Ateliê - O Belizario
Da percussão ao clown e a pintura
Publicado em 06/2020
Antes do carnaval fiz duas visitas ao Somos Um Espaço, residência artística. Encontrei o André Belizario para conversar e registrar um pouco do seu processo artístico. Com a pandemia e as incertezas do período, esperei para publicar as fotos e o texto. Confiraram agora o registro do ateliê do artista pré-pandemia e busquem saber mais sobre suas obras, projetos e trabalhos. Até a próxima, Takayama.
André Aparecido Souza Belizario é um multiartista. Nascido em 1983, no Jardim São Carlos, Zona Sul de São Paulo, de mãe mineira e pai pernambucano, iniciou sua carreira aos 17 anos com estudos em sonoplastia, a partir do contato com o seu mentor, o percussionista uruguaio Jorge Peña.
Com o mestre, aprendeu muito além da percussão. A percepção de Peña sobre os sons, as cores e sensações que eles podem transmitir; sobre a respiração; a arte integrada com a expansão da coordenação motora e da consciência corporal; além das referências musicais de várias partes do mundo trazidas por artistas que frequentavam a casa de Peña para sessões de improviso livre, são responsáveis pela formação da essência artística e humana de André Belizario. Na Cia. Pessoal do Faroeste também estudou a arte clown com o palhaço e ator Luiz Fernando Bolognesi.
Atuando como percussionista em diversos projetos musicais no Brasil e no exterior como, o grupo Sambaqui (ritmos afrobrasileiros), Cia. Ana Esmeralda de dança Flamenca, a roda de samba Pelo Menos Uma Vez Por Mês e outros grupos de samba e choro. O Belizario iniciou sua transição ao campo das artes plásticas em 2017, após uma turnê na Europa com seu trabalho de musicalização infantil (ao lado da cantora e professora Fernanda Lelot / @felelotparacrianças). Até 2018 fizeram mais de 20 apresentações no continente, em diversos países (Portugal, Espanha, Holanda e Bélgica).
O caminho do desenho e da pintura se abriu a partir surgimento do Coletivo Marte (atualmente Somos Um Espaço), na época formado por artistas como Novíssimo Edgar, Renan Soares e Bruno Pastore. As artes visuais, a poesia, a pichação e o grafitti passaram a rodear seus dias e o levaram aos primeiros experimentos em papel cartão. Sua primeira tela (Where Is Gig?) foi feita após o artista se inspirar com as telas pintadas em lençóis da exposição A Força (2018, Olívia Lacerda), organizada pelo coletivo.
Desde então André produziu mais de 100 obras - boa parte em grandes dimensões - em suportes variados como telas, lençóis, capas de sofás e madeiras, além de esculturas em argila e concreto.
O artista descreve o impulso de pintar como algo que vem violentamente. Com isso, um tapete, um envelope ou uma bacia de plástico ao seu redor, servem para experimentar suas criações.
O corpo; o texto em português, espanhol e inglês; o excesso de dados entre cidades imaginadas e vividas (do bairro favelado e rural ao mesmo tempo, das bocas de fumo e vaquejadas, do circo, do desmanche e da represa); o imaginário infantil, a figura feminina violentada e a solidão formam o universo onírico de O Belizario.
Atualmente seus trabalhos estão expostos permanentes no seu ateliê que fica no Somos Um Espaço, no bairro da Saúde em São Paulo.
Para conhecer mais e acompanhar o trabalho:
O Belizario no instagram
Somos Um Espaço no instagram