A CCXP É DELAS
Com diversas obras com protagonistas femininas, a edição de 2019 da CCXP é dominada pelas minas
Publicado em 12/2019
Há algum tempo atrás, se você era mulher e gostava de obras da cultura pop/geek tinha que se contentar com personagens femininas que eram o par romântico de alguém ou uma coadjuvante que usava roupas coladas e provocantes.
Mas os tempos mudaram, a sociedade evoluiu e as produções passaram a focar em personagens femininos empoderados, garantindo uma maior representatividade para nós, mulheres geeks. Amém!
Aqui na CCXP, a mudança também foi vista. O maior evento de cultura pop do mundo trouxe painéis de "Aves de Rapina", filme sobre a Arlequina com um elenco todo feminino, "Star Wars: A Ascensão Skywalker", franquia protagonizada atualmente por uma jedi mulher. Além disso, a feira vai fechar com um dos maiores ícones femininos da cultura pop: Mulher Maravilha.
Como consequência, uma onda girl power tomou conta dessa última edição da CCXP.
Até o início dos anos 2.000, se você era mulher geek não havia muitas representantes femininas com quem se identificar. Isabela Teruel se lembra bem desssa época, e essa é uma das razões dela gostar tanto da Cheetara, uma das personagens de "Thundercats".
"Acho que é um pouco a origem dos personagens femininos mais fortes. Ela sempre teve atitude de tomar a frente da batalha e de guiar um pouco os Thundercats no início da jornada deles. Hoje em dia a gente tem a 'Capitã Marvel', 'Mulher Maravilha'...é uma coisa que antigamente era difícil se pensar. Hoje o empoderamento feminino tá crescendo muito e acho que só tende a crescer cada vez mais"- expõe a cosplayer.
A carioca Tutti Barbosa também vê a mudança como algo positivo. Fissurada em "Star Wars", ela assistiu à trilogia original no cinema, com sua mãe. Naquela época, só havia a princesa Lea de personagem feminino. Hoje, a trilogia que encerra a saga dos Skywalkers tem uma protagonista empoderada para chamar de sua.
"Eu acho que a Lea foi uma das primeiras mulheres importantes numa época que antes era um universo muito masculino. Ela é uma personagem que começou pequena, cresceu e até hoje tem uma força incrível", concluiu a carioca.
Uma das histórias mais marcantes que vimos na CCXP sobre a importância da representatividade foi a de Michele Machado. É a terceira vez que a carioca veio no evento, e dessa vez ela decidiu aparecer por aqui vestida de Fiona.
Mas por que?
"A Fiona sou eu purinha. Ela é uma princesa do avesso. Todo mundo pensa que uma princesa tem que casar com um príncipe, bonitão. E ela escolheu casar com um ogro, e virou uma ogra", explica Michele. Pra ela, Fiona representa bem essa mudança na retratação das mulheres:
"Quando eu era adolescente praticamente não existia mulher forte. Comecei a fazer cosplay só com 35 anos. Hoje tenho 41, e está bem melhor de opção de personagem feminino."
Outra que deu as caras pela feira foi a Batgirl. Aline Finchi é cosplayer e escolheu a personagem pelo que ela representa:
"Ela é uma puta mulher, muito forte e muito foda. Quando eu comecei a fazer cosplay em 2013 praticamente não tinha personagem mulher. E hoje em dia a mulher faz o que ela quiser. Antigamente mulher era muito personagem secundário. Era mais a peitudona da comic que você lia. Hoje em dia temos comics só de mulher. Agora a gente é foda"
A cultura pop dita a tendência e tem o potencial de educar uma nova geração sobre a importância da representatividade. Feminismo não é mimimi. É a diferença entre se sentir incompreendida ou acolhida dentro do seu universo favorito. =)