SXSW 2013
Entenda porque o festival se tornou a maior referência em novas tendências da música.
Publicado em 03/2013
Juli Baldi é a primeira nova colaboradora do I Hate Flash a postar aqui no Zine. Ela acabou de voltar do SXSW, e, empolgada, mandou pra gente esse relato com as fotos que tirou com seu celular. Ficamos tão empolgados que já concordamos, ano que vem vai a equipe completa!
Se você é um pouquinho mais fã de música do que a maioria dos outros mortais, certamente já ouviu falar no festival South by Southwest, o SXSW, que rola há 26 anos em Austin, no Texas. Todo mês de março, a cidade se transforma em uma grande vitrine para receber novas bandas, filmes e tecnologias emergentes. Foi nesse festival que milhares de artistas startup começaram a ser reconhecidos, como Strokes e Foster The People e em que aplicativos foram apresentados ao mundo pela primeira vez, como os nossos queridos Twitter e Instagram.
Este ano, não foi diferente. Mais de 2.200 bandas apresentaram seus shows para um público de aproximadamente 300 mil pessoas. O festival cresce a cada ano e não é por menos. Organização impecável, banheiros limpos, acesso a internet gratuito, tomadas para carregar celulares e computadores. E shows, muuuitos shows!! A todo instante, por todos os cantos da cidade.
O SXSW é bem diferente dos grandes festivais de música que rolam pelo mundo. O formato de seis dias envolve também palestras, entrevistas e feira de instrumentos musicais e posters de vários artistas do mundo. Os shows não são para milhares de pessoas em uma grande arena. Rolam nos bares da cidade, para no máximo 500 pessoas. Para conseguir entrar nesses shows é preciso ter um badge (passaporte para os 6 dias de festival) ou uma wristband (pulseira individual) e chegar cedo. Os shows mais disputados formam filas enormes, mas para amenizar o problema, existe o SXXpress, que nada mais é que uma maneira educada de furar a fila. Para conseguir essa barbada, é só chegar cedinho no balcão do Austin Convetion Center, anotar num papel o nome do artista e lugar que ele vai se apresentar e pronto. É claro que os passes são limitados, então quem chega primeiro, leva a melhor.
No primeiro dia, a Viceland, casa da Revista Vice no SXSW, oferecia os melhores shows da noite. Wavves, Japandroids e Divine Fits entre outros. O show do Wavves é insano, e os meninos aproveitaram pra tocar umas músicas novas. O disco novo, Afraid of Heights, vai ser lançado oficialmente no dia 26 de Março, mas já dá pra escutar aqui.
O Japandroids fez dois shows durante o festival, sendo um deles abrindo pra ninguém menos que o Iggy Pop and The Stooges. O Divine Fits, banda formada por remanescentes das bandas Spoon e Wolf Parade tocaram pela primeira vez no SXSW do ano passado e em 2013 voltaram grandes, beem grandes com três shows disputadíssimos.
Na quarta-feira, Iggy Pop and The Stooges e Yeah Yeah Yeahs eram os grandes shows da noite. Iggy tocou no Bar Mohawk enquanto o Yeah Yeah Yeahs tocava no bar ao lado, o Stubb’s. Uma noite bem interessante, afinal são dois artistas consagrados, prestes a lançar discos novos e aproveitando o SXSW para tocar em primeira mão, músicas inéditas. Durante a tarde, rolaram os shows do britânico Jack Bugg e do Devendra Banhart. Ambos com discos recém lançados. Sentiu o clima do festival?
O Jake Bugg é mais marrento que seus conterrâneos Morrissey e os irmãos Galahger juntos, mas o menino manda bem. Na quarta a noite ele tocou novamente, só que desta vez em um rooftoop. Na mesma tarde, Devendra apresentou seu show voz e violão enquanto meninas se debruçavam no palco para filmar e fotografar o americano criado na Venezuela.
A quinta-feira do SXSW começou com grandes emoções. Às 11h da manhã estava marcado o keynote com o Dave Grohl. Às 9h a fila para entrar já estava bem grande. Durante quase uma hora Grohl contou como gravava suas primeiras músicas em casa, como entrou pro Nirvana, suas primeiras paixões musicais e a compra do boxset dos Beatles em vinil para suas filhas. Um discurso inspirador e emocionante. Não viu ainda? É só clicar aqui.
O dia era do Dave Grohl, a noite ele tocou no Stubb’s com o Sound City Players, super grupo que ele formou com os participantes do documentário, dirigido por ele sobre o lendário estúdio de Los Angeles, o Sound City. Para entrar nesse show não era fácil. A organização do festival, prevendo a procura, organizou um sorteio. Os cadastrados eram sorteados e avisados por e-mail um dia antes do show. Na entrada era necessário apresentar o ingresso, a wristband e mais um crachá do Sound City que era distribuído aos ganhadores da promoção. Mas todo o esforço valeu a pena. Dave Grohl e seus amigos tocaram por 3h30. A banda de apoio, era simplesmente o Foo Fighters, e durante essa jam infinita passaram pelo palco Stevie Nicks, vocalista do Fleetwood Mac, Rick Springfield, Kirst Novoselic, John Fogerty do Creedence, entre outros.
Sexta-feira já é o dia mais legal da semana em todo o mundo. E imagina uma sexta durante o SXSW, que é praticamente um carnaval do rock. Nesse dia, tocaram durante a tarde Charles Bradley, com um show emocionante, Iron and Wine, fazendo aquele show fofo e o Vampire Weekend tocando música nova. Se você ainda não ouviu a nova dos vampiros, vem aqui. Durante a noite, rolou o show do canadense Mac Demarco, uma das grandes boas surpresas dessa edição do SXSW. Demarco lançou dois álbuns ano passado e fez bonito em três shows em Austin. Em um deles, ele até tentou subir no teto.
Na mesma noite, os australianos do San Cisco fizeram sua primeira participação no festival, tocando no Club De Ville. Os moleques são grandes na Australia, dá um sacada no som. Ainda na sexta tocaram: Cold War Kids, Flaming Lips, Blue Hawaii, Bonde do Rolê, Darwin Deez, Little Barrie, Kendrick Lamar e o Eagles of Death Metal. Com tanto show bom espalhado pela cidade, as vezes fica longe de ir a pé. Mas em Austin existe uma solução de transporte super divertida: as Bike Cabs. Por U$10,00 você consegue atravessar a cidade curtindo um vento na cara. Algumas bikes são equipadas com som e todas aceitam cartão de crédito.
No sábado o SXSW acordou com gosto de despedida. No último dia do festival as ruas da cidade ainda estavam lotadas e sedentas por shows. Além das bandas que estavam no line-up oficial, mais milhares tocavam na rua ou em bares transformando ainda mais Autin em um grande carnaval. Nesse dia, Prince tocou para 300 pessoas enquanto Justin Timberlake e Smashing Pumpkings tocavam em secret shows. Nessa noite também rolou um dos shows mais lindos de todo o festival: Devendra Benhart na Igreja Presbiteriana.
Uma das coisas mais legais do festival é que é impossível de acompanhar tudo que rola durante a semana. As bandas tocam em lugares pequenos, para poucas pessoas no mesmo horário que outros artistas. Em meio a tantas bandas, palestras, secret shows é necessário fazer escolhas e ter um pouco de sorte. Mas isso está longe de ser frustrante... É essa a graça que torna o SXSW o festival mais incrível de todos, onde cada pessoa, sai de lá com uma experiência única.