CONVERSE APRESENTA IHF ON THE ROAD: MECA INHOTIM 2016
Nossa experiência no maior menor festival do mundo no maior museu a céu aberto do mundo
Publicado em 11/2016
Era início de outubro quando veio o anúncio: MECA em Inhotim. O maior menor festival do mundo estava de volta ao maior museu a céu aberto do mundo, na cidade de Brumadinho, a poucos quilômetros de Belo Horizonte. Desta vez, com dois dias de programação intensa, workshops, oficinas e palestras, além das obras de arte e instalações do parque.
Uma semana antes desse 4 de outubro, estava tudo lindo: a Converse colou com a gente e viajaríamos de motor home. Registraríamos tudo no caminho, viagem cheia de vibe com um pote de Inhotim no final do arco-íris. Bem, "registraríamos", no futuro do pretérito mesmo, aquele tempo verbal do sonhador. A dois dias de pegar a estrada, o cara e o motor home que nos abrigaria sumiram - e só reapareceram lá no estacionamento do parque, levando outra galera. Ok, sem ressentimentos. Liga pra geral e arruma carona em van escolar, carona no carro dos amigos. Corre na rodoviária e compra as últimas passagens do último ônibus Rio - BH daquela noite de sexta-feira.
"Alô, galera do MECA? Tudo bem, queridos? Tem espaço nesse camping aí?". E tinha. Barracas com direito a quarto e "sala", móveis para receber os visitantes, luminária, tomada para carregar o que fosse necessário, ventilador e ele: o chuveiro com água quente, senhoras e senhores!
O rolê estava tão incrível que até a chuva apareceu pra curtir. E, olha, caiu muita chuva naquele 5 de novembro, motivo suficiente para geral colocar as capas de chuva pra jogo, fossem elas as clássicas transparentes ou versões coloridas e estampadas. Tênis se transformaram em verdadeiras obras abstratas com intervenções de barro e lama para os pés incansáveis.
Às 9h30 já tinha workshop começando e vários rolaram ao longo do dia, cada um em um cantinho diferente do Inhotim. Os temas eram os mais diversos: realidade aumentada, temperos, tingimento de tecidos com produtos naturais, crochê, plantas selvagens, meditação, chás, técnicas de respiração, agrofloresta, entre tantos outros.
Quando a noite caiu, Lei di Dai subiu ao palco com remelexo. Recém-chegada de uma turnê foda pela Europa, a rainha do dancehall ragga brasileiro cantou os hits de seus 10 anos de carreira recém-completados.
Logo depois, nossa miga Mahmundi, figurinha fácil nos line-ups do MECA, fez sua estreia em Inhotim. Como foi bonito ver a moça de Marechal Hermes encantar e fazer dançar aquela galera, viu?
Mais novos que boa parte do público do MECA, os meninos da Dônica nos deixaram chocados. Com uma mistura de rock e MPB, os moleques, que têm pouco mais de 18 anos, mostraram uma capacidade e riqueza musical impressionantes. Sabe quando o show está fluindo tão redondinho e envolvente que parece até gravação? Era tipo isso.
No meio do show, ainda tiraram onda e chamaram a grande atração da noite no palco para uma palinha: Caetano Veloso. Maior onda bonita vê-lo à vontade e felizão no palco ao lado do filho, Tom Veloso (que, além de compor, toca violão na Dônica), e seus amigos. Lindeza mesmo.
Para o show que encerraria a noite, Caê preferiu nos encontrar sozinho. Sentou em um banquinho com seu violão no colo e começou a dedilhá-lo. No setlist, aconchegante, músicas clássicas, como "A Luz de Tieta", "O Leãozinho", "Reconvexo", "Força Estranha" e "Tigresa", e outras faixas compostas durante a ditadura militar e a efervescência tropicalista. Parecia que estávamos todos em uma reunião na sala da casa dele, na qual cantávamos em uníssono qualquer música querida que ele tivesse vontade ali na hora.
Acordamos. O chão do camping estava seco. Não ouvíamos barulho de chuva. Abrimos a janela e: SIM! O Sol estava dando as caras! No chão da barraca, inhotime reunido para pensar na programação do dia enquanto tomava café.
No cardápio, apenas iguarias selecionadas: bolinho de chocolate que veio pela metade dentro do pacote lacrado, farofa de ora-pro-nóbis, pão de forma integral temperado com azeite, cominho e salsinha, sucos diversos em temperatura ambiente e ela, a ostra verde - um prato exclusivo composto de conchas de Fandangos de queijo recheadas com um amendoim de casquinha de biscoito sabor cebola e salsa. Criação do Padilha, experimentem em casa.
Aproveitamos o dia sem chuva para conhecer o máximo de Inhotim que conseguíssemos. Paramos em uma oficina de comida árabe e aprendemos a fazer tabule na beira de um dos lagos do parque. A alguns metros dali, caímos nas mesas de acessórios, roupas, cerâmicas e aromas artesanais do Mercado Manual e da oficina de upcycling, que estava rolando na sombra gostosa das árvores.
Na laje da galeria Adriana Varejão, uma oficina de afro, vogue e passinho. No Galpão, a cerimônia do chá. Em frente à instalação de Valeska Soares, que, por sua vez, fica no alto de uma colina com vista para um dos rios artificiais do parque, uma oficina de tarô montada em uma canga sobre a grama. Não muito longe dali, o Jardim dos Sentidos do Viveiro Educador, com plantas e ervas ornamentais, aromáticas e comestíveis, e a Galeria Psicoativa Tunga, com obras impressionantes do artista pernambucano.
Os shows começaram mais cedo, com a música eletrônica delicinha de Serge Erege e da dupla Opala. Em seguida, o paraense Jaloo subiu ao palco. Primeiramente, peço licença aqui para: que pessoa linda! Eu, que nunca o havia visto ao vivo, fiquei uns bons 10 minutos só olhando para o quanto Jaloo é lindo em sua peculiaridade e perfume indígena. Para além da lindeza, o menino sabe fazer a gente dançar, viu? E que energia tem essa mistura de música eletrônica e carimbó! Showzão!
Liniker e os Caramelows encerraram o MECA Inhotim com aquele que foi o meu show favorito, muito por conta da vocalista da banda, devo reconhecer. Liniker tem uma força absurda. Uma energia tão forte e hipnotizante que parece que atrai a gente para perto e não nos deixa outra opção senão admirar seu talento, sua figura, sua desenvoltura no palco e sua identidade tão especial. Ah, ponto importantíssimo: a sinergia incrível de Liniker e seus Caramelows, especialmente a sintonia entre a cantora e a backing vocal, Renata Éssis - não por acaso, uma de suas melhores amigas.
Na volta para casa, o ônibus absurdamente frio só nos deu mais uma certeza: toparíamos FÁCIL mais uma semana inteirinha de MECA Inhotim. Parabéns, galera! <3