo até um lugar para pegar um ônibus de volta a Puerto Natales. Então, no café da manhã, ele resolve não continuar. Tínhamos agora que fazer a segunda parte do “resgate”: aquilo que caminhamos na manhã anterior, iríamos caminhar de volta, deixá-lo no barco, e voltar até o acampamento para pegar nossas mochilas.
Despedidas são sempre tristes, e nesse caso não seria diferente. Me despedir de um companheiro, assim no começo de uma viagem, com todo investimento de tempo, dinheiro e energia gastos pra se estar lá, é difícil.
Seguimos, em teoria, com tempo e distâncias “negativas”, já que havíamos feito duas vezes um percurso já realizado. Desmontamos acampamento assim que chegamos e já com um pouco de pressa “iniciamos” o outro dia. Passamos a trilha inteira conversando sobre o João, imaginando como ele estaria se sentindo, o que ele iria fazer quando chegasse, se ele iria decidir ficar em algum hostel nos aguardando ou iria voltar para o Brasil. Demos boas risadas imaginando ele se virando sozinho no Chile, e de repente no meio desse papo todo, “Opa, banho!”.
Ao chegar no primeiro acampamento no caminho, resolvemos ficar. Já estava bem tarde e não teria como recuperar o que tínhamos planejado fazer, era nosso máximo. O acampamento estava bem cheio, além do espaço de camping, rolavam uns refúgios e um pequeno hotel, com uma cantina para se cozinhar. A cantina tinha um clima festivo, a maioria ali estava fazendo trajetos de poucos dias, o ambiente era de "socialização", a tia que ficava cuidando da cantina e do micromercado deixava rolando uma música, e, claro, não pude perder a oportunidade de pedir uma cumbia a ela. E não é que a tia tinha minha banda favorita e lançou toda feliz?!
Despertamos ainda pela madrugada, era nossa quarta manhã e tínhamos um trajeto longo e duro pela frente. Fazia muito frio, logo ao acordar ouvi, da outra barraca, o início da "transmissão da Rádio Patagônia”. Iniciava sempre com uma música de qualidade: fosse um punk dos anos 80, ou um hardcore melódico atual, a música nos agradava e servia como combustível motivacional. Após a música, tinha a previsão do tempo, seguida das notícias do trânsito, que, como sempre, pediam para todos evitarem as vias principais, vias secundárias, evitar sair de carro, evitar o transporte público, enfim, evitar sair de casa. A brincadeira não passava do despertador do Palito e o Freitas tirando sarro da situação cotidiana. O primeiro pensamento era imaginar todas aquelas pessoas que estariam “evitando as vias” nas cidades naquele momento, e nós ali, evitando não deixar de viver cada momento de nossas vidas como únicos. Que merda deve ser pra quem vive assim.
Em pouco tempo o sol já foi saindo, presenciamos o nascer dele do alto de uma encosta, aos poucos ele viria a colorir as águas, dando mais forma às montanhas, às 7h tudo era alaranjado. Foi uma caminhada realmente muito cansativa. Depois de muita subida, finalmente avistamos o início de um vale, que indicava a proximidade do próximo acampamento, onde iríamos parar pra comer e descansar, iniciando depois a segunda parte do dia.
Chegamos muito cansados, logo, tratamos de tirar nossos sapatos, pôr as meias e blusas para secar, e agilizar o que comer. O cansaço era tanto que tirei um pequeno cochilo sobre uma mesa, entre tudo isso. O plano era não ficar muito tempo, subiríamos ainda para um acampamento base mais ao alto, mas depois da ideia de comprar umas cervejas, muito geladas por sinal, nos demos mais tempo para apreciar.
A ideia era ver os primeiros raios de sol batendo nas torres, um ataque clássico do parque. Há pessoas que fazem passeios de um dia somente para isso, ainda à noite saímos para fazê-lo. O acampamento estava muito calmo, havíamos realmente despertado cedo. Ao iniciar a subida, de repente havia mais pessoas a nossa frente, e em um passe de mágica via-se de bem longe, no alto da montanha, a enorme fileira de pequenas luzes beirando a montanha, daí entendemos o motivo.
São inúmeros os relatos dos que vão com as torres encobertas.Tivemos muita sorte nesta manhã, pois as primeiras luzes indicavam que era o momento do café. Café este que foi o único alimento que não foi cogitado ser dispensado nas várias reorganizações.
Conforme o sol aparecia, as torres refletiam mais e mais forte o laranja, via-se perfeitamente a luz descendo e tomando as torres. As torres completamente tomadas pela luz avisavam que era o momento de descer e seguirmos.
Nesta manhã, nos afastamos da parte do circuito mais movimentada, o "circuito W". Até então estávamos caminhando e sempre encontrando diversas pessoas pela trilha. Já pela tarde nota-se a diferença: após terminar a descida das torres, chega-se a um hotel que fica perto de uma das estradas de entradas. De lá, parte um ônibus para levar uma galera de volta. Chegamos a um gramado perto do hotel onde havia pessoas descansando e umas mesinhas tipo de piquenique, nossa parada pro almoço. Observamos a enorme quantidade de pessoas chegando e todas elas indo embora com o ônibus. Quando começamos a caminhar só havia sobrado a gente e eu pensei: "Acho que agora ficou sério".
Caminhando adentro da trilha encontramos pouquíssimas pessoas, o que já estávamos esperando, pois a partir desta parte as pessoas começam a se identificar, algo como "Lembro de você de algum lugar…" O sol estava forte e estávamos contornando as montanhas, as mochilas continuavam muito pesadas e os pés gritando de dor. Foi quando, chegando perto de um pequeno riacho, veio a máxima novamente: “Opa, banho!”. Nos afastamos um pouco da trilha e logo largamos nossas mochilas, o rio era pequeno e não tinha profundidade, eu não queria tomar banho ali, ia ser muito escroto, caminhei um bocado beirando o rio e perguntei ao vento se esse rio ficava maior mais à frente. Alguém respondeu: “Vi um rio maior na trilha, acho que ele se junta com esse mais à frente, vamos conferir?”.
Então caminhamos até a curva do rio e passando uns arbustos descobrimos uma “praia”. O pequeno rio se encontrava com um outro muito maior, muito maior mesmo, era fundo e de correnteza forte, mas o mais impressionante era onde estávamos, a tal praia era toda de pedra, um espaço grande, havia árvores completamente secas, olhava-se ao redor e não se via a trilha, estávamos ali e ficava pensando quantas pessoas já tinham ido nessa “praia”, no mesmo dia que havíamos deixado milhares de pessoas para trás. Nos despimos, e iniciamos mais uma terapia.
Havíamos chegado naquele que era o camping mais bonito do circuito, lugar de fato impressionante. Quando paramos não faltaram ideias de como poderíamos, no futuro, arrumar uma desculpa para poder ficar, como fazer para trabalhar no lugar, essas coisas. Inicialmente nosso planejamento era passar a noite, mas, no dia anterior, fomos avisados que um mau tempo estava para vir daqui a dois dias, exatamente quando planejamos alcançar a maior altitude do circuito e que com o clima nestas condições significa muita neve, com probabilidade do trajeto ficar fechado devido às más condições. Tínhamos que seguir caminhando, não dava pra apostar na sorte.
Um pouco antes de saírmos do camping, conversamos com uma francesa que havíamos encontrado algumas vezes na trilha, reparamos que ela estava revezando sempre entre estar descalça, com chinelos ou de botas. O Palito estava com muitas dores no calcanhar devido a um incômodo de uma costura em uma de sua botas, e estava muito difícil caminhar. Depois da conversa, ele sentiu-se convencido que dava para continuar caminhando com suas Havaianas, e bom, foi o que o salvou seus pés e tornou-se depois sua melhor companheira, e sim, a partir daí ele não calçou mais suas botas pelos últimos três dias.
A trilha para chegar ao acampamento onde passaríamos a noite entrava em uma floresta bem densa, muito colorida e úmida , já sentíamos ali que estávamos ganhando altitude. Um pouco antes de chegar ao acampamento, antes do paso, a trilha beirava bem do alto uma geleira com um grande lago abaixo. Paramos ali para descansar e contemplar, surgindo assim a questão: era o momento de um banho? Antes mesmo de eu deixar minhas coisas, já estava o Palito descendo a encosta. Saquei a pequena garrafa de uísque e partimos.
Conseguimos fazer o paso com tempo limpo, no alto o vento era muito forte e frio, ficava pensando como que, há semanas atrás, um casal de brasileiros que encontramos no hostel, havia feito o paso debaixo de nevasca. Do alto, quando se chega no topo, tem-se a visão completa do Glaciar Grey e sua extensão para dentro dos Campos de Gelo Sul. Não demoramos muito para chegar no próximo camping. Diferente de muitos que fizeram o paso, decidimos ficar por ali mesmo, não tínhamos mais pressa para chegar e de lá para frente só ficaria mais fácil.
Estávamos no meio do caminho do penúltimo dia, do alto de uma colina olhando para o lago do Glaciar. Avistamos uma pequena “praia” e uma trilha secundária que levava a ela, e imediatamente eu falei: “Vamos?!”. Todos me olharam com uma cara de dúvida, foi a primeira vez que o banho era uma dúvida, mas o que mais me empolgava era o fato de perto da “praia” haver um iceberg, sim um ICEBERG. Há vários icebergs pelo lago, são partes do Glaciar que se desprendem e ficam à deriva por anos... milênios, mas aquele estava lá, bem perto da praia. Eu queria tocá-lo. Não demorou muito para todos se sentirem convencidos, deixamos as coisas com o Igor, que decidiu ficar, e voltamos. Mal chegamos e fomos cumprir nosso objetivo. Freitas não quis entrar na água, então somente eu e Palito nos aventuramos.
A água estava muito gelada, tenho certeza que foi a água mais gelada que me banhei na vida, nadamos rapidamente em direção ao iceberg, ao chegar perto gritávamos como duas crianças, era a sensação de um brinquedo novo, estávamos com um sorriso enorme na cara, ao mesmo tempo rindo, gritando, completamente sem saber o que fazer com aquela enorme pedra de gelo na nossa frente. Ficamos tocando, abraçando, até que o Palito resolveu subir. Nisso eu já estava literalmente congelando, estava sentindo meu corpo utilizando energia de emergência para poder me manter aquecido, me afastei um pouco enquanto o Palito escalava. Chegando em cima, quase sentado, ele me gritava: “Suryan, vê se tem coisa embaixo!”. E nesse momento eu já estava começando a me afastar, quando gritei de volta: “Pula! Preciso sair, preciso sair!”. De volta à praia, ficamos um tempo pensando no que recém havíamos feito, e o Palito comenta, “Aquilo era um trono, dava pra ter sentado”.
Alguns minutos depois, na trilha, encontramos um casal parado descansando. Quando nos aproximamos, um deles pergunta em espanhol: “Vocês são os meninos que conquistaram o iceberg?”. Respondemos "sim", e a segunda pergunta em espanhol foi: “De onde vocês são?”, com a resposta “Brasil” em claro português. “Puta merda, só podia ser.”. Sim, era um brasileiro. Ele fica nos mostrando as fotos que fez do alto na nossa conquista do iceberg. Quando olhamos para o iceberg de novo, ele está de cabeça para baixo, imediatamente pensei: “Mudamos o rumo da história”.
Em nossa última janta compramos um vinho para comemorar, estávamos cansados e havia alguns dias que não bebíamos, foi fácil ficar bêbado com dois copos, e como todo bêbado, ficamos "ricos". Compramos mais caixas de vinho, éramos quatro brasileiros bêbados em um camping que praticamente é o ponto de partida de muita gente, assim como foi o nosso. Imagina o que as pessoas estavam pensando.
A comemoração ficou mais alegre quando encontramos um austríaco,o tínhamos visto em praticamente todos os campings que paramos, ele recém tinha completado o circuito, e o que mais nos chamou atenção é que ele caminhava com duas mochilas, uma nas costas e outra no colo. Perguntamos pra saber o porquê, ele contou que estava viajando de bicicleta e não havia planejado fazer essa caminhada, por isso não tinha equipamentos. Sanada a curiosidade, lhe oferecemos vinho e fomos até a beira do lago pra comemorar.
Sabe como funciona esse lance de lagoa e bêbado, né?! Comecei a falar que ia entrar na água, tinha uns três jovens estrangeiros perto da gente falando “Jump, man! Jump!”. Me senti mais estimulado e tirei a roupa pra mergulhar, acho que eles não estavam botando fé que eu iria fazer isso, escutei um “Oh my God! No! No!”. Foda-se, mergulhei. Já dentro d’água olho para trás e meus amigos estão entrando também, tudo em um clima de “banho de despedida”. Fomos dormir exaustos (bêbados).
Acordamos cedo e caminhamos em direção ao nosso ponto de partida, a caminhada de volta pelos pampas é longa e cansativa. Estávamos deixando para trás uma imensa nuvem cinza em torno das montanhas, perto da sede administrativa cruzamos com algumas pessoas iniciando a caminhada, falamos algumas palavras de incentivo, e simultaneamente pensava: “Esses aí estão fodidos”.
Chegando à sede, já estava o ônibus esperando, exatamente do mesmo ponto que demos o primeiro hi-five. Repetimos o gesto, mesmo exaustos. Na verdade, o desejo era de que não acabasse.