I Hate Tour '14 - Barcelona Report
Publicado em 06/2014
Dias 14 e 15 - Sónar Barcelona 2 e 3
Escrevendo esse post no 17º dia, já que no 16º nos estávemos ocupados editando e estando mortos - e como o set do festival já está online (vê lá!) e com mais de 500 fotos (!), resolvemos fazer um top 5 com os melhores momentos do Sónar para cada um de nós (vulgo Martini, Duarte e Schlaepfer, a seguir):
- Nils Frahm, enchendo o Sonar Hall com sua música que é clássica e ultra moderna ao mesmo tempo
- Despacio, um exagero sonoro para um experiência sem igual
- Sónar Planta, uma instalação com o que tem de mais moderno em arte e tecnologia sonora, criado por Carsten Nicolai, o Alva Noto
- Finalmente assisti Lykke Li e suas músicas sofridas e belas
- Nile Rodgers com o gran finale ideal, uma grande festa sem limites
- O público mais maduro em relação aos outros festivais que fotografamos nessa temporada, mais ousado e seguro no que está fazendo e vestindo, além de mega respeitoso nas apresentações, das mais sensoriais (auditório) às mais explosivas.
- O show do Buraka, divertido e visceral, sem dúvida o mais astral de todo o Sónar Dôme. Começou com a vocalista entrando em transe e terminou com as minas mais loucas da plateia dançando kuduro no palco.
- O Despacio, experiência que durava 6 horas por dia de Sónar e resgatava as características fundamentais de uma festa: ouvir novos sons, mesmo que eles sejam velhos clássicos para James Murphy e os 2manyDJs, e curtir essa injeção sonora sem preocupações paralelas (como instagramar a performance dos caras, por exemplo).
- A pontualidade das apresentações. Tudo bem que essa é quase uma regra nos festivais lá fora, mas vivendo no Brasil um show começar exatamente no minuto divulgado, em meio a tantos outros shows acontecendo ao mesmo tempo em palcos diversos, continua sendo digno de nota.
- A festa do Chic feat Nile Rodgers, apresentação antológica pra quem gosta de disco music ou qualquer outro som que flerte com o groove. Nile Rodgers é o cara e tendo o Chic como banda suporte ele faz o espetáculo-banda-baile mais legal do mundo, te fazendo descobrir que ele produziu uma porrada de música fudida do imaginário pop global.
- Ter sido surpreendido com apresentações absurdas de artistas que eu conhecia muito pouco ou nada, literalmente escolhendo alguns dos shows ao acaso só pra ver no que daria.
- Ter sido surpreendido também pelas atrações que eu já conhecia de alguma forma, com performances fora da curva e total abertura para experimentação.
- Pessoas mega receptivas e interessantes - tanto nas conversas quando nas fotos, o que melhora todos os níveis do trabalho.
- Sala de imprensa com energético infinito e o café mais gostoso que tomamos - acredite, faz toda a diferença quando passamos 18 horas por dia em um festival.
- Sei que será repetitivo, mas o Despacio. Ponto. <3
Dia 13 - Sónar Barcelona 1/3
Finalmente chegou! O segundo festival que viemos fotografar oficialmente nessa tour - para as mídias do próprio festival e nossas colaborações com a Vogue Brasil, a Void e a Noize, além de para nós mesmos, é claro -, e o que estávamos mais curiosos para conferir.
O Sónar é conhecido por apresentar o que há de melhor na música de vanguarda e arte multimídia, e é bem diferente dos outros festivais que fotografamos nessa tour, por ser totalmente urbano e voltado para a música eletrônica.
Desde o ano passado a versão diurna do festival acontece na Fira Montjuïc, na Plaza d'Espanya, e é daí que começamos a achar tudo animal no festival: como grande parte da cidade, a Plaza tem um projeto arquitetônico de cair o queijo, e as filas gigantes para pegar as credenciais nem nos incomodaram tanto já que ficávamos olhando para tudo em volta numa vibe meio turista abobalhado.
Um ponto que nos chama atenção desde que conhecemos o festival são as bandas / artistas que se apresentaram: normalmente conhecemos a enorme maioria das atrações que fotografamos, mas aqui elas eram a exceção - e curtimos demais isso, é muito bom descobrir músicas ao vivo, e hoje fomos apresentados a muita, muita coisa que curtimos demais.
Outro diferencial em relação aos dois outros festivais que fotografamos nessa tour é o público, com uma faixa etária maior e mais ousado no visual - é, "ousado no visual" é uma expressão meio mais ou menos, mas não achamos válido chamar de "hipster" porque não foi exatamente essa impressão que nos passaram: no geral, pareciam só curtir aquele cabelo / roupa / acessório (pochetes!) e estarem pouco se fodendo em estar agradando ou não. Preferimos assim.
A gente combinou de não fazer uma resenha gigante do que mais curtimos para não ficar um post tão grande quanto o último do Primavera, mas não dá pra não comentar sobre uma certa atração que tocou por 6 horas seguidas, e que repetirá a dose nos outros dias do festival - e ainda assim, a todo momento que passamos lá havia uma fila com uma espera entee 1 e 2 horas para poder entrar: Despacio, um projeto de ninguém menos que James Murphy (cabeça por trás do LCD Soundsystem e da DFA Records) e 2ManyDJs (Também conhecidos David e Stephen Dewaele. Ou Soulwax. Ou Flyring Dewaele Brothers. Ou...), onde tocavam "despercebidos" (diríamos até escondidos) apenas vinís de suas coleções pessoais, em um ambiente pequeno com 50,000 watts de McIntosh cercando a área. Ponto.
Nesse primeiro dia não teve a edição noturna - vulgo Sónar By Night, que acontecerá na Fira Gran Via L'Hospitalet -, e já chegamos completamente exaustos no hostal. Agora são 6:30 da manhã, e acabamos só metade do trabalho que temos que entregar até "amanhã" (hoje, depois de acordarmos e antes de irmos para o segundo dia de festival), então se não conseguirmos atualizar de novo até sábado, é porque resolvemos dormir no próprio festival mesmo, então de boa.
Dia 12 - Oxford + Carnaby Street
Londres é uma das cidades que mais consomem moda no mundo, e é meio inevitável pra gente não querer participar disso, ahn, ativamente; enquanto passávamos por lugares legais - que no caso de ontem foram os arredores da Carnaby Street - procurando gente legal pra fotografarmos acabamos passando por lojas que gostamos bastante, e aproveitamos para fotografá-las e exercer desapego monetário. Deu tão certo que ficamos (pobres e) tão satisfeitos com o que encontramos que resolvemos compartilhar por aqui nosso roteiro-de-compras improvisado. Segura o cartão com fé e vai.
Assim que tomamos nosso rumo do Soho em direção a Carnaby demos de cara com uma Amorino, e lá mesmo começou o rolê gastão. O sorvete de origem francesa (que se vende como italiano, tsc tsc) é famoso pela apresentação em forma de flor na casquinha, como se cada sabor fosse uma “pétala”. É bonito e gosto pra caralho, mas derrete muito rápido (tem que ser ágil na foto pro instagram hehe). Você pode misturar quantos sabores quiser (!), mas aí vai a nossa dica: não deixe de incluir o de nozes e o de pistacchio, são surreais de bons!
Continuando o caminho outra surpresa: uma loja da Supreme numa ruazinha aleatória ainda pelo Soho. Fizemos questão de entrar, lógico, mas não piramos muito no que vimos... Não deu pra sacar se nem todas as peças chegaram ou se realmente não curtimos tanto essa coleção, mas nada nos motivou a abrir a carteira - Supreme costuma pesar no bolso, então pra levar você tem que curtir muito, certo? Saímos da loja sem sacolas... Por enquanto.
A Dr. Martens é sem dúvida uma das marcas mais clássicas da história da moda de Londres (mesmo tendo sedo criada na Alemanha), de fato um símbolo muito forte no lifestyle do jovem inglês, nos mais diferentes segmentos - do punk ao seapunk. A loja e atendentes são supercool, as peças não-calçados deles também são bem feitas pra caralho (cinto, tricôs, carteiras, etc) e a localização não podia ser melhor: o coração da Carnaby Street. A dica é ir com calma pra não perder a cabeça e se lembrar sempre que a bota não é a parada mais confortável do mundo à primeira prova, além de ser um batia volume extra em uma viagem. Mas e daí? Se puder, compre. Sem medo. O bagulho vai durar a vida inteira e o perrengue de entulhar ainda mais a mala ou ter que viajar com couro novo machucando os pés passa rapidinho, tá valendo.
Próxima parada: Size?, certamente a loja de sneakers mais completa em que passamos. Aqui foi beeem difícil segurar a onda. A gente se amarra em sneaker e todas as novidades de todas as nossas marcas favoritas estavam ali nas prateleiras, a um preço impraticável no Brasil, então a tentação é gigante. Fomos ver o andar debaixo na tentativa de consumir menos e erramos feio, erramos rude: levamos uns bonés, camisas, bermudas, meias, acho que toda variedade de produtos que encontramos na Carhartt, a loja no subsolo - que além da marca própria, também vendem HUF, Obey, The Hundred e umas marcas de urban wear que a gente se amarra. Na hora de pagar, o Fernando levou também um exemplar da Sneaker Freaker só pra não poder dizer que não comprou nada relacionado a tênis nessa viagem.
Resolvemos nos perder um pouco pelas ruas que cortam a Carnaby Street e dali vieram algumas ótimas surpresas, como a Lazyoaf. Um emoticon feliz como logo estampado em néon logo na entrada, música muito boa porém desconhecida tocando o tempo todo (viva o Shazam, descobrimos umas coisas legais tipo isso aqui) e roupas (bem!) estampadas pra meninos e meninas. A coleção atual era focada no Garfield, com uma pegada tye-dye e cores pastéis predominando. Enfim, cool pra caralho. O catálogo dos caras é uma revista absurdamente bem feita, cheia de fotos autorais e uma direção de arte muito redonda, que também compramos (junto com algumas ~maxiestampas~, por que não?).
Pra acrescentar ainda mais ao rolê, na saída ainda encontramos o @hatabouttown, camarada que passa o dia fotografando adereços de cabeça legais pela cidade (!) e parou pra registrar o boné do Hick. When the game turns against us!
Outra loja que encontramos nessa de explorar as transversais da Carnaby foi a Drop Dead. Não gostávamos de nada que tínhamos visto da marca até então, mas essa coleção nos agradou bastante por ser quase totalmente dedicada ao Itchy and Scratchy - vulgo Comichão e Coçadinha, o desenho-dentro-do-desenho dos Simpsons, tipo um Tom e Jerry com violência elevada a enésima potência, estampados desde camisas com cortes totalmente podres a bolsas e malas. Valeu perder o preconceito e comprar umas peças.
Na volta pra casa, já cheio das sacolas, passamos pela Oxford a caminho do metrô, e lá tem mais trocentas lojas - a maioria mais conhecida mas não menos legais, como uma Urban Outfitters bem grande e uma Topman totalmente gigante, além de Zara, Primark, Uniqlo, H&M e Uniqlo, que sempre se consegue alguma coisa legal e por vezes a preços risíveis.
Rimos muito.
Ficamos pobres.
Dia 11 - Field Day @ Victoria Park
Nosso plano era pegar dois festivais em pouco mais de duas semanas, que somados as pessoas que combinamos de fotografar por aqui (pra um projeto que já já a gente divulga!) e os picos que a gente queria visitar pra completar a tour, já seria o suficiente pra nos fazer perder a cabeça (e as horas de sono, pra variar). Mas, estando em Londres, com todos os nossos amigos daqui com ingressos na mão, e nossa obsessão por festivais falando mais alto, a gente não teve dúvidas: bora pro Field Day. Com a câmera na mão, lógico.
Como foi uma decisão muito de última hora, não deu tempo de agilizarmos o credenciamento. Então entramos como público comum, fotografando a experiência da galera de igual pra igual, encontrando gente foda em todos os cantos, curtindo shows mais fodas ainda.
O Field Day é quase um bis do line-up do Primavera Sound em versão redux, e acontece quase todo à luz do dia (o último show começa às 21h, horário do pôr-do-sol por aqui) no Victoria Park, que é invadido por oito palcos com muitas atrações simultâneas (e dilemas de cortar o coração) e um parque de diversões com uns brinquedos insanos pra fazer a cerveja subir mais rápido.
Chegamos umas 15 e passamos o show da Sky Ferreira inteiro na fila pra entrar - que demorou bastante porque eles eram bem demorados na revista -, e já tinha muita gente louca esparramada pela grama. Tendas de música eletrônica já lotadas, gente dançando em cima da mesa, carrossel e chapéu mexicano acumulando filas... Os ingleses definitivamente sabem se divertir. E a gente já não sabia mais pra onde mirar a câmera com tanta parada acontecendo de uma vez.
Essa história de fotografar experiência de público acaba não nos deixando conferir os shows na íntegra, mas na correria conseguimos dar um check em quem mais queríamos (re)ver: depois de só ouvir a Sky Ferreira na fila do lado de fora, praticamos só ouvimos o Seun Kuti na fila do lado de dentro. O show já estava bem cheio, os gringos (opa, locais) se amarrando, mas a gente só acompanhou de longe, esperando pra mandar um burrito - aliás, como tem comida gostosa nos festivais do lado de cá!
Em seguida, um dos que mais queríamos rever: Dev Hynes estava claramente num dia especial, deu pra sentir que o show do Blood Orange à luz do dia tem outra pegada. A química entre Dev e Samantha estava ainda maior (rolou até cover de Friends!), o Skepta apareceu pra cantar o rap de "High Street” e Dev fez o seu tradicional medley no final, com músicas próprias e de artistas com quem já produziu - de Solange a Florence & The Machine.
O Jamie XX, que não conseguimos ver direito no Primavera porque o espaço do Boiler Room estava completamente lotado (tem a foto do momento no set, vê lá!) entregou um DJ set genuíno, mesclando alguns de seus remixes clássicos com prévias de sons que ele ainda não lançou (e talvez nem vá lançar).
Seguimos para um bis do Jagwar Ma, que sem dúvida tá no seu melhor momento: a primeira vez que os vimos eles tocaram para 20 pessoas - das quais 10 não estavam nem aí pro som - numa Pool Party, e dessa vez o público sequer coube na tenda onde o show rolava e muita gente ficou vendo pelo lado de fora, cantando junto e entrando na viagem dos australianos.
Fotografamos mais um pouco no caminho até o Lunice, e por lá ficamos. O cara é insano ao vivo, não pára um segundo atrás do palco, é o tempo de virar a próxima música e ir pra grade agitar o crowd. Incrível como o bass é o novo trance e na Inglaterra isso tem um impacto absurdo, Lunice transformou a tenda do Red Bull Music Academy em uma rave furiosa nos seus 50 minutos de set.
Mais um show repetido que fizemos questão de ver: o Metronomy foi headliner do dia, num showzaço em todos os sentidos: cenografia impecável, execução sem erro, tudo muito ensaiado e, porra, é hit atrás de hit, não dava pra terminar o dia do melhor (na real até dava, porque ainda tinha o Fat White Family, mas a gente se perdeu pra encontrar o palco e já estava dando a hora do metrô fechar, mas tudo bem).
Voltamos pra casa para... trabalhar mais ainda, já que a Vogue estava à espera das nossas fotos para publicarem logo na primeira hora da segunda. Ninguém dorme!
O set do Field Day já está no ar, dá uma olhada aqui que tá bonito! :)
Dia 10 - Chromeo @ Roundhouse
Tá rolando o Field Day neste fim de semana em Londres e a gente tá mega empolgado com mais um festival de brinde, mas o nosso principal motivo pra vir pra Londres foi o convite do Chromeo pra fotografar o show deles na Roundhouse - clássica e respeitada venue inglesa que sempre ouvimos falar sobre e estávamos loucos pra conhecer, principalmente num show desses.
O evento tá sold out há um tempo e o David nos adiantou em Barcelona que várias novas invenções cenográficas seriam botadas em prática, então a gente tava com ainda mais fogo no rabo de registrar o show. Chegamos à Roundhouse, junto com outros 3 mil aficcionados pelo Chromeo, pegamos o nosso adesivo-credencial e corremos pro palco.
Antes do duo entrar no palco, a Dominique Young Unique (aquela que canta Earthquake com o Diplo e o DJ Fresh, lembra?) apareceu pra um show de abertura meio que surpresa. A gente ainda não entendeu qual a real ligação entre o ela e a atração principal da noite, mas lá estava ela, com muita fúria e pouca roupa, entregando seu repertório pouquíssimo conhecido, com músicas muito similares umas às outras, ainda que os beats (assinados pelo DJ Fresh) fossem bem bons. Fotografamos e curtimos, mas nada que nos prendesse tanto a atenção, em hora alguma.
Já no show do Chromeo, a história foi bem outra. A plateia de Londres estava MUITO entregue, parece que esperavam por esse dia há muito tempo. David e P-Thugg estavam especialmente empolgados também, fazendo dancinhas, inventando novas posições no palco, prolongando os hits, tudo absolutamente sincado com a iluminação - David inclusive, fez questão de mostrar várias vezes uma das novas invenções cenográficas que mais curtiu: a guitarra prateada que recebendo um canhão de luz refletia um raio direcionado por ele em direção a plateia. Apresentação redondinha, que rendeu muita foto boa (e vídeo também!), que já já colocamos online em um novo set deles.
Comemos uma merda qualquer (conhecido como refeição típica de Londres até agora) e fomos do Roundhouse pra casa pra encarar o Field Day no dia seguinte, mas em vez de dormir ficamos editando as fotos ouvindo mais Chromeo e lembrando do melhor dos 3 shows quase que consecutivos que vimos deles. Valeu demais David e Patrick por mais uma noite memorável! :)
Dia 9 - Rocinha Monaco Report
O que é o que é? É construído no morro. Carregado na ostentação brega. A maioria é gente honesta e trabalhadora, mas quem manda mesmo são os criminoso. Rola jogo de azar. Tem suas próprias leis e ninguém paga imposto de renda, e a polícia não ta nem aí.
É isso mesmo: Monaco. Enquanto os gboys tão lá em Londinum, eu (Martini) continuo na França, desse vez visitando a capital mundial dos coxinhas, onde você pode ostentar seu Rolls Royce livre de impostos por suas ruas estreitas, e torrar seus milhões de reais euros no famoso jogo do bixo Casino Royale. Onde ser brega e torcer pra Ferrari tudo bem, por que você é rico. E pode passear tranquilamente no lugar onde você não nasceu, no seu barco de 8 andares registrado nas Ilhas Cayman. Pra não pagar imposto. Afinal só paga imposto quem quer, ou quem é pobre.
E pra terminar: Ele! O rei dos coxinhas está por aqui também. No jardim do palácio real.
Dia 9 - Barcelona Londres report!
Quando chegamos em Barcelona, pensamos que três semanas seria tempo suficiente pra finalmente explorarmos a cidade, conhecer os melhores picos sem pressa, trocar uma ideia com os locais e tudo mais, mas porra nenhuma: Primavera Sound e toda a cobertura em foto e vídeo para tantas mídias sugou cada segundo do tal "tempo livre". Mas tudo bem, como falamos dois posts atrás finalmente terminamos 100% das entregas, agora sobrará bastante tempo por aqui, e... Adivinha? Sobra não! Recebemos um puta convite legal e lá fomos nós para mais um trabalho no velho mundo, dessa vez em Londres!
Fomos convidados pelo Chromeo a fotografar a rodada inglesa da tour deles - um show sold out na Roundhouse. Como se não fosse o bastante, nossos amigos Rafa Lopes e Gabriel Finotti já tinham botado uma pilha brabíssima para irmos com eles no Field Day, que rola exatamente no fim de semana de “folga” que teríamos em Barcelona... Deu nisso, cá estamos nós, com esses dois galãs de novo.
Mal largamos as malas na casa do Rafa e fomos pra London College of Comunication, onde está rolando a exposição dos trabalhos finais dos cursos de fotografia de lá - um programa mais do que convidativo pros viciados aqui. Muitos trabalhos legais expostos, regados a cerveja e vinho pra aprimorar a percepção estética (colou essa?), alguns deles impressos em zines, livros ou álbuns (pegamos um monte) e muita gente foda circulando, com quem trocamos várias ideias promissoras. Rolê suficiente pra sentir que os poucos dias por aqui vão ser brutais de produtivos.
Depois da exposição, nos juntamos à Naz, jornalista da Tank Magazine, pra encontrar outros amigos que também estão morando por aqui, mas dessa vez na pizza mais gostosa da cidade - pelo menos foi como o Finotti vendeu a ideia pra gente...
... e tava certinho. O pico por si só era animal: um restaurante na beira de um dos canais do Thames, com vários barcos antigos e esse pôr-do-sol arrebatador como background. O Crate Brewery, além de servir uma diversidade incrível de pizza, produz e vende a sua própria ceveja, também com suas variações de sabor e teor alcóolico.
De pizza de porco com falafel a queijo feta com batata doce, a gente experimentou quase todo o cardápio, e nenhuma delas foi menos que excelente - comemos tanto que chegamos em casa com o combo barriga cheia + bateria vital baixa fazendo a gente apagar enquanto escrevia. Vamos bater um sono de meia horinha e já já o sol nasce pra gente começar nosso segundo dia na nova cidade!
Dia 8: Côte D'azur
Chegou a hora em que temos que mudar o nome desse post, que era pra ser um Barcelona Report mas acabou de se dividir em mais dois destinos: enquanto a dupla dinâmica Schlaepfer e Duarte foi fazer um trabalho logo ali em Londres (que eles já contam no próximo post!), o Martini está curtindo a vida em Nice, fazendo nem ele sabe o que, cercado de gringos doidos e tomando muita cerveja belga. Certinho.
Alguma das cenas que ele registrou sem querer / por querer:
Dia 7: Vinçon + Nevermind
Passamos os últimos dois dias trancados no hostal (como falamos no post passado) e hoje finalmente pudemos dar o primeiro dos tão esperados rolês pela cidade - ainda que começando tarde pra cacete, depois de um merecido sono de pedra.
A primeira parada foi a Vinçon, que já tinha sido desbravada e recomendada pelo Ariel: uma loja animal de design que vai de mobiliário e utensílios de cozinha a papelaria e toyart, tudo com uma pegada bem hype - tipo a linha inteira de produtos da Moleskine + Pantone, uma variedade gigantesca de objetos de iluminação e materiais de escritório inusitados, móveis esquisitos (tipo um tamborete em formato de Oreo que o Hick só não levou porque não coube na mala), réplicas de cabeças de crocodilo e de corvos em tamanho real (esse o Fê levou mesmo não cabendo na mala), entre muitos outros objetos tão variados quanto - incrivelmente a um preço não-absurdo, mas ainda assim meio salgado pra nossa realidade brasileira. Tudo bem, nessa hora a gente se lembra do lema universal das viagens gastonas: quem converte não se diverte. E lá se foram nossos euros.
Pra compensar a gastação, fomos no rooftop da loja e tomamos um monte de cerveja de graça, aêêê! Aparentemente rolava a inauguração da área externa, com mesas de pingue-pongue (?) e um jardim bonitão, mas a maior parte ainda em obra.
Depois almoçamos no self-service mais barato da redondeza (vamos falar dos rolês comilões em um post gastronômico em breve) e partimos pro Nevermind, com o Alexandre Baltazar (brother que fez aquelas ilustrações fodas do Lolla pra gente) e com o Stefano Rizzardi (um italiano gente bueníssima e editor da RAW Cycling Mag, uma publicação independente focada em fixed gears).
O Nevermind é um bar bem da hora e segunda casa dos skatistas de Barcelona. Só porrada sonora tocando (de Beastie Boys a Eagles of Death Metal), cerveja a preço justíssimo, pipoca de graça, vídeos de skate em televisões espalhadas, mesas dentro de mini-rampas e uma rampa skatável de verdade no fundo do bar. O pico é tão sujo quanto acolhedor, do jeito que a gente gosta.
A parte ruim: só descobrimos hoje que perdemos um show irado que o Nevermind organizou ontem. O show do Mistits. Que deve ser tipo uma versão feminina e sem pudores do Misfits, com side (front?) boobs temperando a apresentação. Nunca vamos saber.
Dias 5 e 6: edições, mais edições e um pouco de edição enquanto editamos.
Como ficamos os dois últimos dias praticamente inteiros trancados aqui no quarto do hostal - um meio termo entre hostel e hotel, típico aqui na Espanha - editando as fotos, vídeos, textos e separando o conteúdo que também geramos para outros veículos - dessa vez a Vice espanhola, a Noize e a Vogue brasileira -, não tínhamos nada de novo para atualizar o diário.
Mas, pra mostrar que nem todos os dias de uma viagem-para-cobrir-festivais são tão incríveis como os últimos, é válido falar de dias como esses: a tal vida como ela é. Então segue uma foto do Schlaepfer e Hick, nesse exato momento, com o dia nascendo mais uma vez e ainda atolados em meio a bagunça e bem longe de terminar as edições da rodada.
Acontece.
Bastante.
Dia 4: Chromeo, ooo o
Depois de estarmos completamente acabados do combo maratona de festival + noites viradas de edição + ressaca monstruosa, tudo que a gente poderia querer depois de três dias nessa correria extrema seria dormir ad infinitum, certo?
Completamente errado. Se nem em nossa casa fazemos isso, não será em uma viagem que vamos começar. Ainda mais com um certo incentivo extra: de noite teria um show do Chromeo na Sala Apolo, e nós estamos devendo umas fotos com eles desde o último festivais que os encontramos, o tal do Coachella. Ótima desculpa - como se precisássemos de uma para querer ir -, e lá fomos nós.
Explicamos: vimos o show deles no Queremos, no Circo Voador, e além de fotografarmos também rolou um DJ set da 7 Day Weekend - uma das festas que o Schlaepfer toca, e quando se conheceram oficialmente. No dia seguinte o David (Macklovitch, o magrelo do duo) compartilhou algumas das nossas fotos e ficamos mega felizes, mas não parou por aí: tempos depois ele nos escreveu por ter visto que estávamos na mesma cidade que ele (Nova York na época) e disse que queria que fizéssemos fotos deles por lá, mas eles já iam embora no dia seguinte, então acabou não dando tempo - e meses depois rolou praticamente a mesma coisa no Coachella, mas quem teve que ir embora no dia seguinte fomos nós, que já estávamos com uma série de trabalhos marcados no restante da viagem.
Dessa vez finalmente deu certo - ainda que tão corrido quanto o esperado: David nos chamou pra encontrarmos com ele no hotel e irmos juntos para a Sala Apolo, no último dos eventos relacionados ao Primavera Sound na cidade.
Chegamos pouco tempo antes do show, e o Patrick (P. Thugg, o gordinho do duo) já estava por lá. Conversamos mais um pouco e entre comer alguma coisa e beber muita coisa, fomos procurar algum lugar para fazer as tais fotos com os dois, mas faltando dez minutos pro show não deu pra inventar muito: em menos de 10 cliques inventamos 3 cenários pelo backstage mesmo e pronto, o manager já os chamou para entrar no palco, fim das fotos.
Até parece, foi o começo! A gente tem esse problema né, não conseguimos só parar e ver um show que gostamos, então fomos obrigados (por nós mesmos) a fotografá-los mais uma vez em ação - e mais uma nos acabamos em mais uma noite, pra não variar muito.
Terminamos o dia empolgados pra vir pro hotel e começar mais uma maratona de edições (é, já subimos o set aqui!), e com ainda mais assunto relacionado ao Chromeo em muito breve - mas isso será assunto pra um novo post no final dessa semana. :)
Dia 3: Primavera Sound
Acabou! :( mas :)
O último dia do Primavera foi, sem dúvidas, o melhor: o tempo abriu mas continuou meio frio, as pessoas estavam mais felizes / bêbadas, vimos a maioria das bandas que queríamos, fizemos mais imagens que os dois dias anteriores e conseguimos ficar um bom tempo com alguns de nossos amigos que resistiram bravamente até o final do festival (umas 8 e pouco da manhã!).
Chegamos um pouco antes do Caetano começar seu show, e não tínhamos visto o palco Ray-Ban nem metade cheio do que estava ainda com o dia claro. Foi muito foda ver tanta gente (que nem fala português!) cantando durante toda a apresentação, que foi a única do festival que teve bis mesmo tendo outra banda pra se apresentar depois. Pelo menos musicalmente, a moral do Brasil está altíssima por aqui - Amarante, Black Drawing Chalks, Boogarins, Single Parents e Móveis que o digam.
Depois mudamos completamente a vibe e fomos ver o Earl Sweatshirt no palco da Pitchfork, com uma apresentação 100% crua: nenhum objeto de cena no palco, nenhum músico de apoio e um DJ set de quase meia hora antes dele entrar no palco. Encarou o festival como um showzinho na esquina de casa, acho - o que definitivamente não quer dizer que foi ruim.
Enquanto ainda rolava o Earl, começou o Godspeed You! Black Emperor - que já tínhamos visto no Coachella retrasado, e tentamos de novo. Gostamos da banda, mas a impressão foi a mesma: não funciona em um festival do tipo, porque exige uma dedicação e isolamento pra conseguir entrar na atmosfera do show que é bem complicado de se conseguir enquanto luzes do dia (ainda claro, mesmo de noite) e iluminação do restante do espaço aberto estão interferindo nas projeções e o som de outros shows interferindo na experiência auditiva. Não rolou, fomos jantar.
Quando finalmente caiu a luz no Forum (23h!), começou o Kendrick Lamar, o único representante do Hip-Hop entre os headliners, no palco Heineken.
Um show mega esperado - por nós inclusive - mas ainda não sabemos se gostamos ou se o incômodo por ter parecido uma apresentação do Naldo (tanto visualmente quanto na reação do público) venceu a empolgação em ver um dos discos que mais escutamos ano passado tocado quase inteiro ao vivo.
Voltamos para o palco da Pitchfork pra ver o Blood Orange, que superou as (altas) expectativas: a banda é muito completa, e as músicas crescem ainda mais ao vivo. Não bastasse a execução perfeita dos seus dois albuns, ainda rolou uma jam / mashup de sucessos que têm o dedo do Dev Hynes na produção, e uma participação surpresa do figuraça Connan Mockasin pra fechar a tampa.
Saímos correndo pro Nine Inch Nails a alguns quilômetros de distância, no palco Sony, e rolou o único momento mala onda da noite: o pit já estava cheio meia hora antes do show começar, e muitos fotógrafos ficaram de fora. Um balde de água fria na noite que estava mais fria ainda, mas nada que as primeiras porradas de Wish não tenham resolvido.
No extremo oposto do Forum vimos mais um show dos escoceses do Mogwai, no palco ATP muito mais cheio do que deveria - e conseguem ser ainda mais lisérgicos e transcendentais ao vivo.
Sei lá o que eles usam, mas funciona.
Falando em extremo oposto do Forum, agora foi a vez do Foals, no palco mais distante possível - o da Heineken, que foi devidamente bebida aos litros nesse ínterim. Quando finalmente chegamos para fotografar as 3 primeiras músicas e sair correndo pro Chromeo, a notícia: eles pediram para dessa vez fotografarmos as 3 últimas. Então... Voltamos quase tudo de novo.
Chromeo! Porra! Show absurdo, tudo certo: palco fodão, ilumunação idem e tudo completamente sincado com o David e o Patrick que estavam especialmente inspirados naquela noite, com o público na mão desde os primeiros coros de "Chro me o, ooo o" da noite.
O palco Ray-Ban, o caminho até as passarelas, as escadas gigantes e todo e qualquer espaço que existente logo depois delas estavam completamente tomados por gente dançando, mas dançando mesmo, durante todo o show - um dos poucos que conseguimos ver inteiro no festival, já que o Cut Copy só começaria quando acabasse ali.
E a última atração que ligávamos naquela noite, Cut Copy, novamente no palco ATP. Show correto, o que é mais do que suficiente pra empolgar demais quem já gosta da banda (nós!) e está totalmente bobo (bêbado!) nos últimos momentos do festival. O plano era terminar de ver o show e finalmente chegar no hotel antes do dia clarear e conseguir dormir decentemente, mas... Eram os últimos momentos do festival, ninguém quer que os últimos momentos de um Primavera Sound acabem, acho.
Resultado: ficamos ouvindo uns DJs (que não vamos roubar e procurar o nome pra fingir que sabíamos do que se tratava) e falando merda com os amigos até o Sol nascer - e um pouco depois -, enquanto o frio começava a ficar menos cruel e o teor alcoólico mais elevado. Acabou com a gente tentando em vão filmar um depoimento coerente sobre o festival e saindo da área permitida do Forum para fazer uma foto, até não conseguirmos mais entrar novamente porque a roleta só girava pra fora. E fim. :)
Dia 2: Primavera Sound
A gente achou que por ser o segundo dia conseguiríamos ter mais tempo pra escrever por aqui, mas o ritmo de ontem pra hoje não mudou muito (nada!): continuamos correndo feito uns loucos para fazer algumas das entregas diárias, separar algumas fotos para colocar aqui, fazer o teaser diário do nosso vídeo report e nadando (muita chuva!) contra o tempo pra ainda pegar um pouco de luz lá no Parc del Forum.
Falando brevemente sobre ontem: tudo foi mais frio. O clima, as pessoas e os shows - o que não necessariamente é pior!
Choveu bastante até umas 21h - horário que felizmente ainda está claro por aqui, o Sol costuma sumir por volta de 22h nessa época - e como as pessoas só saíram da toca nesse horário, começamos a fotografar um pouco tarde e pegamos um pouco menos de fotos de público do que o primeiro dia (mas ainda assim foto pra cacete, já que estamos em 3 fotografando e filmando por aqui!)
Os shows também foram menos efervescentes, e apesar de !!!, Pixies, The National e Jagwar Ma terem feitos shows absurdos, não rolou aquele "corre-que-tamo-perdendo-algo-muito-melhor-do-outro-lado", sensação que sentimos no primeiro dia e que com certeza vamos passar no dia de hoje.
Bora que Caetano Veloso, Kendrick Lamar, Blood Orange, Nine Inch Nails, Foals, Chromeo e mais uma porrada de show foda nos esperam. Até a próxima - com mais texto e menos pressa, a gente garante!
Dia 1: Primavera Sound
Então!
A gente se programou pra fazer um relato diário da viagem por aqui, alimentando o zine de foma mais imediata em vez de esperar sairem todos posts relacionados a viagem e só depois escrevermos sobre por aqui. Maaaaas temos dificuldades em sermos sintéticos, e estamos correndo já para o segundo dia de Primavera Sound, então deixaremos pra contar mais sobre o primeiro dia... no segundo dia.
Pra não começar com um total fail: juntamos algumas imagens que fizemos ontem, no único dia de quase-Sol dessa edição do festival, ao que indica a (im)previsão. Agora cai uma chuva do cacete e vamos correr pra chegar a tempo da Haim! Até amanhã :)