Com mais um aniversário chegando, resolvemos que era hora de contar a história do I Hate Flash com um pouquinho mais de sentimento.
De maneira totalmente pessoal, alguns dos nossos fotógrafos contam o que o coletivo representa para eles.
Cinco anos é um período de tempo bem considerável. Esse tempo representa uma completa transformação quando se é mais jovem: aparência, gostos, conceitos e idéias. Já depois, com os anos e as experiências acumuladas, parece que as histórias todas se misturam, e esse tempo perde um bocado da relevância.
Digo isso porque foram tão intensos, enriquecedores e emocionantes, que dá pra afirmar tranquilamente que meus últimos 5 anos passam a impressão de terem sido todo o tempo da minha vida.
Durante um período bem longo estive naquela frustrante busca para "me encontrar". Estudando diversas áreas, tendo várias profissões, e dezenas de anseios, no desespero/ingenuidade de conseguir me tornar um desses profissionais criativos do novo milênio. Após várias tentativas, algumas frustadas, outras lindas, acabei esbarrando no I Hate Flash, um coletivo de caras bacanas, que estavam começando a desenvolver um projeto "bem legal".
Esse "projeto legal" acabou tomando conta da minha vida, dia e noite, dormindo ou acordado. Se transformou, se adaptou, se moldou nos desejos dos seus participantes, se desdobrou para atender ao mercado, e hoje é um beholder de infinitas cabeças. Essa empresa-monstro se tornou meu bem mais precioso, pois tornou possível a realização do meu maior sonho: Se tornar um autêntico e profissional storyteller.
Dei meus primeiros passos nessa história curioso, sugando o que podia dos outros fotógrafos. Técnica, postura, estilo, tudo era novidade, estava mudando, se adaptando, não haviam regras, mas sim uma constante busca. Era tudo que eu procurava, um projeto para crescer junto.
Estimulado pelo trabalho dos outros membros da equipe, cai na inevitável armadilha que todo mundo que foi entrando depois também cairia: Cada upgrade, conquista e melhora de cada um, sempre acaba virando um desafio para todos os outros. Em uma equipe demente, cheia de profissionais workaholics, com apetite criativo insaciável, essa competição é uma histeria interminável.
Essa panela de pressão, porém, é regada de momentos felizes. Cada conquista individual agrega valor ao time, dá mais força ao coletivo. Todo mundo se sente impulsionado, mais instigado. E isso é sensacional, é a fórmula mágica do I Hate Flash. A nossa demência coletiva!
Falar de todos os momentos vividos, nesses mais de 1800 dias de festa, é impossível. Mas admito ter enchido os olhos d'água na retrospectiva. As primeiras grandes coberturas de festivais foram conquistas inacreditáveis, quando não tínhamos nem 3 anos de existência. Os projetos que emplacaram quando achávamos que ninguém compraria idéias tão fora do comum. Rever mensalmente as próprias fotos, e notar uma apuração constante de técnica e pegada. As pessoas, os lugares, os shows, é tudo tão incrível que puta que pariu, dá um aperto.
Mas o mais extraordinário é saber que daqui pra frente só vem novidade. É impossível predizer o que vai ser, o que vamos estar fazendo, aonde estaremos, em que furadas vamos nos meter. O monstro cresce, as cabeças se multiplicam, a ansiedade toma conta, mas a máquina não para nunca. Todas as horas de todos os dias, só uma coisa importa: Qual é a próxima aventura?
Bem, cinco anos, cinco de algumas das minhas histórias favoritas:
. Da vez em que duas centenas de malucos compraram a idéia mais escrota do mundo, e se fantasiaram para jogar um campeonato de queimado.
http://ihateflash.net/set/1-i-hate-flash-outside-party-campeonato-de-queimado-a-fantasia
. Da primeira vez que fui à Europa, e estava absurdamente deslumbrado com Barcelona, e fui em uma das casas de show mais maneiras da vida, e vi um dos shows mais empolgantes que já peguei, e resolvi ligar o modo de filmar da minha câmera, e vi que até tinha jeito pra coisa.
http://ihateflash.net/set/bloody-beetroots-death-crew-77-ft-dennis-lyxzen
. Da vez em que fui até o outro lado do mundo, e fiquei atordoado quando vi que um monte da cultura que se consume na internet existe de fato.
. Quando fui pela primeira vez ao Reading Festival, e fiquei absolutamente sem palavras pra descrever o que diabos estava acontecendo. Especial carinho pelo momento que estava lá curtindo, perdido e sozinho, vestido de dinossauro, dançando que nem um desgraçado no meu primeiro show do Madness.
http://ihateflash.net/set/reading-festival-11
*Pqp, to quase chorando. t-t
. E, por fim (mas pra por um fim, e não por que acabaram as histórias), da vez em que olhei em volta e, mesmo exausto, senti muito, mas muito orgulho mesmo de ter ajudado a construir a equipe mais maneira da porra desse Brasil. Foda-se a polícia da humildade !