Jade Baraldo desafia o zodíaco e impõe sua marca (e voz)
A cantora catarinense que tá chegando pra provar que talento não tem idade
Publicado em 09/2017
Na roda do zodíaco, os que nascem com Sol em Libra são conhecidos pelo senso de justiça e indecisão - não à toa, o signo é simbolizado por uma balança. Mas Jade Baraldo, nascida em 28 de setembro, de indecisa não tem nada. Vai ver é “culpa” da sua Lua em Capricórnio, mas fato é que ela sabe bem o que quer, o que gosta e qual caminho vai seguir.
Ela adora música pop e trap, logo, seu primeiro single, "Brasa", seguiu essa vibe - e ficou no primeiro lugar do ranking de Virais do Spotify Brasil por nove dias. Se SZA e Jorja Smith não saem dos seus fones de ouvido, por que não entrar em contato com os produtores delas pra propor uma parceria? O duo Seemore Beats, que trabalha com Jorja, adorou a demo que recebeu, começou o trabalho, mas achou melhor esperar um pouco para lançar uma música em português. Ok, tudo tem seu tempo.
No meio do caminho, Jade encontrou Damien Seth, brasileiro nascido na França que tem os dois pés no rap e no hip-hop e assina a produção de “Brasa”. Os dois já viraram super parceiros de trabalho, tipo contrato de união estável. Falando em contrato, ela não assinou nada com nenhuma gravadora porque quis segurar as rédeas de sua carreira e se lançar de forma independente. Não dissemos que ela sabe o que quer?
“Tive que me posicionar de forma independente por uma questão de sobrevivência. Tive a sorte de me cercar de pessoas maravilhosas e isso facilitou o trabalho de lançar de forma independente. Acho que essa etapa de escolher com quem trabalhar é muito crítica. Faço menção especialmente ao Damien e à agência Milk, que conduziu o lançamento, principalmente na parte do alinhamento com as plataformas. O Damien tinha uma postura totalmente humilde e flexível e ouve tudo o que eu digo. É firme em alguns pontos, mas também entende que tem que respeitar a minha verdade. Ele nunca se posicionou como gênio de nada, só se propôs a trabalhar. Tenho muito respeito por ele”, conta a catarinense de Brusque, que adotou o Rio de Janeiro como casa após participar do The Voice Brasil, em 2016.
Aos 18 anos (sim, dez-oi-to), Jade está construindo seu primeiro disco sem pressa. Enquanto isso, lançou um EP com remixes de “Brasa” (incluindo uma versão por Scoop DeVille, que já trabalhou com Kendrick Lamar e Snoop Dogg) e daqui a pouco colocará um novo single por aí. “A indústria da música pop hipervaloriza a juventude e a precocidade, então nesse sentido é bom (ser jovem). Por outro lado, até o lançamento fui abordada por um grande número de pessoas do mundo da música que julgam que por eu ser nova eu seria necessariamente ingênua e vulnerável. Viam, e alguns ainda veem, em mim um talento suscetível”, desabafa.
Apaixonada por videoclipes e cantoras poderosas, como Lady Gaga, Abra, Banks e Lana Del Rey, Jade sabe de cor os clipes de seus ídolos e os usa como inspiração para produzir os seus. Para “Brasa”, montou uma equipe colaborativa, mas não curtiu muito o resultado final. A poucos dias do lançamento do single, a solução foi convidar o amigo Marcus França para filmar, com a ideia de apenas apresentá-la para o público. Hoje, o clipe montado pela própria Jade em seu computador, já coleciona mais de um milhão de visualizações no Youtube.
“Tivemos as idéias juntos, ele filmou tudo sozinho com a (Canon) 5D dele, escolhendo as luzes, os ângulos, e eu montei o videoclipe sozinha. Nunca tinha usado o Final Cut Pro na vida. Levamos quatro dias e gastamos muito pouco nesse processo”, explica.
Você também sentiu que Jade é boa de reunir e conectar pessoas ou foi impressão só nossa? Pois pode adicionar um nome (incrível) nessa lista aí: Chico César. A amizade começou no Instagram, quando Chico curtiu e comentou um vídeo em que ela cantava “Perota chingó”. A partir dali, os dois começaram a conversar por mensagens e, em uma passagem dele pelo Rio, se encontraram.
“Já o amava antes, considero um dos pais da nova MPB. No Instagram dele, tinha um vídeo com um esboço de canção que ironizava a cultura dos ‘likes’, e ele cantava com uma cara de sono. Não sei se de fato ele ia desenvolver uma canção com aquilo, mas eu amei, achei perspicaz e lindo, porque tratava do assunto com ironia, mas ao mesmo tempo se colocando como partícipe da cultura, portanto com uma certa doçura também. Quando enfim nos encontramos, pedi pra gravarmos um vídeo e ele achou que eu ia escolher uma música tipo "Mama África" (risos). Mas eu disse: ‘negativo, quero um vídeo com aquela musiquinha lá do Instagram’”, recorda. Pedido feito, pedido realizado e um vídeo postado no Youtube para coroar a parceria. Olha aí mais um indício daquela Lua em Capricórnio de quem é persistente e sabe o que quer...
O que ela também quer, além de ser reconhecida pelo seu trabalho e talento, é lutar contra o machismo - como boa parte das mulheres da sua geração, que se mostram cada dia mais engajadas com movimentos políticos e sociais. “Acho o feminismo muito importante, porque o machismo é latente e só não se expõe tanto pelo pavor das consequências. Se afrouxarmos, eles voltam com tudo.” E já deu pra sentir que a determinação dela não vai deixar, né?