RAVEINTEGRAÇÃO na Floresta Proibida
03/02/2015 @ Parque Augusta | SP
Publicado em 03/2015
Texto por Ciro Palmeira
Imagina uma cidade cinza e gourmetizada, agora imagine dois quarteirões de Mata Atlântica e resquícios do Colégio Des Oiseaux, (ambos tombados pelo CONPRESP - órgão municipal de preservação ao Patrimônio Histórico), que resistiram bem no centro dessa, que é a maior cidade da América do Sul.
Junte a isso uma prefeitura que em dezembro de 2013 decretou o parque e hoje finje que não é com ela, e duas construtoras que compraram o terreno por 64 milhões há pouco mais de um ano e hoje afirmam que vale mais de 240 milhões.
Para resumir: a escritura do imóvel garante a abertura do local para que todos desfrutem do bosque e as construtoras fecharam o terreno. Desde 17 de janeiro ativistas, ambientalistas, artistas e população local o ocupam em uma "vigília criativa", com todo tipo de atividade e intervenções artísticas, para manter o parque aberto a população.
A justiça garantiu a reintegração de posse para as construtoras, marcou a operação para 4 de março, e, assim, parecia terminar a história de um quase parque público, que se tornará um misto de shopping, estacionamento e condomínio de luxo. Um dia antes dessa data o movimento organizou a Raveintegração, quando amanheceu a Polícia Militar desceu cacetada em uma menina e garantiu que ninguém mais desfrutasse do bosque.
Quatro ativistas subiram em uma figueira e passaram algumas horas por ali, resistindo ao fechamento do parque. Até os bombeiros foram chamados para retirá-los a força. Enquanto isso, do lado de fora, as pessoas votavam que só sairiam de lá com os quatro em segurança.
Depois de muita negociação os quatro foram liberados e todos saíram em marcha para o centro, reivindicando um espaço verde e verdadeiramente público para toda a cidade. Na frente da Prefeitura a única certeza era de que os 40 anos de luta pelo Parque Augusta não terminariam nessa última quarta-feira.