Quem é Nanam?
O bar você já conhece, te mostramos quem é a figura que dá nome (e amor) a ele
Publicado em 02/2017
É bem provável que já tenha passado pelo seu feed alguma foto ou vídeo ou instastory ou post de uma gente purpurinada e sorridente com a seguinte geolocalização: Bar do Nanam. O balcão, a mesa de sinuca e as geladeiras cheias de cerveja gelada existem no mesmo local há alguns bons anos, em uma tradicional zona de boemia carioca: uma ruazinha cheia de bares nos arredores da Praça Tiradentes, por onde passam pouquíssimos carros. Mas há alguns meses o bar está bombando de terça a domingo, com festas diárias e uma energia que especialistas dizem só existir ali, no Nanam. Mas, vem cá, quem é o cara que batiza um bar e consegue reunir tanta “gente linda” (como sua própria página no Facebook diz)? Quem é esse tal de Nanam? Isso que nós fomos descobrir.
Nanam é esse cara que parece tímido na foto, mas adora fazer amigos e tem uma gargalhada contagiante. Nascido em Cocal, região do município de Carnaubal, “no interiorzão mesmo” do Ceará, veio para o Rio há 22 anos. “Como todo nordestino, vim atrás de melhoras, né?”, conta, com riso frouxo. Por aqui começou a trabalhar em bares e restaurantes, foi balconista de um, gerente de outro, sócio de mais um… “É uma trajetória de vida bastante doida. (risos) Coisas boas, coisas ruins, já fiz de um tudo, né, faz parte”, diz.
Há seis anos, foi parar no bar de paredes azuis pichadas depois de muita insistência do proprietário do lugar. “No início eu não me interessava, mas eles queriam que eu viesse porque eu era local. Toda hora o proprietário ia lá na minha porta. E acabei caindo aqui”, recorda. Em um momento de baixa no movimento, alguns produtores culturais lançaram a ideia de fazer eventos lá, incluindo Antonio Paoli, Pedro Manhães e Rodrigo Cavalcanti, e receberam apoio total do responsável pela casa. “Eu disse para eles: ‘aqui é o lugar ideal para isso’. Até porque eu já frequentava a rua Joaquim Silva, na Lapa, antes mesmo de ser revitalizada. Eu já vivia a região, que sempre foi da noite mesmo, área de boemia”, explica o sinuqueiro de primeira - por mais que a modéstia não o deixe admitir, ele acerta todas as tacadas.
Os eventos começaram a rolar de vez em quando, mas foi no final de 2015 que Nanam decidiu entrar com tudo e apostar num calendário recheado de festas, para todos os gostos e todos os dias da semana: tem forró, tem carimbó, tem jazz, tem música latina, tem samba, tem DJ e até show de metal, como na histórica noite em que o Gangrena Gasosa tocou por lá e fechou a rua. “Eu falei para um vizinho: me apoia com mercadoria que eu vou entrar com tudo! E entrei mesmo! Quando a crise bateu e as coisas começaram a dar ruim, o movimento começou a melhorar aqui com os eventos”, conta.
Na primeira semana, em 2016, dos seis dias de festa, um bombou e nos outros cinco choveu muito. Então logo entrou a ideia de armar uma lona grande o suficiente para cobrir toda a largura da rua Imperatriz Leopoldina, para ter diversão faça chuva, sol ou céu estrelado. Quando os vizinhos começaram a reclamar do barulho, o início do fervo foi antecipado, para agradar todo mundo. “Eu gosto de ficar aqui direto. Aqui eu trabalho, aqui eu me divirto, aqui eu arranjo mais e mais amizades, eu amo o lugar”, se declara Nanam, que mora a poucos quarteirões dali.
Foi por causa do bar, aliás, que ele ganhou “um irmão maravilhoso”: o produtor André Mattos, o responsável pela incrível ideia da programação de pré-Carnaval, batizada pré-carnanamval (esse nome <3), que tem deixado os nossos fins de semana mais divertidos e purpurinados. A parceria de trabalho evoluiu para uma amizade profunda e André até embarcou com Nanam para Cocal, na última visita que ele fez à família. O dono do lugar mais agregador desse verão gosta é de se cercar de pessoas que zelam e cuidam do espaço, aquelas que tratam o bar e as pessoas com carinho. Ali só tem espaço para a igualdade, a liberdade, a diversidade e, principalmente, o respeito entre todos. “Gosto de gente que vem para acrescentar, para somar, que cuida do lugar. Eu prefiro fazer que nem o Silvio Santos: mostrar o Chaves a vida toda, mas sabendo que não vai dar problema”, brinca, reinventando a máxima “em time que está ganhando não se mexe”.
Falando em time, ele pode formar um de basquete só com seus filhos: são cinco! Três deles com 15 anos, mas não pense que são gêmeos: “eu engravidei três mulheres ao mesmo tempo”, revela, com uma gargalhada. “Se uma gravidez é difícil, imagina três!”, completa. E alguns anos mais tarde vieram os dois pequenos. “E se eu arranjar uma parceira, ainda vou fazer mais dois! Ou três. Ou quatro”, disse, antes de emendar um “Tô brincando!” quando viu nossa cara de susto.
Nanam tem 40 anos recém-completados, em um domingo de Carnanamval de janeiro, do qual ele participou até o final, mesmo com uma gripe daquelas. “Olha, foi show de bola esse aniversário. Emoção à flor da pele. A galera toda gritando meu nome, eu saí daqui maravilhado. Estava com febre, mas com a galera gritando eu até fiquei bom”, conta, felizão, ao som de mais uma gargalhada daquelas.
A revitalização da Praça Tiradentes e seus arredores são mais um incentivo para o crescimento da efervescência por lá. E Nanam faz uma aposta: “Eu acredito que isso aqui vai ser um reduto só da arte. Escute o que eu tô lhe falando”. E nós estaremos lá para conferir.