Com mais um aniversário chegando, resolvemos que era hora de contar a história do I Hate Flash com um pouquinho mais de sentimento. De maneira totalmente pessoal, alguns dos nossos fotógrafos contam o que o coletivo representa para eles.
Não tenho ideia de como começar a contar a minha história dentro deste grupo, não irei chamar de empresa ou coletivo, muito menos de negócio ou trabalho. Claro que trabalhamos - óbvio -, claro que recebemos para fazer isso, mas apesar das noites mal dormidas, da correria para entregar um set no prazo, das brigas e dores de cabeça, do estresse ocasionado por tudo isso, eu teimo em dizer que o que fazemos é "lazer". Mas acredite, quando eu digo estas aspas não estão aí por acaso.
A ideia dentro do IHATEFLASH sempre foi registrar a nossa noite. Desde que o Fernando me convidou para fazer parte da equipe - junto com outros dois meninos Kenny Hsu e Fabio Giolitto, que já saíram faz tempo - nós tínhamos a intenção de usar a câmera como ferramenta mnemônica, ou seja, usar para lembrar aquilo que o álcool não nos permitia. Simples assim, pelo menos na minha cabeça. Acabou que começamos a registrar os nossos amigos, porque esses, por sua vez, ficavam até mais bêbados do que nós e obviamente faziam parte da nossa noite. Então começaram a nos convidar para registrar amigos de amigos e depois amigos de amigos de amigos de amigos de amigos de amigos...Nessa época eu tinha 17 anos mais ou menos.
Antes disso, com 16 anos, o Fernando, meu irmão prostético, falou "cara, compra uma câmera, vamos começar a fotografar, eu te ensino o que você quiser saber." E aí eu comprei minha primeira câmera, uma E500 da Olympus na qual aprendi quase tudo que sei hoje - não que isso seja muita coisa - e começamos a fotografar os lugares que íamos como eu falei ali em cima.
O IHATEFLASH passou por maus bocados. Já esteve em uma situação em que haviam apenas dois fotógrafos, eu e o Fê, e surgiu um problema: eu ia me mudar para São Paulo, fazer faculdade. Então um amigo de épocas negras da minha vida apareceu, o meu lindo Rodrigo Esper. Eles se conheceram e um sopro de ar foi dado no nosso "grupo" e eu vim para São Paulo onde também instalei o IHATEFLASH.
É aqui que eu queria chegar, em São Paulo. O IHATEFLASH não tem 5 anos, tem mais do que isso. Nós criamos o site há 5 anos, mas fotografamos há no mínimo 6. Desse tempo fazem 4 anos que moro em São Paulo e aqui construi uma equipe e comecei a procurar lugares para fotografarmos, etc. Foi bem difícil especialmente porque naquela época ninguém em SP sabia quem nós éramos. Então vinha um muleque de 19 anos barbudo, tatuado, falando "po, quero fotografar a sua festa, custa tanto" o cara ria da minha cara e me mandava pra casa. Aí conheci o Paixão e o Luizão, o Gustavo veio do Rio, o Nomoto foi indicado pelo Esper, o Ariel veio atrás da gente e agora o Wesley pelego. Gradualmente fomos crescendo e tentando conquistar as mais variadas cenas às quais nós nos interessávamos. Eu e Gustavo íamos nos rolês punks. O Paixão era da turma da Voodoohop junto com o Ariel. O Luizão e o Nomoto faziam de tudo, mas sempre curtiram metal. E o Wesley não importa.
Mas eu to aqui pra falar da minha experiência no IH8F e a minha experiência no IH8F é em grande parte a minha vida em São Paulo, cidade que me acolheu, onde eu conheci a minha mulher, onde eu fiz grandissíssimos amigos, onde eu moro com mais 4 pessoas num apê de dois quartos, onde eu comecei a pedalar de verdade, onde eu conquistei muita coisa para um menino de 23 anos.
Os shows que eu vi, as festas e lugares que eu fui, as pessoas que eu conheci, a independência que eu conquistei. Tudo isso foi quase inteiramente graças a esse grupo de amigos que me ajudou e apoiou e me guiou esse caminho todo. Uma coisa é sem dúvida: Sem essas pessoas do meu lado nada disso teria sido possível. Aguentaram meu mau humor, minha grosseria, minha falta de paciência, minhas piadas inoportunas, meu ego, minha mal-criação e me endireitaram, me deram bronca, me chamaram a atenção. Ou seja: Pra mim IHATEFLASH não é um trabalho, é uma família. Da forma mais piegas possível eu os amo.
Eu poderia falar de casos e mais casos aqui, as coisas que passamos juntos e separados, as cenas que vimos, as situações que nos botamos. Mas não, com certeza não, se você quiser ouvir eu falar mais alguma asneira me pergunte ao me encontrar por aí. Provavelmente eu não vou te responder, mas se quiser pode tentar.