GotazKaen
Difunde eu, difunde tu.
Publicado em 12/2015
Belém do Pará é berço de Fafá, Gaby Amarantos, do tecnobrega, da banda Calypso, Waldo Squash e a Gang do Eletro e de centenas de artistas, fotógrafos, designers e criativos em geral que têm um espaço de intermediação cultural, aprendizado, incentivo e resistência há quase oito anos: o Gotazkaen (o pessoal fez uma Mixtape para embalar nosso post, acesse aqui para entrar no clima). Ou há quase um ano – depende do ponto de vista e da certidão de nascimento que você tiver em mãos.
O projeto deu seus primeiros passos em 2008, ano em que o artista visual Daniel Silva e a fotógrafa Diana Figueroa receberam seus diplomas universitários, no formato de um estúdio de artes visuais, mas foi crescendo, crescendo, se transformando e, hoje, abriga uma galeria de arte, uma deliciosa loja/café, a editora que produz a Gotaz, revista de artes visuais da Amazônia, que recebeu o Prêmio ProCultura de Artes Visuais 2010 FUNARTE / MINC., além de uma escola de atividades criativas, que chegou em 2014, junto com o novo sócio Laercio Esteves e o novo lar - um lindo casarão de mais de 100 anos de idade no bairro do Reduto.
“Sempre soubemos que poderíamos fazer mais do que estávamos fazendo, não só pela gente, mas pela gente e por toda uma galera criativa de Belém que não tinha voz e nem espaço para ser e estar. Foi no meio dessa história que nasceu a ideia Gotazkaen. Nosso objetivo é fomentar e difundir os diálogos sobre arte, cultura e cidadania dentro da Amazônia. Nosso alimento é a força criativa e inovadora, que na Amazônia se manifesta como uma chuva torrencial, fertilizando esse solo para novas iniciativas e que faz correr, como em nossos mares de rios doces, projetos e expectativas”, conta Diana, nascida e criada na cidade onde chove o ano inteiro. “Apesar de existir há 7 anos, começamos uma nova contagem, agora voltamos a ter somente 10 meses”, explica.
Apesar da efervescência criativa e da coragem para tocar cada um dos projetos do Gotazkaen, as dificuldades e preocupações existem, que o diga o aluguel que deve ser pago no início de cada vez e a ausência de apoio governamental. “Quando falo que 'não temos apoio', assim no plural, me refiro a todos os artistas e produtores culturais que sempre precisam correr mil maratonas para conseguir tocar um projeto cultural. Acredito que esse é um problema generalizado no Brasil, onde, infelizmente, cultura e arte não são encarados como necessidades básicas para o desenrolar de uma sociedade saudável”, acredita a fotógrafa, que, ao lado de seus sócios, se preocupa em produzir cada vez mais eventos gratuitos e abertos ao público, para alcançar o maior número de pessoas possível.
Já a distância do eixo Rio-SP e a dimensão gigantesca do estado amazônico só reforça a determinação e a identidade cultural de cada projeto que mora no casarão da Travessa Rui Barbosa. “Belém é uma cidade extremamente inspiradora, aqui tudo é intenso: os cheiros, as cores, os sabores e as pessoas. O Gotazkaen, não poderia ser diferente. Acho que pelo fato de estarmos tão afastados do resto do Brasil, vivendo em uma região onde os estados têm dimensões gigantes, acabamos conservando e convivendo muito mais com a nossa cultura nativa e tendo que inventar e reinventar muito mais para satisfazer a necessidade do novo”, pontua Diana, que tem os objetivos do Gotazkaen como um mantra: “fomentar e difundir os diálogos sobre arte, cultura e cidadania dentro da Amazônia”. Amém.