#5anos | Duarte
Lições demais pra pouco tempo de casa.
Publicado em 08/2013
Registro com personalidade, aprimoramento coletivo, ~zuêra~ sem limites.
O I Hate Flash foi uma das paradas mais importantes que já aconteceram na minha vida e o que mais me estimula a continuar dando o sangue diariamente por aqui está nesses três pilares.
A minha ligação com todo o projeto é muito maior e mais intensa do que eu vou conseguir descrever nos próximos parágrafos, mas prometo que darei o meu melhor - e pra isso terei que fazer uma rápida retrospectiva. Se rolar uma lágrima, finge que não viu.
Comecei a fotografar com 17 anos, quando entrei na faculdade de jornalismo e queria resenhar os shows das minhas bandas preferidas, ilustrando os textos com as minhas próprias imagens. Meu primeiro "emprego" foi no núcleo de comunicação do Coletivo Goma, um espaço cultural por onde circulavam uma porrada de bandas do Brasil inteiro - e que também produzia algumas festas iradas.
Não rolava grana, mas foi uma experiência fudida, um grande laboratório criativo, que me ajudou a encontrar a minha identidade como fotógrafo e me encorajou a criar o meu próprio site de fotos de festas / shows / festivais de música / eventos que eu curtisse: o Fiesta Intruders.
Por dois anos e meio, morando numa cidade no interior de Minas Gerais, alimentar sozinho o Fiesta Intruders com "fotos espontâneas de festas muito loucas" (acho que era como geral me descrevia o site, haha) me fez conhecer vários lugares no Brasil (de Belém a Xangri-lá), me relacionar com a cena de cidades diversas, abrir o meu próprio clube em Uberlândia pra sediar as festas que eu queria fotografar e ter a certeza de que daria pra viver de fotografia dali pra frente.
Ah, mais importante do que tudo isso: fazer amigos pra vida inteira. Dois deles foram o Esper e o Fernando. Sim, é aí que entra o I Hate Flash.
Eu sempre olhei pro I Hate Flash com máximo respeito. Acompanho desde a época em que as capas do sets eram rabiscos do Fernando e achava um site foda, com um estilo muito característico, fazendo a cobertura certa dos momentos certos.
Além disso, sempre me identifiquei muito com quem parecia estar atrás das lentes: fotógrafos workaholics e constantemente bêbados, numa fase profissional muito semelhante à minha - ralando brabo e aprendendo pra caralho. Isso numa proporção Rio-SP, ou seja, o IHF já lidava com um monte de clientes legais apesar da pouca idade. Do lado de cá, eu estava muito empolgado com o site que tinha criado, mas por muito tempo fui o único fotógrafo do projeto e comecei a pensar que trabalhar mais coletivamente me faria um bem gigante.
Pensava naquela história de integrar uma equipe foda, vibrar com os acertos e discutir os erros de geral, tropeçar e comemorar junto. E pelas ideias que trocava com o Esper e o Fernando frequentemente, fazer parte do I Hate Flash parecia se tornar uma possibilidade maior a cada dia. Até que, logo depois do Fashion Rio, em setembro de 2012 (evento que cada um dos lados cobriu pra seu próprio veículo), eu senti a necessidade de propôr uma reunião. E, por mais improvável que pareça, eles também. Um caso de amor e timing que eu nunca vou esquecer. Estava feita a merda.
Entrei definitivamente para o I Hate Flash e, desde então, as coisas não pararam de acontecer. Meu primeiro set foi em novembro de 2012, faz nem um ano que estamos aqui - mas o que eu aprendi desde então foi muito mais do que uma faculdade ou qualquer estágio me ensinou. No sentido prático: tô claramente rodeado dos melhores fotógrafos de festas do Brasil, impossível não aprender todos os dias e seguir amadurecendo a técnica e o estilo constantemente. No sentido humano: a sintonia e o carinho entre nós é coisa de outro mundo, fora o respeito e a cumplicidade com que conduzimos todas as relações - seja dentro da equipe ou com os clientes e o nosso público.
Difícil falar disso sem cair no clichê que vai permear todos os posts dessa série, mas a maior verdade de todas é essa mesmo: somos uma verdadeira família e, se estamos cada vez maiores, é porque ninguém aqui economiza suor e horas de sono.
É muito foda perceber como o I Hate Flash evoluiu de uma brincadeira pessoal e despretensiosa para um projeto autêntico de referência nacional. As explicações devem ser muitas, mas quem trabalha nas engrenagens com certeza tem um veredito em comum: o ambiente de trabalho.
A equipe se auto-estimula constantemente, todo mundo se sente à vontade pra contestar qualquer decisão, a liberdade criativa é uma regra e as conquistas são comemoradas como se não houvesse amanhã (porque comemorar é com a gente mesmo).
Sei lá, o clima aqui é efervescente sempre, são lições demais pra pouco tempo de casa.
No final das contas, boto tanta fé nesse bando de flash haters que não é exagero dizer que eles são os maiores culpados por uma nova fase da minha vida. Tô partindo de Uberlândia e me mudando pra São Paulo porque acredito que a gente ainda tem muito mais espaço a ser conquistado por lá. Separar as fotos pra esse post e lembrar de todas as emoções que já vivi dentro dessa empresa me deu ainda mais certeza disso.
Cinco anos de I Hate Flash são seguramente só o começo, viemos definitivamente pra ficar. E pra eternizar momentos pelos quais você ainda vai nos agradecer muito - ou não! :)